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O brasileiro César Cielo não deu chance para os rivais nos 50 metros livre em Pequim: além do ouro inédito para o Brasil na natação, ainda quebrou o recorde olímpico nas três últimas vezes em que pulou na piscina para a prova em que é especialista. | Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo0
O brasileiro César Cielo não deu chance para os rivais nos 50 metros livre em Pequim: além do ouro inédito para o Brasil na natação, ainda quebrou o recorde olímpico nas três últimas vezes em que pulou na piscina para a prova em que é especialista.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo0

Nadador pediu e CBDA bancou técnico de fora

No começo do ano olímpico, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) permitiu um desejo a cada um dos seus nadadores de ponta: Thiago Pereira, Kaio Márcio, Nicholas Santos e César Cielo. Os três primeiros pediram períodos de treinamento no exterior. Cielo, que já vive fora do Brasil, fez outra reivindicação: levar para Pequim seu técnico, Brett Hawke. Acertou em cheio.

O trabalho na Universidade de Auburn (EUA) com o australiano de 33 anos, sexto colocado nos 50 m livre em Atenas-2004, colocou Cielo entre os principais velocistas do mundo. A afinidade foi tamanha que a CBDA não teve dúvida ao aceitar o pedido do nadador, mesmo com o histórico de desentendimentos entre treinadores nacionais e estrangeiros na Olimpíada de Sydney, em 2000. "Vou botar minha cara a tapa e talvez leve chumbo dos treinadores nacionais, mas decidi convocar o Brett para treinar o Cielo em Pequim", disse o diretor técnico da CBDA, Ricardo Moura. Nos últimos dias, dirigente e nadador tiveram certeza de que valeu a pena.

César Cielo não vinha dormindo bem desde a conquista da medalha de bronze nos 100 metros livre, na quarta-feira. Depois de colocá-la no peito e inaugurar a nova fase da natação brasileira em Olimpíadas, teve muitas dificuldades para pegar no sono. Estava ansioso.

Foi assim no meio da tarde que dividiu a final e a eliminatória, na quinta. Também a noite que o levou até a semifinal foi recheada de pequenas reflexões noturnas, ao invés do sono desejado. A rotina se repetiu na véspera da final.

Mas se para a maioria dos atletas esse seria um fator negativo, para o nadador brasileiro tem efeito diferente. Cielo fica pilhado, o que aumenta o seu poder dentro da piscina. O brasileiro não esconde que é assim que rende o melhor.

Ele mesmo força o estado nos momentos que antecedem o tiro de partida. Se estapeia enquanto, em seu Ipod, ouve repetidamente o tema de abertura do reality show The Contender – programa de televisão apresentado pelo ex-boxeador Sugar Ray Leonard, no qual pugilistas amadores se enfrentam até a definição de um só campeão. A música é muito parecida e tão inspiradora quanto o conhecido tema de Rocky, um lutador.

"Para a prova dos 50 m livre tenho de entrar pilhado, subir na baliza já pegando fogo. É para acordar o corpo mesmo, por isso que eu me estapeio. Não é um ritual, mas tem uma trilha sonora que eu escuto direto antes da prova", contou.

Na manhã de ontem, escreveu em seu blog, hospedado no portal Terra, um texto que resumiu bem o seu grau de concentração para a final olímpica. "Eu sempre falo que a minha prova é uma definição de 21 segundos. É uma vida em 21 segundos. É concentração total, meu corpo está bom, e a minha cabeça tem que estar bem agora, é foco total no que eu tenho que fazer", disse, para logo depois revelar qual seria a estratégia que acabou o levando ao pódio. "Eu não vou ficar vigiando ninguém. Vou fazer a mesma coisa que fiz nos 100 metros, me concentrar apenas na minha prova, acho que isso pode fazer a diferença."

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