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"Vôlei de praia é um esporte em equipe". A frase sai tão fácil e repetidamente da boca do veterano Emanuel que pode correr o risco de parecer um clichê. No caso do longevo campeão das areias, nada disso. Aos 40 anos e 151 títulos, o paranaense trata o jogo em duplas como uma competição que depende de um conjunto por um motivo simples: é uma questão de sobrevivência.

INFOGRÁFICO: Confira os números de Emanuel

Se após a conquista da prata na Olimpíada de Lon­­dres-2012, Emanuel chorou ao admitir que talvez o corpo não aguentasse mais um ciclo olímpico até os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, quando terá 43 anos, agora ele reconsidera a possibilidade de chegar à sexta Olimpíada, em uma carreira que começou em Curitiba quando tinha 17 anos. Para tanto, segue ampliando o leque de profissionais que o cercam, escolhendo-os com o mesmo cuidado com que decide qual jogada fará em quadra.

O curitibano tem ao seu redor o apoio de pelo menos oito profissionais do esporte que o acompanham diretamente. As escolhas mais aparentes, claro, são os companheiros de time. A mais nova delas, anunciada no fim do ano passado, é o carioca Pedro Solberg, 27 anos, e rendeu os primeiros frutos no começo deste mês, com o título da etapa de Natal do Circuito Brasileiro. "Nunca imaginei jogar ao lado do Emanuel, um cara que eu via jogar quando eu ainda era criancinha", declarou Solberg.

Emanuel admite que Pe­dro, apesar do currículo de vitórias – é o atual campeão brasileiro – não era a primeira opção. O plano ideal seria combinar um jogador ainda mais alto e jovem para quem pudesse passar sua experiência e ter, em troca, toda a força e velocidade.

"Minha primeira conversa com o Pedro era montar o time para as cinco etapas do Brasileiro. Ele é muito guerreiro. Tinha conversado com o Evandro [22 anos, 2,10 m], que é um ótimo bloqueador, mas ele vinha muito fechado com sua dupla, o Vitor, em termos de patrocinadores. Eu já tinha jogado um Rei da Praia com o Pedro, o jogo flui rápido", elogia Emanuel. A dupla joga neste fim de semana a etapa de João Pessoa do Brasileiro.

É preciso colocar na conta também o apoio da esposa, a ex-jogadora Leila. O pa­­pel dela é ser compreensiva com a rotina puxada de atleta. Além disso, a hoje dirigente do time de Bra­­sí­­lia na Superliga foi quem apresentou ao Mano, apelido do marido, a técnica Letícia Pessoa e o fisiologista Paulo Figueiredo, hoje figuras centrais na preparação do jogador. Sem contar que foi o casamento dos dois que fez Emanuel trocar a Paraíba pelo Rio de Janeiro e pedir o fim da parceria com Ricardo, em 2008, para iniciar um novo ciclo, ao lado do capixaba Alison.

Foi para trabalhar com essa dupla que dois novos profissionais se juntaram: o preparador físico Ricardo Inocêncio e a psicóloga Sâmia Hallage. O objetivo: fazer a dupla finalista na Olimpíada de Londres. Conseguiram. "O Emanuel amadureceu muito, está querendo cada vez mais prolongar a carreira, busca todos os artifícios para isso e nunca está satisfeito", resume Letícia, também técnica da seleção brasileira masculina de vôlei de praia.

No grupo, chegaram recentemente o biomecânico Gustavo Leporace e o bioquímico Luiz Claudio Cameron, que têm a missão de potencializar "a vida útil" do atleta, avaliando como fazê-lo usar melhor sua energia, recuperar-se melhor e executar melhor seus movimentos, mantendo-se à frente dos seus adversários.

"Estão querendo aposentar o Emanuel, mas ele segue vencendo. Ele é diferente dos outros. Tem qualidades de fisiologia, metabolismo que os outros não têm. É um prodígio, um beija-flor, paira no ar. Faz uma leitura do jogo muito boa, tem experiência. Na parte mecânica, faz tudo direitinho. Tudo o que faz para si, temos incorporado na seleção. Se não houver nenhum imprevisto, vai jogar e bem em 2016", diz Paulo Figueiredo.

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