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‘Mano’ irrita pela calma

Professor Pedrão, primeiro técnico de Emanuel

Daqui algumas horas, o Emanuel fará mais uma de tantas finais, mas Olimpíada é tudo diferente... Acho que a decisão vai ser definida nos mínimos detalhes. O mais importante para vencer é ter um maior equilíbrio emocional. Nesse quesito o Brasil leva a melhor, isso foi demonstrado em todo torneio.

O adversário do Mano (como chamo o Emanuel) será a dupla da Alemanha Brink e Reckemann, que tem uma tática de saque perfeita, um sistema de bloqueio e defesa boa, porém um ataque sem muita força, com habilidade.

Já o Mano e o Alison têm o sistema de saque com mais risco. O Alison força o jogo todo e isso é bom pois dificulta a recepção do adversário. Para completar, o bloqueio do Brasil é muito forte, assim como o ataque – que concilia força e precisão.

O Alison, apesar de bem mais novo que o Mano, demonstrou estar bem equilibrado. O Mano, não preciso nem falar, já era assim calmo, frio desde menino quando jogava comigo nas categorias do mirim do colégio Medianeira e do extinto Colorado. Essa calma, de vez em quando, até me irritava.

Quando o jogo estiver pegando fogo, não se preocupe, pois vai estar tudo controlado. Tenho certeza de que o Mano e o Alison vão dar o melhor para tentar conquistar essa medalha olímpica.

Alison fechou a partida da semifinal que o colocou, ao lado de Emanuel, na final olímpica do vôlei de praia com um ponto que resume seus atributos: um bloqueio, seguido de muita comemoração.

Foi pela altura, força, in­­teligência, juventude e emoção que Alison foi escolhido a dedo pelo já ídolo das areias, o curitibano Emanuel, para ser o parceiro na jornada rumo ao ouro nos Jogos de Londres. O primeiro passo foi dado há três anos, quando Alison era o atleta-revelação do Circuito Mundial e aceitou o convite. O passo final é hoje, a partir das 17 horas (de Bra­­sí­­lia), na decisão contra a dupla alemã Julius Brink e Jonas Reckermann.

"As pernas tremeram. Viram quando fui dar o último bloqueio? Caí [de felicidade] e, sim, passou um rápido filme da nossa história até aqui", contou o Mamute, já medalhista (receberá ao menos a prata) em sua estreia olímpica. O primeiro pódio, entretanto, tem tudo para ser o último da parceria. Jovem e talentoso, o atleta de 2,03 m e 109 kg (o mais pesado das areias do Horse Guard Parade) é candidatíssimo para a disputa dos Jogos do Rio, em 2016. Mas seu próximo ciclo olímpico ainda é uma incógnita por causa de Emanuel.

Aos 39 anos, o curitibano mantém seu futuro sob suspense. Diz apenas que seguirá nas areias em 2013. "Não tenho como parar depois de [mais] uma medalha olímpica", explicou. O veterano ganhou bronze em Pequim-2008 e ouro em Atenas-2004 e é o mais experiente jogador do vôlei de praia em Londres, com 19 temporadas e 223 torneios internacionais disputados.

Sobre o período entre 2014 e 2016, Emanuel silencia. "Não posso responder ainda, dependo de outros fatores", desconversou ele, que chegaria aos Jogos no Brasil com desafiadores 43 anos. Se o paranaense realmente largar o esporte em 2013, seu companheiro perderia um ano de preparação para o Rio. O que não significa prejudicar a classificação para os Jogos, já que as vagas serão distribuídas pelo ranking do ainda longínquo 2015.

"O Alison tem muita vontade, muito fogo. Está em um período de maturação. O atleta do vôlei de praia tem seu período perfeito entre 27 a 35 anos, que é quando o jogo flui. Ele está exuberante", elogia Emanuel, prevendo uma carreira longa para o amigo.

Alison completará 27 anos em dezembro. Assim, pode entrar no período áureo citado pelo parceiro e ídolo já em alta, com a medalha de campeão olímpico no peito. Depende de hoje. Dispostos a não permitir surpresas, os brasileiros dedicaram a quarta-feira para estudar o jogo dos alemães.

Brink e Reckermann, terceiros cabeças de chave do torneio, eliminaram a outra dupla do Brasil, Ricardo e Pedro Cunha, nas quartas de final. "São dois grandes jogadores. Foram campeões mundiais em 2009 [venceram a final contra Alison e o ex-parceiro Harley]. São macacos velhos", disse Alison, que já recebeu do paranaense a "cartilha" de como disputar uma final olímpica.

"Parece um jogo comum, mas não é. Temos de entrar com o máximo, com toda a intensidade ou a coisa não acontece", advertiu Emanuel. A dupla brasileira venceu os alemães na semifinal do Mun­­dial de 2011.

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