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Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA | Divulgação/Polícia de Plam Beach
Ficha da prisão de Sônia Hadad Hernandes, divulgada pela polícia de Palm Beach, nos EUA| Foto: Divulgação/Polícia de Plam Beach

A conversa é sempre a mesma em ano de Jogos Pan-Americanos ou de Olimpíadas. A cada entrevista em que falam de seus desempenhos dentro de quadras, tatames e piscinas, os atletas de alto rendimento do Paraná aproveitam o espaço na mídia para criticarem a falta de uma política esportiva no estado, a chamada Lei de Incentivo ao Esporte.

Os desamparados pelo governo se acostumaram na verdade a disputar uma espécie de torneio classificatório paralelo àqueles que lhes garantem o índice técnico. É a chamada "confirmação da vaga", que depende muito mais da boa vontade política – leia-se patrocínio público – do que do esforço individual dos competidores.

Sem visibilidade suficiente que lhes garantam o incentivo de empresas privadas, a alternativa dos "amadores" para obter o dinheiro necessário para custear as despesas básicas (viagem, hospedagem e alimentação) é bater à porta do poder público. Como o Palácio Iguaçu, via Paraná Esporte, passou a canalizar todos os investimentos no fomento do esporte de base, os atletas precisam abusar da criatividade se quiserem entrar no seleto grupo dos atletas olímpicos do Paraná.

É o caso de Rodrigo Bastos, líder do ranking brasileiro e principal nome do tiro esportivo do país. Bastos só não abriu mão de concorrer a uma vaga no Pan-07, em julho, no Rio de Janeiro, porque obteve uma pequena ajuda de custo da prefeitura de Guarapuava, na Região Centro-Oeste do estado, cidade em que mora.

Juntamente com as economias guardadas dos atendimentos no consultório odontológico, o atirador/dentista arrecadou o dinheiro suficiente para confirmar presença nas seletivas da fossa olímpica, entre fevereiro e março, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. "Não estou sentido ajuda nenhuma. E sem esse apoio governamental, nós, atletas, ficamos de mãos atadas", disse o medalhista de prata no Pan de Santo Domingo, na República Dominicana, em 2003.

"Precisamos de algo concreto, que nos ajude a fazer uma preparação adequada. De nada serve chegar na véspera e sair algum tipo de ajuda. Isso serve apenas para fechar alguns buracos", completou ele, que confirma ter recebido apoio do governo Roberto Requião para a construção de um estande de treinamento (ainda inacabado), também em Guarapuava, há três anos.

Pentacampeão brasileiro de triatlo e um dos poucos paranaenses a ter participado de duas Olimpíadas – Sidney 2000 e Atenas 2004 –, Juracy Moreira Júnior se viu obrigado a arrumar as malas e partir para o Distrito Federal em busca de apoio no ano passado. Lá, além de diminuir os custos de treinamento, ele conseguiu uma bolsa de estudos de uma universidade particular – cursa o terceiro semestre de Direito. Representar Blumenau (SC) em competições completa a "Torre de Babel" do triatleta. O fato de ter "traído a terra" faz Juracy ser ainda mais contundente nas críticas.

"O Requião nunca foi muito fã de esporte, por isso não há sequer uma secretaria específica – a Paraná Esporte é apenas uma autarquia, que não tem autonomia nem verba", afirmou ele, que é patrocinado também pela Clight, marca de sucos em pó da Kraft Foods, multinacional com sede em Curitiba. "É o atleta de alto nível que forma os futuros campeões. Se não existir um Guga, um Gustavo Borges e uma Daiane dos Santos, ninguém pratica esporte."

O coro dos insatisfeitos ganha intensidade com a londrinense Natália Falavigna, campeão mundial e quarta colocada no tae know do nos Jogos de Atenas.

"Nunca recebi ajuda do governo. Ou são meus pais ou outros setores. É triste ver um estado, soberano no esporte, deixar isso de lado. Temos que pensar em tudo, na revelação de atletas e também nos ídolos", comentou ela, que trocou Londrina por São Caetano do Sul (SP) em busca de desenvolvimento para os seus treinos.

"Não posso culpar o governo. Se não há uma política definida, fica difícil escolher algum caminho. Eu faço a minha parte, que é procurar vencer e provar que Londrina e o Paraná têm atletas de alto nível", complementou a lutadora.

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