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Hernanes era um garoto de 15 anos que jogava bola descalço nas ruas do Recife quando viu a seleção brasileira, liderada pelo mesmo Ronaldinho, ser eliminada por Camarões em Sydney-2000. Naquele dia, o armador do São Paulo colocou na cabeça que ainda iria defender o país em Jogos Olímpicos e resgatar a honra abalada na Austrália.

A passagem explica o abatimento do jogador após a derrota por 3 a 0 para a Argentina. Uma vez mais, a inédita medalha de ouro não terá as cores verde e amarelo. "Estou arrasado", disse, tendo no rosto a decepção pelo fim do sonho de menino.

O semblante de Hernanes se reflete nos demais atletas. Ninguém admite publicamente, mas o revés sacramentou o fim da Olimpíada para o time de Dunga. Ou quase.

Antes de voltar para casa, porém, a seleção precisa juntar os retalhos e enfrentar a Bélgica, sexta-feira, em Xangai. Só não dá para classificar o duelo como para cumprir tabela porque vale a medalha de bronze, a mesma conquistada em Atlanta-96 pela geração de Ronaldo, Dida e Juninho Paulista. Daquela vez, o tombo foi tão grande que o grupo não participou da cerimônia oficial de premiação – os jogadores preferiram receber a medalha logo após a vitória sobre Portugal e deixaram um imenso e constrangedor degrau do pódio vazio.

Segundo a assessoria de imprensa da CBF, o gesto não deve ser repetido. Se derrotar a Bélgica, em Xangai, a delegação vai a Pequim no sábado para participar da festa de premiação.

É contra todo esse clima de frustração que a seleção joga. Dunga terá pouco mais de 48 horas para dar uma injeção de moral no elenco. Afinal, não subir no pódio acarretaria em prejuízos ainda maiores para o já contestado time. "Trabalhei muito para ser campeão. Só Deus sabe como este título era importante para mim. Mas não deu. O jeito é tirar força não sei de onde para conquistar esse bronze", ressaltou Hernanes. "Sair sem nada seria uma tragédia".

Os poucos jogadores que aceitaram conversar com a imprensa após a derrota de ontem seguiram a mesma linha do são-paulino. "Não temos outra saída. É se recuperar, entrar em campo e vencer", afirmou o atacante Alexandre Pato, que independentemente do que acontecer contra a Bélgica, sai por baixo dos Jogos por ter perdido a titularidade para o ex-companheiro de Internacional, Rafael Sóbis. "Estou feliz por ter representado o meu país. Não tenho como obrigar o Dunga a me escalar", disse o paranaense de Pato Branco.

O Brasil coleciona problemas para a decisão do terceiro lugar. Thiago Neves e Lucas foram expulsos contra a Argentina; Breno e Rafinha receberam o segundo amarelo. (CEV e MR)

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