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Ademir dos Santos sobe no paredão caseiro construído com a ajuda de amigos: ideia era ensinar o montanhismo aos filhos | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Ademir dos Santos sobe no paredão caseiro construído com a ajuda de amigos: ideia era ensinar o montanhismo aos filhos| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Em 1995, o montanhista Ademir dos Santos procurava um lugar seguro para ensinar a seus dois filhos (Jonathan, então com 12 anos, e Wyllian, com 8) os princípios da escalada. Mas não era fácil. O paredão natural mais próximo ficava no Morro do Anhangava, em Quatro Barras, e as primeiras academias em Curitiba ainda levariam uma década para surgir. Sem opções, Ademir tirou do papel um sonho antigo: construir uma torre no quintal da própria casa.

VÍDEO: veja como é a torre construída pelo montanhista

Dezoito anos depois, a obra impressiona. Inteiramente de pedra, o castelo tem oito metros de altura e seis vias ("caminhos" que o escalador percorre na vertical), em diferentes níveis de dificuldade. Ademir estima já ter investido R$ 20 mil na empreitada, entre granito, ferragem, areia e cimento.

"Para ficar do jeito que eu concebi, acho que vou gastar mais uns R$ 30 mil", calcula. O projeto inicial prevê o triplo da altura (25 metros), mas o montanhista esbarra em dois problemas. Além da falta de tempo, tem dificuldade em conseguir granito, a principal matéria-prima.

"A maioria das doações de pedras eu consegui na vizinhança ou com escoteiros. Hoje em dia, vou ampliando a torre conforme consigo material", explica. Além de ter experiência em construção civil, Ademir é montanhista desde 1977. Com mais de 200 subidas ao cume do Pico Paraná (montanha mais alta do sul do Brasil, com 1.877 metros) no currículo, ele teve conhecimento técnico de sobra para montar o espaço.

Ao contrário das academias, o castelo simula um ambiente natural. Apesar disso, Ademir valoriza a importância dos grandes ginásios fechados. "É nesses espaços que os jovens pegam experiência para subir montanhas. Sem preparo, a atividade ao ar livre é muito perigosa", avalia.

William Vieira, proprietário do ginásio Campo Base, confirma a "parceria" positiva entre escalada indoor e montanha. "Mais da metade dos nossos clientes são montanhistas regulares, que usam o ginásio para manter a forma", conta.

Acessível

Ademir jamais cobra um centavo de quem deseja usar a torre. Todo fim de semana, o espaço é invadido por esportistas de várias idades, que treinam sob a supervisão dele. "Todos podem praticar à vontade. Não peço nada além da assinatura no meu livro de registros", garante.

Um escalador que já experimentou o paredão é Renato Scholz. Ele treina em academias há três anos, mas afirma nunca ter visto nada parecido. "Num ginásio, as agarras [ranhuras nas quais o escalador se apoia] são sintéticas. Naquela torre, o material que foi usado parece pedra de calçada. Se o objetivo era imitar uma montanha, ele conseguiu", constata.

Os primeiros "beneficiários" da torre foram os filhos de Ademir. Jonathan, hoje com 30 anos, e Wyllian, com 26, moram em Joinville. Ambos herdaram a paixão pelos morros e auxiliam no crescimento do esporte na região. "O montanhismo ainda não é tão difundido quanto no Paraná. Mas conseguimos reunir um bom número de catarinenses que se dedicam à modalidade", explica Wyllian.

Ademir se diz satisfeito com o legado que a obra deixou. "O fato de hoje eles estarem levando o montanhismo para outras regiões é uma felicidade enorme. Todo o esforço empenhado na construção da torre não foi em vão", orgulha-se.

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Esportes | 3:30

Ademir dos Santos, que pratica a escalada há mais de 30 anos, começou a erguer o paredão quando ainda não havia ginásios de escalada em Curitiba.

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