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Após  pôr fim ao jejum de 16 anos do Brasil fora da Olimpíada, agora Rubén Magnano mira o pódio na Rio-2016. | Gaspar Nóbrega/Inovafoto / CBB
Após pôr fim ao jejum de 16 anos do Brasil fora da Olimpíada, agora Rubén Magnano mira o pódio na Rio-2016.| Foto: Gaspar Nóbrega/Inovafoto / CBB

Ter caído no grupo mais forte da Rio-2016, com Espanha (atual campeã europeia e prata na última Olimpíada), Lituânia (vice europeu) e a rival Argentina, além da campeã africana Nigéria e um adversário a ser definido, não assusta o técnico da seleção masculina de basquete, Rubén Magnano.

Com a experiência de quem levou a surpreendente Argentina ao ouro nos Jogos de Atenas-2004 e garantiu o retorno do Brasil aos Jogos Olimpícos em 2012 após ausência de 16 anos, o treinador acredita que o país tem condições de conquistar uma medalha na Olimpíada em agosto. Ainda mais por jogar em casa, o que considera um privilégio. “Ninguém pode nos tirar o sonho do pódio”, enfatiza o argentino de 62 anos em entrevista à Gazeta.

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O basquete é no geral mais emocionante do que o futebol. Mesmo quando não há equilíbrio de forças, o malabarismo na quadra se torna um show com o improviso genial de alguns atletas. Quando competitivo, é empolgante.Tempos atrás, Curitiba viveu grandes momentos de bola ao cesto feminino. Rio, São Paulo e Paraná formavam a base da seleção brasileira.

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Qual a chance de medalha do Brasil na Olimpíada?

Ninguém pode nos tirar o sonho do pódio. Temos que ter esse sonho como fonte para entender a qualidade e a quantidade de força que teremos que fazer. Não é fácil, pois estamos falando de Jogos Olímpicos. Mas na última grande competição que disputamos [Mundial de 2014], tivemos uma grande atuação. Dentro do que vi e vivi, dá para ter uma expectativa boa.

Você recém voltou dos EUA e Europa, onde conversou com jogadores. O que você levou para eles?

Falamos da situação que estamos: jogando uma Olimpíada em casa, que é um privilégio. Vamos precisar de muito esforço, já que muitos jogadores vão acabar a temporada de suas equipes perto da preparação dos Jogos. Como falo sempre: temos que ter uma relação do que falamos e o do que fazemos.

O que você planeja de preparação?

Começamos o trabalho entre 15 e 20 de junho. Gostaria de dez amistosos. Mas não está fácil encontrar adversários. Espero chegar no mínimo a oito.

O que você achou do grupo do Brasil na Rio-2016?

É uma chave muito dura e forte, com o campeão e vice da Europa [Espanha e Lituânia], o campeão africano [Nigéria] e um rival de peso como a Argentina. Vai ser muito difícil. Por isso que a qualidade da nossa preparação tem que ser ótima.

Em 2012, o Brasil voltou aos Jogos após 16 anos e foi quinto colocado. O que fazer para ter um resultado ainda melhor na Rio-2016?

São quatro anos a mais, com gente com mais experiência e gente nova que vem fazendo um trabalho bom. Espero que o que aconteceu no Mundial e em Londres tenha sido um aprendizado de que não podemos errar em coisas básicas.

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Há pressão por jogar em casa?

Se eu fosse atleta e me perguntassem se gostaria de jogar a Olimpíada dentro ou fora de casa, eu diria em casa. Não vamos falar de pressão, e sim de desafios. Jogar em casa tem que ser uma força extra para nossa equipe.

Como você vê a renovação da seleção?

Infelizmente não temos um leque muito grande de atletas. O número de clubes diante da população é ínfimo. É a lei da pirâmide: com base pequena, poucos chegam ao topo.

Um bom resultado na Olimpíada pode influenciar na formação de mais atletas?

Não dá garantia. Eu, por exemplo, pensei que depois de recuperar a vaga olímpica seria um momento importante, mas a gente não soube aproveitar. Poderia ser uma questão interessante para o nosso basquete. Tomara que a gente faça um bom trabalho para acordar a vontade de fazer basquete, mas não posso falar com certeza.

O que você acha que está faltando para isso acontecer?

O caminho é aumentar a base através da educação, nas escolas, e fomentar os clubes. Há 30 anos havia cerca de 30% a 40% mais clubes jogando basquete no Brasil. Hoje temos milhões de habitantes a mais. Ou seja, a equação está desfavorecida. O Brasil precisa sistematizar o basquete infantil, principalmente de 8 a 12 anos, como uma coisa obrigatória. Isso seria através da federação, implementando que todos os clubes que joguem basquete tenham a obrigação de trabalhar com crianças. Dessa forma você ganharia o mais importante de tudo: matéria-prima, e não somente de jogadores, mas também de dirigentes, árbitros, treinadores. Nas melhores ligas do mundo, tem um trabalho com o basquete infantil sensacional. Isso desenvolve o aspecto técnico, tático, mas também desenvolve algo que para nós é muito importante, que se chama comprometimento.

Em 2012 você levou o Raulzinho para pegar experiência. Agora ele chega como o principal jogador brasileiro na NBA. Como pretende usá-lo, já que tem outro armador de peso, o Marcelinho Huertas?

Não há nenhum problema de termos os dois. Absolutamente. Um inicia o jogo, o outro acaba. Raulzinho é um garoto que sabe perfeitamente como trabalhar na seleção. Ele tomou a decisão de deixar a Espanha, que é uma liga muito forte, e ir para a NBA [está no Uttah Jazz]. É uma experiência que vamos aproveitar na seleção.

Raulzinho pode comandar a renovação ?

Ele tem que trabalhar para isso também. Tem que seguir exercitando esse comando, ainda mais pela posição que joga. Ele tem um futuro muito importante para a seleção.

Apresentação no Mundial de 2014 dá esperança a Magnano de um bom resultado do Brasil na Rio-2016.Gaspar Nóbrega/Inovafoto / CBB

Qual a importância de os atletas estarem bem no clubes para chegarem aos Jogos?

Só fecho a equipe após a preparação de 45 dias. Se um cara não rende nesses dias, a possibilidade de ficar fora é muito grande. Isso [de não jogar por seus clubes ] não quer dizer que vá ficar fora, porque se na fase de preparação ele recupera a condição, as chances estão abertas.

Pesa muito perder um jogador experiente como o Thiago Splitter, que está contundido?

O Splitter é uma referência na seleção, um cara com uma capacidade de jogo muito grande, uma capacidade tática muito grande, que, infelizmente, não vamos ter. Vamos ter que fazer um esforço maior para suprir a ausência do Thiago.

Você utiliza a conquista do ouro com a Argentina em 2004 para estimular os jogadores da seleção brasileira ?

Não sou de ficar falando do próprio passado. Uso com eles a palavra glória. Não falo de coisas materiais como uma medalha.

Mas o ouro da Argentina é um exemplo para qualquer equipe que queira chegar ao pódio , não?

Claro, ainda mais com uma equipe que não tinha muita credibilidade, levando-se em conta que na história dos Jogos só quatro países levaram o ouro.

Qual será seu futuro depois da Rio-2016?

Não sei. Não estou muito preocupado com isso. Meu foco hoje é 100% n os Jogos. Depois vamos ver o que acontece. Ainda não tive proposta [para ficar]. Mas estou tranquilo. Na minha cabeça tenho somente os Jogos Olímpicos.

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