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Com os brasileiros entre os favoritos, o Mundial de Surfe começa na tarde desta quarta-feira (horário de Brasília). | Olivier Morin/AFP
Com os brasileiros entre os favoritos, o Mundial de Surfe começa na tarde desta quarta-feira (horário de Brasília).| Foto: Olivier Morin/AFP

Agora quem tira onda é o Brasil. Depois de anos e anos entrando no circuito mundial como azarões, os surfistas brasileiros passaram a dominar o esporte. Após o título inédito de Gabriel Medina em 2014, no ano passado Adriano de Souza e Filipe Toledo provaram que a ‘brazilian storm’ não é um exército de um homem só. Filipinho liderou o ranking em boa parte do ano e Mineirinho, consistente, levantou a taça no Havaí. O WCT de 2016 começa nesta quarta-feira, em Snapper Rocks, na Gold Coast da Austrália, com os brazucas na condição de favoritos e em busca do tricampeonato.

A tempestade brasileira entra reforçada. Além dos sete competidores que disputaram o WCT no ano passado, outros três se classificaram para esta temporada: Alejo Muniz, Alex Ribeiro e Caio Ibelli. Com dez representantes, o Brasil perde apenas para a Austrália, que tem 14 surfistas no circuito mundial.

Ainda se recuperando de uma lesão no ligamento do joelho esquerdo, Alejo não vai competir na etapa da Gold Coast, mas espera estar 100% para o campeonato de Bells Beach, no fim do mês.

Brazilian Storm

Antes mesmo da primeira bateria entrar na água o Brasil fez bonito na Austrália. Na noite de gala da World Surf League, a Liga Mundial de Surfe, seis brasileiros foram premiados. Adriano de Souza recebeu o troféu de campeão mundial; Lucas Silveira foi premiado como campeão mundial júnior; Italo Ferreira subiu ao palco para receber o troféu de estreante do ano no WCT; Filipe Toledo foi eleito a revelação da temporada e Gabriel Medina e Silvana Lima venceram com as melhores manobras.

Quando a sirene soar e anunciar o início das baterias, todos os olhos estarão sobre Adriano de Souza. Campeão no ano passado após uma disputa emocionante contra Mick Fanning e Medina, Mineirinho diz que vai entrar na água mais leve este ano, mas se alguém pensa que ele vai deixar de ser aquele competidor ferrenho de sempre, melhor esquecer.

“A ficha ainda não caiu e será estranho entrar na primeira bateria como campeão do mundo, mas tudo que conquistei agora é história. Uma história inesquecível, mas que não vai me ajudar a ganhar campeonatos. Estarei mais leve e relaxado, e espero errar menos porque talvez eu me cobrasse demais no passado, mas o espírito competitivo não acabará nunca. Quando acabar, me aposentarei, mas isso ainda vai demorar alguns bons anos”, disse Adriano, por e-mail.

A ficha ainda não caiu e será estranho entrar na primeira bateria como campeão do mundo, mas tudo que conquistei agora é história. Uma história inesquecível, mas que não vai me ajudar a ganhar campeonatos. Estarei mais leve e relaxado, e espero errar menos

Adriano de Souza, o Mineirinho, campeão mundial de surfe de 2015

Vencedor da etapa da Gold Coast no ano passado com um desempenho que deixou muita gente de queixo caído, Filipe Toledo acabou a temporada na quarta posição, tendo vencido ainda os eventos no Brasil e Portugal.

Com apenas 20 anos e dono de um surfe moderno, recheado de manobras aéreas que impressionam até mesmo seus rivais mais calejados, o garoto de Ubatuba é apontado por muitos como um futuro campeão mundial. Filipinho embarcou para a Austrália bem preparado, com 20 pranchas, incluindo uma cópia da que foi usada na convincente vitória de 2015.

“Sempre é bom voltar à Austrália, ainda mais para a Gold Coast. Estarei defendendo o título e não pretendo facilitar para ninguém. Esse time de brasileiros que está no circuito é muito forte e não tem sinal de estar disposto a largar o osso tão cedo. Podem esperar por muitas disputas eletrizantes este ano.”

Mick Fanning

O WCT de 2016 terá um desfalque de peso. Três vezes campeão mundial e vice nas duas últimas temporadas, Mick Fanning anunciou que pretende tirar um ‘ano sabático’.

Azarão?

Além do trio Medina, Mineirinho e Filipinho, outro brasileiro espera brigar pelo título de melhor do mundo este ano. Italo Ferreira, de 21 anos, estreou no WCT na temporada passada e surpreendeu muita gente. De novato desconhecido, chamado por sites estrangeiros de “Italo Who” (Italo Quem), a estreante do ano, o surfista potiguar derrubou favoritos e conseguiu resultados como um vice-campeonato em Portugal e um terceiro lugar no Rio, além de quartas de final em ondas grandes e pesadas em Fiji e Taiti. “Tive vários momentos marcantes, como o terceiro lugar no Rio, com toda aquela torcida, e as etapas de Fiji e Taiti, mas o segundo lugar em Portugal foi muito especial em todos os aspectos.” Italo terminou o ranking na sétima posição, na frente de Kelly Slater e Joel Parkinson.

“O ano passado foi definitivamente intenso, o que aconteceu em Jeffreys Bay, estar na disputa do título e a morte do meu irmão. Cheguei a um ponto no fim do ano que me senti vazio. Neste ano vou tirar um tempo de folga, para reagrupar as forças e reacender o fogo”, explicou.

O australiano vai competir nas duas primeiras etapas e disse que pretende também exorcizar seus fantasmas em Jeffreys Bay, na África do Sul, onde foi vítima de um encontro com um tubarão branco durante a final da etapa de 2015. “Quero voltar a J-Bay. Sinto que tem algo lá que eu quero ir e encarar. Quero ter certeza de riscar isso da minha lista.”

A saída de Fanning representa um favorito a menos na briga pelo título. Se por um lado é bom não ter um adversário do calibre do australiano na disputa, por outro lado mesmo os brasileiros admitem que Fanning fará falta no circuito.

“Um título nunca terá o mesmo peso se for vencido sem atletas como Mick, Kelly Slater, Joel Parkinson, mas estaremos brigando por ele de qualquer forma, com muita vontade de conquistá-lo”, diz Filipinho.

Gabriel Medina

Gabriel Medina: para cima dos “gringos”.Kent Nishimura/AFP

Primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial com a histórica campanha de 2014, Gabriel Medina entra ‘faminto’ nesta temporada. No ano passado, Medina começou mal o ano, com resultados fracos na Austrália, e chegou a ocupar a 20ª posição no ranking. Na segunda metade da temporada ele iniciou uma reação espetacular que o colocou na briga pelo título. No fim do ano, Medina acabou na terceira posição.

“Neste ano tive menos compromissos comerciais e com a imprensa. Sem dúvida os ‘gringos’ querem acabar com nosso domínio e cabe a nós manter o título em casa. Vou para cima”, avisa Medina.

Brasileiros favoritos e motivados, Slater tentando o 12º título mundial antes da aposentadoria, australianos querendo a todo custo acabar com o domínio verde-amarelo. A temporada do WCT promete muito. O que não faltam são candidatos ao título. Experimente perguntar a Adriano de Souza quem é o favorito.

“Difícil, né? Se eu colocar o nome dos 34 que estão competindo, vai caber nessa matéria?”

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