• Carregando...
Adriana Araújo abriu a participação olímpica com vitória e agora mira uma medalha no boxe | Daniel Castellano, enviado especial/ Gazeta do Povo
Adriana Araújo abriu a participação olímpica com vitória e agora mira uma medalha no boxe| Foto: Daniel Castellano, enviado especial/ Gazeta do Povo

Feminino

Mulheres apostam em estreia olímpica como incentivo ao esporte

O boxe feminino brasileiro estreou ontem na Olimpíada com apenas uma das três atletas classificadas às quartas de final, mas com a esperança de que a visibilidade da primeira disputa entre as mulheres nos Jogos gere interesse de novas praticantes no Brasil.

Mesmo derrotada pela venezuelana Karlha Magliocco pela diferença de apenas um ponto, 15 a 14, na categoria mosca (até 51 kg), a baiana Erica Matos se disse orgulhosa em ser a primeira brasileira a subir em um ringue olímpico, mas espera que a ida de uma atleta em cada categoria em Londres sirva de exemplo para as gerações futuras. "Eu vim preparada, mas não deu. Sei que entrei para a história, mas não foi por mim. Foi para que as meninas que estão vindo, para que elas se sintam motivadas e vejam que não é difícil estar aqui. Basta se dedicar", enfatiza a lutadora, que garante ainda existir preconceito contra as lutadoras no Brasil.

Opinião compartilhada pela paulista Roseli Feitosa, que em 2010 foi campeã mundial na categoria pesado (até 81 kg), mas que ontem perdeu para a chinesa Jinzi Li na categoria médio (até 75 kg), por 19 a 14. "Viemos com uma estrutura boa. Mas espero que depois da Olimpíada venha mais apoio, mais patrocínios", confia.

Duas medalhas. Essa seria a grande coroação da participação brasileira no boxe em Londres, na opinião do técnico da equipe, João Barros. "Uma já estaria de bom tamanho. Mas se vierem duas, sairemos daqui muito agradecidos pelo trabalho que fizemos. E podem ter certeza de que os três vão dar de tudo lá no ringue para chegarem à medalha", enfatiza Barros.

O técnico se refere aos lutadores Adriana Araújo, Es­­qui­­va e Yamaguchi Falcão (são irmãos), os três dos dez boxeadores da seleção que seguem vivos na competição. Se passar pelas quartas de final, o trio terminará com um jejum de 44 anos, quando Servílio de Oliveira conquistou o único pódio brasileiro da modalidade até hoje, o bronze no peso mosca na Cidade do México, em 1968.

Adriana e Esquiva retornam hoje ao ringue. Ela, que ontem venceu Saida Khas­­senova, do Cazaquistão, por 16 a 14, enfrenta hoje a marroquina Mahjouba Oubtil, às 11 horas (de Brasília), no peso leve (até 60 kg). Esquiva luta com o húngaro Zoltan Harcsa, às 17h45, pela categoria médio (até 75 kg). Já Yamaguchi tem o desafio mais difícil, diante do cubano campeão mundial Julio la Cruz Peraza, quarta-feira, às 18h30.

Adriana, que ontem, no primeiro dia de combates femininos na história dos Jogos Olímpicos, foi a única das três brasileiras a se classificar às quartas de final, reconhece que não é a favorita ao ouro na competição. A lutadora baiana prefere indicar a irlandesa Katie Taylor como quem tem mais chances de vencer. Elas só se cruzariam em uma eventual final. "Todo mundo veio para ganhar. E eu sei que nenhuma luta vai ser fácil. Mas estou aqui focada. Um sonho eu já realizei, de vir para a Olimpíada. O outro, Deus está me providenciando", afirma, referindo-se à possibilidade de ser a primeira medalhista brasileira na modalidade.

Já Yamaguchi espera quarta-feira não só garantir o bronze, mas também devolver ao cubano Peraza a derrota na final do Pan-Americano de Guadalajara, no ano passado. "Quero mudar essa história do Pan. É a hora de dar o troco", espera o lutador capixaba, que em três confrontos perdeu dois e ganhou um do próximo adversário.

Torcida

Para encarar o caminho rumo ao pódio, o trio brasileiro conta com o apoio de uma torcida especial: a dos outros sete companheiros que ficaram pelo caminho em Londres, além dos outros membros da delegação de boxe. A cada combate, os brasileiros recebem orientação do técnico no corner e dos outros lutadores da arquibancada.

Como o campeão mundial Everton Lopes, desclassificado sábado na categoria meio-médio ligeiro (até 64 kg), que ontem gritava e gesticulava orientações para os amigos no ringue. "Ainda vai ter muita surpresa aqui em Londres. Os três têm chances reais de ganhar", empolga-se Lopes. "Somos uma família. Agora, vamos torcer pelos nossos amigos", reforça Erica Matos, que, apesar da derrota de ontem, tornou-se a primeira brasileira a lutar em uma Olimpíada.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]