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Natália Falavigna, primeira medalha do Brasil no tae kwon do. | Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo
Natália Falavigna, primeira medalha do Brasil no tae kwon do.| Foto: Jonathan Campos, enviado especial/ Gazeta do Povo

Paraná retrocede e fica sem ouro

O Paraná sai de Pequim sem nenhuma medalha de ouro para comemorar. Um retrocesso em relação aos Jogos Olímpicos de Atenas. Há quatro anos, a Grécia consagrou o curitibano Emanuel no vôlei de praia; Giba, de Londrina, e Serginho, de Diamante do Norte, no vôlei.

Outro paranaense, Vanderlei Cordeiro de Lima, de Cruzeiro do Oeste, virou herói. O atleta liderava a maratona quando o ex-sacerdote Corneluis Horan, um fanático religioso irlandês, invadiu a pista para abraçar e derrubar o brasileiro. Vanderlei perdeu duas posições, fechando a corrida com a medalha de bronze. Notícia em todo o mundo, o maratonista recebeu do Comitê Olímpico Internacional (COI) a medalha Barão Pierre de Coubertin, em homenagem ao seu espírito olímpico.

Na China, as esperanças do estado não brilharam. Favorito para repetir o título ao lado do parceiro, o baiano Ricardo, Emanuel foi surpreendido na semifinal pelos compatriotas Márcio e Fábio Luiz. Restou o bronze como prêmio de consolação. "Há dois dias eu sofri muito. Mas depois da tristeza sempre vem o sol. É muito importante ganhar uma medalha para o nosso país", afirmou o curitibano.

No vôlei de quadra, Giba, Serginho e Samuel sucumbiram ante a má fase técnica e o poderio dos Estados Unidos, o algoz na decisão. "Desta vez não deu certo", resumiu o londrinense.

A derrota da equipe de Bernardinho era até certo ponto previsível. A derrota que mais doeu foram das meninas do futebol, Andréia Suntaque (Nova Cantu), Renata Costa (Assaí) e Simone Jatobá (Maringá). Um gol na prorrogação, marcado pela americana Carli Lloyd, acabou com a pretensão do trio de entrar para a história com a medalha dourada. "Estou satisfeita com a prata", resignou-se Simone.

Já o time de Dunga, dos paranaenses Rafinha (Londrina), Thiago Neves (Curitiba) e Alexandre Pato (Pato Branco), caiu diante da rival Argentina nas semifinais, adiando outra vez mais a conquista do inédito ouro.

O Paraná ainda voltou ao pódio com Natália Falavigna, bronze no tae kwon do, melhorando em uma posição sua colocação final obtida em Atenas. "É meu, é meu", gritava a maringaense radicada em Londrina após o triunfo sobre a sueca Karolina Kedzierska. (CEV e MR)

Deserções minam delegação cubana, e Brasil fica pela 1ª vez à frente dos caribenhos

O Brasil passou bem longe de brigar com China, Estados Unidos e Rússia pelo pódio no quadro geral de medalhas, revelando que tem muito ainda a se desenvolver no campo esportivo. Porém, há algo a se comemorar que vai além das 15 premiações – três ouros, quatro pratas e oito bronzes.

Pela primeira vez na história a delegação nacional encerra sua participação em Olimpíadas ganhando de Cuba, a referência em esportes na América Latina. Graças aos critérios do Comitê Olímpico Internacional (COI), que dá um peso diferenciado às medalhas douradas, o cálculo final garantiu ao Brasil a 23ª colocação, cinco posições acima dos compatriotas de Fidel Castro. No placar por ouros, 3 a 2 para o lado verde-e-amarelo. No geral, 24 a 15 a favor dos caribenhos.

