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Quando Raul Plassmann, secretário municipal de Esporte, afirmou que a 10.ª Maratona Internacional de Curitiba se diferenciava do restante das provas pelo mundo por ser "para a grande maioria, e não apenas para um número restrito de atletas", o ex-goleiro tentava justificar o fato de não haver corredores de elite inscritos na competição paranaense.

No entanto, em uma interpretação mais ampla, a definição bem poderia se transformar no conceito da competição daqui para frente. Pela primeira vez desde a sua criação, em 1997, uma edição da Maratona de Curitiba não se restringirá à tradicional corrida de 42,195 quilômetros.

Em 2006, a organização curitibana decidiu incluir duas versões menores da corrida, em uma tentativa de levar um pouco do público que ficava torcendo nas calçadas para as ruas. Nasceram a corrida de 10 quilômetros e a caminhada, que serão realizadas logo após a prova principal.

"Os 10 quilômetros são para quem gosta de correr, mas não se prepara muito. E também tem gente que simplesmente não gosta de correr 42 quilômetros", justifica Neimar Oliveira dos Santos, diretor da prova. "A caminhada já é para quem não se animou mesmo a correr", brinca.

O sucesso com o acréscimo pôde ser constatado no número de inscrições. Só não triplicou pela falta de kits para os atletas. No ano passado, foram 1.650 inscritos; agora, até a tarde de ontem, o número já estava em 3.850. Além do aumento na corrida principal, que tem confirmados 2.200 competidores, um recorde, ainda há mais 1.150 inscritos nos 10 km e 500 na caminhada.

Um dos atletas estreantes será o professor, músico e designer Luiz Antônio Salgado, 44 anos, que nas horas vagas ainda arranja um tempo para correr. Participante assíduo das corridas de 10 quilômetros organizadas pela prefeitura, nunca havia disputado a maratona exatamente pela distância. "Sou um amante da corrida, não um atleta profissional. Para mim, o desafio é comigo e não o de vencer os outros", afirma.

Outra característica verificada na edição deste ano é um aumento no número de mulheres à medida em que vai diminuindo o grau de dificuldade da prova. Enquanto na maratona participarão 85,5% de homens e 14,5% de mulheres, na corrida de 10 km a proporção cai para 72% a 28%. Na caminhada, chega a haver uma inversão: 62% de mulheres contra 38% de homens.

Quem ajuda a explicar o fenômeno é a aposentada Rita Matsuuchi, de 65 anos. Acostumada a caminhar pelo parques da cidade, mas sem preparo para uma corridinha, agora ela terá a chance de sentir a emoção de participar de uma "competição".

"Vamos poder caminhar junto dos atletas profissionais", diz.

Na caminhada não há vencedores, mas se dona Rita terminar a prova, receberá uma medalha para mostrar aos netos, coisa que não ocorre em suas andanças matinais.

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