• Carregando...
Escola de surfe de Curitiba diz que o número de alunos dobrou. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Escola de surfe de Curitiba diz que o número de alunos dobrou.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Pela primeira vez na história como reduto de um campeão, o Brasil recebe a elite mundial do surfe desfrutando dos efeitos da conquista inédita. A partir desta segunda-feira (11), nas areias da Barra da Tijuca, à tradicional e concorrida etapa da World Surf League (WSL) se juntará uma nova legião de fãs arrebatados pelo fenômeno Gabriel Medina.

As manobras que levaram o garoto de apenas 20 anos ao topo da modalidade, em dezembro, inundaram a mídia e respingaram forte na procura por escolinhas de surfe, na compra de pranchas usadas para as primeiras incursões nas ondas, na movimentação das surf shops e em um olhar diferente para o esporte.

“Um país jovem como o Brasil, com uma costa de nove mil quilômetros, calor quase o ano todo e mesmo sendo celeiro, o surfe nunca tinha deslanchado. Tinha toda essa potencialidade travada. Era uma bomba relógio que teve efeitos explosivos após a conquista do Medina”, avaliou o diretor da Associação de Surfistas Profissionais na América do Sul, Roberto Perdigão.

“É fácil notar o impacto que tudo isso gerou com esse povo ainda mais aficionado. Mais gente surfando, mais respostas no mercado, venda de produtos. Ainda não é possível mensurar, quantificar os resultados porque estão todos ainda embriagados por esses fatos decorrentes da conquista do título mundial e da ascensão dos brasileiros”, acrescentou.

Medina é apenas o líder da nova geração das ondas, batizada de Braziliam Storm (tempestade brasileira). Nesse estado de êxtase, os organizadores da etapa do Mundial preveem como reflexo um recorde de público na orla Barra essa semana.

O apelo, contudo, se espalhou longe da costa. Em Curitiba, uma escola especializada em aulas de surfe simplesmente dobrou o número de alunos no fim de 2014.

“Assim que o Medina foi crescendo na competição, a gente tinha a expectativa de que aumentasse interesse. Ele começou a ter reais chances de título em setembro e aí passou a aparecer na mídia dia sim, dia não, e a procura foi aumentando. Passamos de 80 alunos em agosto de 2014 para 160 no verão”, conta o responsável pelo departamento comercial da Brasil Surf School, Lucas Elizeu Ruthes. Hoje são 140 matriculados.

O nome da escola também ajuda e desponta nas buscas pelo Google para quem quer se arriscar nas ondas. Já recebeu alunos de Belo Horizonte e São Paulo para treinos intensivos. Além da aula em piscinas de academias em Curitiba, o programa inclui surf day para prática no mar.

“O Medina garantiu uma exposição inédita para o esporte. Houve um aumento de interesse nesse verão. Tanto pela procura nas escolinhas de surfe, como mais gente surfando aqui no Paraná”, avaliou o presidente da Federação Paranaense de Surfe, Leonardo Bail. “A distância dos veranistas do litoral e o custo do esporte atrapalham um pouco”, ponderou.

Shapper (fabricante de pranchas) e professor de surfe há uma década, Gustavo Rattmann identificou uma mudança na sua produção de trabalho que credita à maior visibilidade do surfe. “O que eu senti este ano foi uma procura bem maior por pranchas usadas. Bem mais do que por novas. Colocava o anúncio de uma prancha seminova e vendia na hora. Pessoas se empolgaram a começar a surfar e daí não gastam tanto logo de cara. Por isso o interesse por uma prancha mais barata”, comentou direto de Saquarema, que recebeu uma etapa da Divisão de Acesso do surfe durante a semana passada.

“O interesse foi tanto de pessoas mais velhas, entre 35 e 50 anos, para eles próprios surfarem, como também para incentivar que os filhos entrem no esporte. Hoje você vê as crianças pedindo autógrafos, sonhando em se tornar surfistas. Mudou o perfil”, comentou, sobre o apelo do ‘Neymar das Ondas’.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]