Os cubanos voltam para a ilha carregando somente duas medalhas douradas no pescoço, com Dayron Robles no 110 metros com barreira – aproveitando-se da lesão do chinês Liu Xiang, o favorito para a prova – e Mijain Lopez, na luta greco-romana. Pouco se comparado com Atenas-04, quando o país foi o primeiro da América Latina, com nove ouros. Quase nada se o parâmetro for o quinto lugar geral em Barcelona-92, com 14 ouros, 6 pratas e 11 bronzes.A queda é reflexo imediato das deserções. Boa parte dos superatletas da ilha, cansados de viver sob as ordens de Fidel e mirando os dólares que uma transferência pode resultar, buscou refúgio em outros centros. A atacante de vôlei Taismary Agüero, por exemplo, defendeu a Itália nesta edição dos Jogos Olímpicos. Os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, dois ouros certos em Pequim, desertaram durante o Pan do Rio, voltaram para casa, mas não receberam o perdão do comandante-em-chefe.

Doente, em casa, Fidel esbravejou contra os "irmãos que aceitaram se vender aos imperialistas".

"Não é só no beisebol que tem lugar para a agressão imperialista. Há alguns meses, parte de nossa equipe masculina de futebol se deixou levar pela traição dos Estados Unidos, reduzindo as expectativas de Cuba internacionalmente neste esporte. Uma atleta olímpica de judô que quase ganhou a medalha de ouro foi subornada. Comprando nossos atletas, nos roubaram cinco medalhas de ouro seguras no boxe. Trata-se de um ataque contra Cuba, roubando-nos cérebros, músculos e ossos", escreveu em uma das suas reflexões semanais no jornal Granma.

O Brasil, contudo, não tem nada a ver com isso. (CEV e MR)

  • Ketleyn, bronze inédito no judô.
  • Isabel e Fernanda: bronze na vela.
  • Maurren Maggi: primeiro ouro feminino do Brasil em competições individuais.
  • Fofão encerrou a vitoriosa carreira na seleção com o ouro olímpico no vôlei.

A bonita festa de encerramento da Olimpíada de Pequim, realizada ontem, no Ninho de Pássaro, deixará na lembrança dos brasileiros, ao menos nos próximos quatro anos, uma das melhores campanhas do país em toda a história dos Jogos.

Com 15 medalhas no total, o desempenho igualou o número de pódios em Atlanta-96. Pequim, contudo, foi melhor em grau de importância. Nas duas edições o país conseguiu três ouros, mas na China foram quatro pratas contra três obtidas nos Estados Unidos. Mais medalhas douradas, só há quatro anos, em Atenas – cinco.

Cansadas de ver os homens fazerem a festa olímpica nacional, dessa vez quem puxou a fila foram as mulheres. Nunca tantas medalhas foram obtidas pelo elenco feminino. Ao todo, seis.

Dois ouros inéditos, com Maurren Maggi, no salto em distância, e no vôlei feminino. Uma prata com o futebol. E três bronzes, todos inéditos, com Natália Falavigna (tae kwon do); Fernanda Oliveira e Isabel Swan (vela); e Ketleyn Quadros (judô).

"Conquistamos três ouros inéditos (natação, salto em distância e vôlei feminino) e as mulheres, antes sempre apagadas, tiveram um desempenho fantástico. Resumindo: esta foi a melhor participação do Brasil em Jogos Olímpicos", comemorou o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.

Claro, poderia ter sido bem melhor. Mas parece que ainda falta algo para que os atletas do país possam se sentir mais seguros em freqüentar tantas finais de uma só vez e vencê-las. Ao todo, o Brasil disputou o ouro em 38 oportunidades. Mas cansou de perder medalhas por detalhes.

Às vezes por centésimos de segundo, como nas duas provas do revezamento 4x100 m no atletismo. Outras, por deslizes inexplicáveis, como na apresentação de Diego Hypólito, que tombou no seu último salto, quando já estava pronto para agradecer as palmas do público. Ou mesmo Jade Barbosa, que caiu tanto no solo quanto no salto.

A ginasta escancarou o principal inimigo brasileiro na China, e que terá de ser vencido em Londres-2012: o nervosismo.

"Estou aliviada por tudo isso ter acabado", afirmou Jade, logo após disputar suas provas. Na declaração, mostrou também como o investimento para o desenvolvimento no esporte causou um efeito colateral até então desconhecido.

Ao todo, foram aplicados R$ 1,2 bilhão no ciclo olímpico de Pequim somente pelo governo federal. Contudo, um pouco do dinheiro até 2007 foi pulverizado em virtude de o país ter participado das 47 modalidades no Pan, por ser sede da competição.

