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Iris Tang Sing foi bronze no Pan-Americano de Toronto. | Saulo Cruz/Exemplus/COB
Iris Tang Sing foi bronze no Pan-Americano de Toronto.| Foto: Saulo Cruz/Exemplus/COB

A primeira vaga de uma atleta do taekwondo brasileiro à Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro tem um quê de rebeldia. Tudo por conta de uma decisão de Iris Tang Sing tomada bem antes de deixar Itaboraí, cidade natal, no interior do Rio de Janeiro, para percorrer o mundo.

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Aconteceu assim: Iris, hoje com 25 anos, gostava de lutas, enquanto a mãe era contra. Para Marli, o interesse da filha poderia ser outro. Como balé ou natação, esportes nos quais a jovem chegou a ser inscrita. E logo desistiu. Determinada, Iris queria lutar, independentemente do resultado que a prática lhe trouxesse.

“A minha mãe era contra porque ela achava que o taekwondo não ia dar estabilidade, não ia me dar futuro. Na cabeça dela, isso não ia me ajudar. Por ela ser do interior, ela achava que eu tinha que trabalhar e ter carteira assinada. Foi muito difícil lutar contra isso”, diz.

A certa altura da vida, Iris se rebelou. Por conta da divergência com a mãe, saiu de casa e foi morar com uma amiga. “Com uma mão na frente, outra atrás”, comenta.

O aluguel custava R$ 150. Simples, a casa não oferecia luxo algum. Tampouco tinha condições de ser um local para treinos adequados. Foi o técnico Diego Ribeiro, mais tarde, quem auxiliou a atleta, já maior de idade. “Ele que esteve sempre do meu lado, me dando forças, porque eu já tive vontade de desistir, já tive vontade de parar, e ele sempre me ajudou”.

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Quando diz ao lado, Iris usa o sentido literal das palavras. Há quatro anos, ela e Ribeiro moram juntos na casa do treinador – o primeiro a vislumbrar a chance de vaga olímpica. “Parecia algo impossível conseguir a vaga pelo ranking, era uma coisa que não estava nos nossos planos. Isso [o planejamento para chegar aos Jogos Olímpicos] foi acontecer em meados do ano, depois que fui medalha [de bronze] no Mundial e depois que fui medalha [também de bronze] nos Jogos Pan-Americanos. Meu treinador correu atrás e viu que tinha como. E falou: ‘vamos fazer muito sacrifício, vai ter que estar disposta a fazer isso, porque não vai ser fácil, vão ser muitas viagens’, e eu falei: ‘vamos embora, então’.”

E foi. Ao final de uma das incontáveis viagens, no Cazaquistão, a atleta começou a sentir dores. O processo de perda de peso para competir na categoria até 49 kg, que significa, entre outras coisas, passar fome e sede, fez Iris “tremer muito”.

Já no Brasil, descobriu que estava com pedra no rim. Medicada, Iris teve cinco dias de descanso antes de ir para o GP Final do México, na Cidade do México. Deu certo. Em quinto lugar, ela contou com resultados paralelos para conseguir a penúltima vaga por ranking para os Jogos Olímpicos do Rio.

O foco de Iris agora é superar uma adversária especial na briga pelo pódio. “Tem uma chinesa [Jingyu Wu] que é bicampeã olímpica na minha categoria. Eu sou fã número 1 dela, mas com a vontade que estou de ganhar essa medalha eu não estou nem aí”, finaliza.

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