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Curitiba Rugby, do técnico Arno Southey, tenta bicampeonato nacional contra São José | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Curitiba Rugby, do técnico Arno Southey, tenta bicampeonato nacional contra São José| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Quinta-feira (29), 19h43. O clima antes do treino que antecede a final do Super 8, o campeonato brasileiro de rúgbi, é descontraído entre os jogadores do Curitiba Rugby. Os atuais campeões formam rodinhas de conversa, riem e falam alto no campo da Paraná Esporte, no bairro Tarumã. Um minuto depois, silêncio quase absoluto.

Nesse intervalo, o único que discursou foi o técnico sul-africano Arno Southey, 34 anos. A.K, como é conhecido, foi direto ao ponto. “Sem bagunça, sem bobagem”, bradou. “Esse é o último treino antes da final do campeonato. Esse é o jogo mais importante desse clube. Peguem as camisetas e vão pro campo”, emendou, com direito a um forte sotaque britânico.

Dito e feito. De forma ordeira e silenciosa, cada um pegou seu uniforme e se dirigiu ao treinamento para o duelo contra o São José, neste sábado (31), às 19 horas, no Estádio do Ibirapuera, em São Paulo. Octacampeões nacionais, os Caipiras estão engasgados com os Touros, que contrariaram os prognósticos e bateram os favoritos na decisão de 2014.

“Saímos de quinto em 2013 para sermos os primeiros”, relembra o ponta Gustavo Barreiros de Albuquerque, 24, o ‘Rambo’.

Arno Southey dá ‘chamada’ no time antes do treinamentoHugo Harada/Gazeta do Povo

Nesta temporada, uma vitória para cada lado até aqui. “Agora não somos mais surpresa. Somos um time que está ganhando experiência, que está construindo sua tradição. Uma equipe forte que mostrou durante todo o campeonato, apesar de termos terminado em terceiro [na primeira fase], que tem capacidade de ganhar”, completa o jogador, uma exceção no plantel curitibano.

Serviço

Final do Super 8 de rúgbi:

Quem disputa: São José x Curitiba

Onde: Estádio do Ibirapuera, em São Paulo.

Horário: 19 horas.

Transmissão: SporTV 3

Natural de Maringá, Rambo hoje reside em São José dos Campos (SP), onde integra a seleção brasileira permanente que treina visando a Olimpíada Rio-2016, projeto da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu). Assim, ele é o único brasileiro do elenco que vive exclusivamente do esporte, já que recebe as bolsas TOP 2016, do governo estadual, e da seleção, bancada pelo Ministério do Esporte.

Rambo deve representar o Paraná na Rio-2016Hugo Harada/Gazeta do Povo

A profissionalização, porém, também traz suas dificuldades. Duas vezes por semana ele enfrenta oito horas de viagem entre a capital paranaense a cidade do interior paulista. “Faço bate e volta.Treino lá, treino aqui. Tenho que dormir no ônibus às vezes, chegar e já treinar”, conta Gustavo, que enfrenta tudo para estar no Rio de Janeiro no ano que vem. “Só penso nisso”, admite.

O centro Thiago Henrique Evaristo, 18, também tem o sonho olímpico bem vivo, mesmo que a Rio-2016 esteja distante. Oriundo do projeto social do Curitiba Rugby – que ensina o esporte para mais de 600 crianças de 11 escolas de Curitiba e Região Metropolitana –, ele vinha sendo convocado para a seleção juvenil até romper os ligamentos do tornozelo, em abril.

Recuperado, o garoto se inspira na seleção da Nova Zelândia, que decide a Copa do Mundo de Rúgbi contra a Austrália também neste sábado, às 14 horas, para tentar voltar para casa com o bicampeonato. Na concentração, a delegação dos Touros vai acompanhar o clássico com olhos atentos.

Touros tentam bicampeonato nacional neste sábadoHugo Harada/Gazeta do Povo

“Todos passam muito bem, chutam bem. Jogam simples e coletivo. E assim são os melhores do mundo”, explica. “A gente tenta jogar simples, mas nem o simples sai”, brinca Thiago.

Mas ai de quem se inspirar com as jogadas espetaculares da final e tentar fazer o que não foi treinado.

“Antes do jogo não [falarei com eles sobre a final do Mundial]. Só depois. Não quero que vejam uma jogada e tentem repetir no jogo. Queremos segurança”, prega Southey, que vem de família tradicional no rúgbi da África do Sul – seu avô jogou pelos Springboks e seu pai também foi profissional.

“Aqui não tem estrela. Somos um time. Jogamos pela camiseta e por nosso amigos. Se alguém vê um companheiro cansado em campo, tem de dar uma palavra de incentivo para conseguir aqueles 10% a mais. Nesse mês a frase é ‘vai,campeão’”, fecha.

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