Nuzman deu uma entrevista coletiva ontem, na Casa Brasil, em um horário pouco propício para os jornalistas, logo após a final do vôlei masculino. Ou seja, garantiu pouco quórum e, conseqüentemente, poucos questionamentos.

No entanto, nem seria preciso estar lá para ver que houve um pouco de exagero na comemoração do dirigente. "Os únicos países que melhoraram o desempenho em relação à Olimpíada de 2004 foram China e Grã-Bretanha, isso se considerarmos as medalhas de ouro. Potências como EUA e Austrália não tiveram o mesmo rendimento", afirmou Nuzman.

E a referência é essa. O Brasil estaria no grupo debaixo. Afinal, em Atenas foram conquistados cinco ouros contra os três de agora. É claro que não vale contar todos os que bateram na trave.

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As medalhas

Das 15 medalhas do Brasil em Pequim, sete foram de alguma forma inéditas.

Ouro

César Cielo – Com direito a recorde olímpico (21s30), o paulista de Santa Bárbara D´Oeste venceu os 50 m livre. Foi a primeira medalha de ouro da natação brasileira em Olimpíadas.

Maurren Maggi – Após ficar três anos sem competir por causa de doping e para cuidar da filha, Sofia, a saltadora deu a volta por cima. Venceu o salto em distância com um pulo de 7,04 m, apenas um centímetro além da russa Tatyana Levedeva, campeã olímpica em Atenas. Foi o primeiro ouro individual feminino do Brasil.

Vôlei feminino – Uma campanha quase perfeita – oito jogos, oito vitórias, 24 sets vencidos, apenas um perdido – enterrou todos os fantasmas de uma equipe que tinha fama de amarelona. Primeiro ouro olímpico brasileiro em esportes coletivos com as mulheres.

Prata

Robert Scheidt/ Bruno Prada – A dupla chegou à última regata da classe Star com chances remotas de ir além de uma medalha de bronze, mas contou com erros do barco sueco para terminar em segundo. Scheidt é o único brasileiro com medalha em quatro Olimpíadas diferentes: dois ouros (96 e 2004) e duas pratas (2000 e 2008).

Futebol feminino – A prata mais dolorosa em Pequim. Favorita ao ouro, mais uma vez a seleção feminina sucumbiu perante as americanas e repetiu o vice-campeonato de Atenas.

Márcio/ Fábio Luiz – Última dupla a se classificar, eliminou os campeões olímpicos Ricardo e Emanuel na semifinal. Na decisão, caiu perante os americanos Rogers e Dallhausser.

Vôlei masculino – O time mais vitorioso da história do vôlei mundial não conseguiu encerrar seu ciclo com o bicampeonato olímpico. Perdeu a final para os Estados Unidos.

Bronze

Ketleyn Quadros – A primeira medalha do Brasil em Pequim, no judô (até 57 kg), foi também a primeira das mulheres do país em disputas individuais.

Leandro Guilheiro – O judoca da categoria até 73 kg repetiu o desempenho de Atenas, ganhando o segundo bronze da carreira.

Tiago Camilo – O Mr. Ippon não conseguiu converter em ouro olímpico o título mundial na categoria até 81 kg. Contou com uma conversa por telefone com o irmão Chicão Camilo, também judoca, para reunir forças e ganhar o bronze.

César Cielo – O nadador abriu o caminho para o ouro nos 50 m livre ao ganhar o bronze nos 100 m.

Fernanda Oliveira/Isabel Swan – Mais uma medalha inédita para as mulheres: a primeira delas na vela, na categoria 470.

Ricardo/ Emanuel – Os campeões de Atenas perderam a chance do bi ao caírem na semifinal, contra os compatriotas Márcio e Fábio Luiz. Na disputa do bronze, superaram os "brasigeorgianos" Jorge e Renatão.

Futebol masculino – O sonho do ouro esbarrou na Argentina. Como consolo, o bronze, conquistado com um 3 a 0 sobre a Bélgica.

Natália Falavigna – Quarta colocada em Atenas, a paranaense levou o bronze na categoria pesado no penúltimo dia dos Jogos. Foi a primeira medalha brasileira no tae kwon do.

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