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 | Albari Rosa/Gazeta do Povo
| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Isaquias Queiroz cumpriu a promessa que fez a si mesmo antes de disputar a primeira Olimpíada, de que iria à Rio-2016 para fazer história. Na manhã desta terça-feira (16), o baiano de 22 anos conquistou a medalha olímpica inédita para a canoagem brasileira, a prata na prova C1-1.000m (canoa individual distância de 1.000 metros).

FOTOS da prata de Isaquias Queiroz

O canoísta cravou o tempo de 3min58s529 na disputa na Lagoa de Freitas e pode alcançar mais dois pódios: no C1-200m e C2-1.000m - a segunda ao lado do paulista Erlon Silva. O ouro ficou com o alemão Sebastian Brendel, que com o tempo de 3min56s926, se torna bicampeão olímpico. O bronze ficou com Serghei Tarnovich, da Moldálvia, com 4min00s963.

“Eu vim para cá fazer história. A história vai ser escrita e está sendo escrita com a primeira medalha do Brasil”, festejou Queiroz, que pela primeira vez em uma disputa contou com o apoio da mãe, Dilma Queiroz, que superou o medo de avião para ver o filho na Olímpiada.

“Estou muito feliz de ela ter visto essa medalha, que não é qualquer atleta que alcança. Me matei justamente para isso, para deixar ela feliz”, dedicou o atleta.

A dedicatória à mãe tem por quê. Isaquias passou por uma série de acidentes na infância. Aos 3 anos, sofreu queimaduras por todo o corpo, após derramar água quente que estava no fogão. Passou um mês internado e ainda tem cicatrizes das queimaduras. Aos 5 anos, foi vítima de um sequestro: uma vizinha tentou levar o menino para entregar a uma família rica. Aos 10, caiu de uma árvore onde brincava, teve hemorragia interna que o levou a extrair um rim. Ano passado, mais um susto para dona Dilma: Isaquias saiu ileso de um acidente, quando capotou o carro que dirigia.

Isaquias também dedicou a medalha ao técnico espanhol Jesus Morlán, com quem treina na seleção desde 2013. Trazido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), Morlán é o técnico com mais pódios da história da Espanha, cinco, com o canoísta David Cal, e revolucionou a canoagem de velocidade brasileira com os três ouros e três pratas de Isaquias em Mundiais e agora a prata olímpica.

Não fosse Morlán, Isaquias não só não teria alcançado todas as conquistas, como já teria desistido do esporte. “Em 2012, eu tinha sumido do mapa da canoagem. Nem estava pensando na Rio-2016. Mas em 2013 o Comitê Olímpico fez uma contratação muito importante, o Jesus Morlán, e o resultado da canoagem melhorou muito”, afirma o canoísta.

“Sem o Morlán eu não teria ganhado essa medalha. Não adianta falar que eu tenho talento, porque se não tiver um cara bom para lapidar o diamante você não chega ao ponto certo”, agradece Isaquias.

Torcida

Isaquias também agradeceu a torcida na decisão. O canoísta, que disputa a maior parte das provas fora do Brasil, afirma não estar acostumado a ter apoio da arquibancada. “Não tem como dizer que a torcida não ajudou. Eu vou a torneios país fora e não tenho ninguém gritando meu nome, nem Brasil. Aqui teve a gritaria que deu um incentivo a mais”, comentou o atleta. “Eu queria dar a medalha para todos os brasileiros que vieram prestigiar o evento. Então se eu ficasse em quarto e quinto, o pessoal ia dizer ‘nossa, queria ver a medalha’. Ganhei essa medalha também para as pessoas saíram de suas casas, de seus estados para vir ver a canoagem brilhar na olimpíada”, dedicou o canoísta.

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