O curitibano Luigi Cini, 14 anos, entrou para um seleto grupo do skate vertical mundial, ao lado de lendas como o norte-americano Tony Hawk e os brasileiros Sandro Dias e Bob Burnquist: ele foi o 15.º atleta do mundo, e o terceiro brasileiro, a completar a manobra mais difícil da modalidade, o giro de 900 graus. (Veja vídeo)
São duas voltas e meia ao redor do próprio corpo, no ar, antes de voltar para a rampa. O feito foi alcançado em uma pista em Campo Largo, dia 17 de setembro, durante a segunda etapa do circuito Vert Battle, competição profissional da modalidade [confira o vídeo]. “Quando acertei, não estava acreditando. Foi muito rápido. Quando eu vi, já tinha acertado”, conta Luigi.
A execução começou a ganhar forma dois meses antes, em julho, no acampamento de Woodward, espécie de “curso intensivo” de esportes radicais na Califórnia, Estados Unidos. “No acampamento, tinha uma estrutura melhor, mais tecnologia. E o pessoal que estava comigo mandava muita energia positiva para eu conseguir acertar nos treinos”, analisa o jovem, que começou a praticar o esporte aos cinco anos.
As idas para o exterior, por sinal, são essenciais para o desenvolvimento de Luigi. No entanto, com o pouco apoio recebido pelo esporte no Brasil, a maior parte das despesas com treinamentos e competições é bancada pela família do atleta. “Patrocínio é sempre complicado. Ele está começando a ter apoios agora. Mas a maior parte das despesas somos nós que pagamos”, reforça Denise Cini, mãe de Luigi.
“Ele tem de viajar, ir para fora, fazer treinamentos como o de Woodward. Isso faz toda a diferença”, prossegue ela. A rotina de Luigi consiste em conciliar os estudos do nono ano do ensino fundamental com cinco dias de treinamentos por semana na pista, de três a quatro horas de duração.
“Evito ao máximo faltar aula. E também vou bem na escola. O pessoal do colégio me acompanha nas redes sociais, curte bastante”, conta o skatista. “Quero escolher um curso na faculdade e também tentar viver do skate. Acho que dá para conciliar”, complementa.
A partir de Tóquio, em 2020, o skate fará parte da programação dos Jogos Olímpicos. E o curitibano não esconde o sonho de um dia representar o país na competição. “Passa na cabeça de todos os skatistas. Seria uma honra, se a oportunidade aparecesse. O skate está no meu sangue”, diz.
Persistência
Que vê apenas a manobra executada, pode não imaginar o árduo processo de treinamentos que a antecede. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis tentativas. E, após cada uma delas, queda e frustração. Em seguida, a análise do que saiu errado, o detalhe de última hora que impediu a aterrissagem correta.
E por fim, muitas das vezes, encerrar o expediente do dia sem alcançar o objetivo. “No dia da competição, o apoio dos colegas foi fundamental”, contou Luigi, quando recebeu a reportagem na pista de Campo Largo, sem completar com sucesso o giro de 900 graus após uma série de tentativas.
O cotidiano de acerto e erro vivido por Luigi é o mesmo enfrentado pelos grandes nomes da modalidade. Na primeira vez em que acertou a manobra em uma competição, em 1999, o pioneiro Tony Hawk, por exemplo, precisou de onze tentativas.
Paranaense acerta manobra de 900 graus em pista de Campo Largo
Luigi Cini, de 14 anos, é o 15.º atleta no mundo a alcançar o feito cujo pioneiro foi a lenda Tony Hawk.
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