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Rafaela Raurich: 15 anos, mas desempenho de gente grande. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Rafaela Raurich: 15 anos, mas desempenho de gente grande.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Com 15 anos recém completados, a curitibana Rafaela Raurich acumula resultados que lhe transformaram em um fenômeno da natação brasileira. Até os 12, porém, ela se frustrava porque não ganhava nada.

“Não entendia o porquê”, explica a adolescente de sorriso largo e jeito doce. “Achava que todo mundo treinava o que eu treinava”, continua a única brasileira que alcançou a fase final no Mundial Júnior [até 18 anos], em agosto, em Cingapura.

A partir da categoria infantil, a atleta do Clube Curitibano conta que começou a se dedicar verdadeiramente ao esporte. Colocou como meta superar uma adversária em especial, a argelina Majda Chebaraka, filha de um diplomata do país do Norte da África em Brasília.

Os tempos da rival intrigavam Rafaela, que continuou a treinar em seu próprio ritmo. “Fui treinando até um ponto em que fiquei muito próxima. E daí no ano seguinte, com 14 anos, ganhei dela... Foi bom”, orgulha-se a nadadora, que pode ser a mais jovem da delegação brasileira na Olimpíada do Rio de Janeiro.

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Nesta quinta-feira (17), em Palhoça-SC, Rafaela tem a primeira oportunidade de fazer o índice olímpico para 2016. A maior chance dela de estar nos Jogos é entrando na equipe do revezamento 4x200m. Para isso, precisa baixar em um segundo sua melhor marca nos 200m livre, que é de 2min00s96. A segunda tentativa será no Troféu Maria Lenk, em março.

Objetivo possível? “É muito possível”, garante o técnico Waldemyr Saldanha, que comanda a equipe de natação do Curitibano e conhece Rafaela desde os nove anos de idade.

“Nosso planejamento não era para ela nadar tão bem antes do Open de Natação [em Palhoça]. Era para nadar bem agora. Estamos com uma expectativa que vai dar”, argumenta.

Evolução

Rafaela Raurich precisa diminuir em um segundo sua melhor marca nos 200m livre para estar na Olimpíada no ano que vem. Confira o progresso dos tempos dela nos últimos anos:

Melhor marca em 2011- 2min42s85

Melhor marca em 2012 - 2min22s09

Melhor marca em 2013 - 2min08s52

Melhor marca em 2014 - 2min03s14

Melhor marca em 2015 - 2min00s96

Índice olímpico - 1min59s00

No início do ano, o melhor tempo da paranaense era 2min03s80. Atualmente, ela tem a sexta melhor marca do país – são quatro vagas. A concorrência é dura, contra atletas experientes como Joanna Maranhão, de 28 anos, mas a evolução da nadadora dá mostras de que a Olimpíada do Rio, em 2016, pode ser uma realidade.

Para isso acontecer, a rotina já é de gente grande. A pedido do treinador, ela passou estudar à tarde para treinar no período da manhã e, três vezes por semana, à noite. São pelo menos duas horas de piscina todos os dias, além de uma hora de academia.

Mudança que tornou o despertar da garota muito mais prazeroso. “Quando eu estudava de manhã não acordava feliz”, brinca Rafaela, que sabe de cor quantos dias de escola precisou faltar para competir neste ano: 57. “Fora as vezes que cheguei atrasada ou saí mais cedo”.

Rafaela com alguns dos troféus e medalhas conquistados.Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Quando perguntada sobre sua principal qualidade, a paranaense não tem dúvida ao escolher as palavras atitude e determinação. Mesma resposta de seu técnico, que exemplifica a vontade de vencer da adolescente com uma história contada pela mãe da nadadora.

“Eu pedi para ela dormir sempre às 21h30. Certa vez ela estava em casa, no meio de um filme, e olhou no relógio: 21h30. Levantou e foi dormir”, conta Saldanha. “Em 20 anos de natação, nunca vi alguém essa determinação. Ela tem talento, habilidade física, mas é a dedicação que se destaca”, emenda.

Na cabeça da menina sorridente que gosta de ir ao shopping, a pressão que carrega nos ombros – e que só agora está aprendendo como lidar – tudo é em nome de um objetivo.

“Treino porque quero chegar bem à Olimpíada de 2020 [em Tóquio], para disputar medalha. Mas tenho chance de estar no Rio”, acredita ela.

Curitibana terá duas chances de se garantir nos Jogos do Rio.Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
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