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Parque Olímpico será administrado pelo Governo Federal. Parceria com a iniciativa privada não vingou. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Parque Olímpico será administrado pelo Governo Federal. Parceria com a iniciativa privada não vingou.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O Brasil fechou a Olimpíada Rio-2016 com sua melhor participação na história dos Jogos: foram sete ouros, seis pratas e seis bronzes, 19 medalhas no total. Passados quatro meses do encerramento da disputa, entretanto, o saldo fora das quadras, piscinas e tatames não condiz com a “bonança de pódios”.

O discurso dos atletas é de temor quanto ao futuro. Já os responsáveis por captar recursos para a área do esporte relatam o árido cenário pós-olímpico. “Com a expectativa da Rio-2016, a gente esperava que tudo ia ser uma maravilha em termos de patrocínio. A preocupação ficava com o dia seguinte ao encerramento”, contou Adriana Samuel, no Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros, no Rio de Janeiro.

Medalha de prata no vôlei de praia em Atlanta-96 e bronze em Sidney-2000, a ex-atleta passou a trabalhar com captação de recursos para o esporte logo após a aposentadoria das areias, em 2001. “Mas do ciclo de Londres, em 2012, para o Rio, em 2016, não houve nenhum boom nos patrocínios. Muitos atletas chegaram ao Rio sem apoio. Então o tombo pós-jogos não foi grande, porque a crise nunca deixou de existir. Só piorou”, prossegue.

“A preocupação é geral. É uma conjunção de crises. Para nós que trabalhamos com projetos sociais e patrocínios, a crise financeira veio com tudo. É uma luta. Eu acredito que estamos no fundo do poço. Sendo assim, só vejo tendência de melhora. Não é possível piorar”, acredita Adriana.

Medalhista na Rio-2016 paga para treinar

A brasileira Poliana Okimoto superou um trauma nos Jogos do Rio. Quatro anos após abandonar a prova da maratona aquática em Londres por causa de uma hipotermia, a nadadora conquistou o bronze no percurso de 10 quilômetros na Olimpíada de 2016. Poucos meses depois, Poliana vive momentos de incerteza.

“Estou competindo pela Unisanta, uma universidade de Santos, mas treino em São Paulo. Então sou sócia do clube onde treino e pago mensalidade”, revela Poliana. “Além disso, pago academia para fazer musculação e uma segunda academia para meu treino funcional. O técnico eu também pago, mas ele é meu marido então dá um desconto”, prossegue.

A medalhista revela temores para 2017. “Nós atletas estamos vivendo um momento de incertezas. A Confederação [Brasileira de Despostos Aquáticos] depende totalmente do patrocínio dos Correios e estavam em dúvida sobre sua continuidade”, relata. “Nos falaram que vão conseguir manter cerca de 50% do valor deste patrocínio”, completa.

O outro lado

Contrariando o cenário de crise, o ministro do esporte, Leonardo Piciani, garante que a pasta terá um aumento de 30% no orçamento em relação a 2016. Saltará de R$ 505 milhões para R$ 656 milhões. “Isso nos permitirá cuidar da manutenção dos equipamentos olímpicos, fazer novos investimentos e manter programas importantes como bolsa-atleta e bolsa-pódio”, promete Piciani.

Estado do Rio

Já no Estado do Rio de Janeiro a crise veio com tudo. O chefe de Gabinete da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude (SEELJE) do estado, Bernardo Roberto, revelou uma queda drástica nos investimentos de empresas via lei do incentivo ao esporte — programa que oferece benefícios tributários a empresas que invistam em projetos esportivos.

“Em 2015, foram R$ 79 milhões investidos. Mas a crise refletiu muito em 2016 no mecanismo da lei de incentivo ao esporte. Conseguimos fruir cerca de R$ 40 milhões neste ano, o que é pouco mais do que a metade do ano interior”, relata. “Foi um impacto tremendo que tivemos em 2016, mas esperamos que com a retomada da economia as empresas voltem a investir para que voltemos aos tempos áureos do incentivo ao esporte”, completa.

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