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Mineirinho repetiu feito de Gabriel Medina e conquistou o segundo título mundial seguido para o Brasil no surfe | Sebastian Rojas/FramePhoto/Folhapress
Mineirinho repetiu feito de Gabriel Medina e conquistou o segundo título mundial seguido para o Brasil no surfe| Foto: Sebastian Rojas/FramePhoto/Folhapress

O mar está bom para o surfe brasileiro. O título mundial conquistado por Adriano de Souza, o Mineirinho, na quinta-feira (17), foi o segundo raio a cair no mesmo lugar. No caso, a praia de Pipeline, no Havaí, onde Gabriel Medina faturou o primeiro troféu do Brasil, em 2014.

O rótulo de país do surfe nunca fez tanto sentido. Em 2016 serão dez brasileiros na elite mundial -- menos que os 11 atletas de 2001, mas as expectativas são superiores.

Em 2015, quatro dos sete representantes nacionais terminaram a temporada entre os dez primeiros: Mineirinho, Medina (3º), Filipe Toledo (4º) e Ítalo Ferreira (7º) -- este eleito o estreante do ano.

Caio Ibelli, Alex Ribeiro e Alejo Muniz subiram da divisão de acesso e tornarão a “tempestade brasileira”, como os atletas do país são chamados, mais forte em 2016.

A média de idade dos dez representantes é 23,8 anos. Aos 28, Mineirinho é o “veterano” entre os brasileiros, ainda que seja 15 anos mais novo que o americano Kelly Slater, em atividade aos 43.

Quando Medina fez história, houve quem comparasse o fenômeno do surfe com as expectativas criadas no tênis após Gustavo Kuerten ser tricampeão de Roland Garros e chegar ao topo do ranking.

Para o presidente do Ibrasurf (Instituto Brasileiro de Surfe), Alexandre Zeni, uma das explicações está na diferença de apelo comercial.

“Cerca de 90% das pessoas que compram roupas de marcas de surfe não praticam o esporte. Elas compram para se sentir parte de um universo. Agora, ninguém que não pratica vai comprar a camiseta de um tenista”, diz Zeni.

Segundo ele, a partir do momento em que os surfistas deixaram de ser associados à imagem de “maconheiros que ficam o dia todo na praia”, empresas de outros segmentos quiserem se associar ao esporte. Hoje, marcas de automóveis, aparelhos eletrônicos e universidades patrocinam eventos e atletas.

“Essa geração mostrou que os atletas do surfe são saudáveis, focados e profissionais. As empresas querem que eles representem suas marcas para o público jovem”, afirma.

As verbas de patrocínio ajudaram os brasileiros a superarem a diferença financeira e técnica que existia para americanos e australianos, principais potências do mar.

“Mesmo com essa crise, em nenhum momento pensamos em cortar o patrocínio do Mineirinho”, diz Tico Aquino, coordenador de marketing da brasileira Hawaiian Dreams.

O campeão mundial é o único entre os brasileiros a ter uma empresa nacional como principal patrocinadora.

As peculiaridades do surfe dificultam a transmissão pela TV. A duração de um dia numa etapa varia conforme as condições do mar, podendo ser cancelado ou chegar a oito horas de competição.

Por esse motivo, o sucesso alcançado no Brasil e no mundo está diretamente ligado à internet. O site da WSL (Liga Mundial de Surfe) transmite todas as etapas ao vivo. Também é possível acompanhar em celulares e tablets por meio de um aplicativo.

“A internet é nossa galinha dos ovos de ouro. O Brasil virou líder de audiência, ultrapassando os EUA”, diz Renato Hickel, diretor da WSL.

Nem tudo, porém, é um mar de rosas. Para o presidente da Ibrasurf, falta um trabalho em nível nacional para desenvolver a base. Hoje, os três principais surfistas do país são paulistas. “Aqui, o maior mérito é do atleta. É cada um por si, na base do talento e da garra”, critica Zeni.

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