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Ricardo Teixeira, presidente licenciado da Confederação Brasileira de Futebol, tem 180 dias para voltar ao cargo ou perde o mandato, que começou em 16 de janeiro de 1989 | Pedro Serápio/ Gazeta do Povo
Ricardo Teixeira, presidente licenciado da Confederação Brasileira de Futebol, tem 180 dias para voltar ao cargo ou perde o mandato, que começou em 16 de janeiro de 1989| Foto: Pedro Serápio/ Gazeta do Povo

Opinião

É o fim de Ricardo Teixeira?

• Leonardo Mendes Jr.

"Não. Ele é o idealizador e o símbolo de uma estrutura viciada que vai continuar viciada e funcionando independentemente da presença dele."

• Aírton Cordeiro

"Não. Continua com os vassalos dele na CBF, muitos dos quais a gente já conhece. Serão os porta-vozes da vontade dele. Eu preferia que ele tivesse pedido demissão."

• Luiz Augusto Xavier

"Eu tenho a impressão que ele está preparando a saída. Não sei se vai ser nesta licença ou em outras. Ele percebeu que o tempo dele passou."

• Edson Militão

"A saúde dele está dificultando, mas ele é muito pedante para desistir da CBF com facilidade. Está na UTI do cargo, mas não quer desligar o aparelho."

Em um comunicado curto e objetivo, o presidente da Confe­­de­­ração Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, anunciou on­­tem aos dirigentes das 27 federações estaduais que se licenciou do cargo. Ele informou que a entidade será comandada pelo vice-presidente da Região Sudeste, José Maria Marin, ex-governador de São Paulo.

"A todas as federações filiadas, eu, presidente, informo a vossa senhoria que designei o vice-presidente José Maria Marin para substituir-me interinamente no exercício da presidência da CBF." O texto foi enviado por e-mail no fim da tarde. Ricardo Teixeira não justifica o motivo da decisão, tampouco estabelece o prazo da licença.

Para a maioria dos dirigentes, a saúde do presidente de 64 anos foi determinante. Internado em 2011 com um quadro de diverticulite – inflamação no cólon, órgão ligado ao intestino –, Ricardo Teixeira não comparecia à sede da entidade desde quarta-feira da semana passada.

Ele está em Miami, com a esposa e a filha mais nova. As informações preliminares são de que seria submetido a uma colonoscopia para avaliar a gravidade do problema. A partir daí, tomaria a decisão sobre a duração de sua licença.

De acordo com o presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto, o afastamento pode ser por até 180 dias, renováveis por mais 180. "Estudei com minha equipe o estatuto da CBF desde quando começaram a circular informações de que ele deixaria a presidência. Há esta interpretação, graças a uma combinação de artigos", declarou.

Peixoto é advogado e professor de direito penal e prática forense. "Ele pode ficar fora 180 dias, voltar e exercer o cargo por uma semana ou um mês e depois sair de licença pelo mesmo período", prosseguiu Peixoto.

Para o presidente da Fede­­­ra­­ção Gaúcha, Francisco Novel­­letto, o prazo máximo da licença também é de seis meses. Nos dias que antecederam a assembleia, Novelletto liderou um movimento a favor da convocação de eleições em caso de renúncia de Ricardo Teixeira.

O grupo formado por sete federações – entre elas, algumas das principais, como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná – era contrário à posse de Marin, o vice-presidente mais velho (tem 79 anos), que, de acordo com o estatuto da CBF, era quem deveria assumir.

Os dirigentes não queriam que o poder caísse nas mãos do presidente da Federação Paulis­­ta, Mar­­co Polo Del Nero, padrinho de Marin na CBF. O grupo chegou a ser chamado de G7 ou "rebelde" pelos colegas, mas foi contido pela garantia do presidente de que não renunciaria.

Como trata-se de licença e não renúncia, Ricardo Teixeira poderia ter optado por qualquer um dos cinco vices da CBF. Após receber o comunicado, nesta quinta, Novelletto disse que "no momento, não há nada o que fazer".

"Agradar, não agrada a mim ou a ninguém. Mas respeito o direito dele", declarou, referindo-se à transmissão do cargo para José Maria Marin. O vice da Região Sudeste assume hoje.

Ainda na assembleia da semana passada, Novelletto pediu a Ricardo Teixeira que, em caso de licença, fizesse um revezamento entre os suplentes. Mas não obteve resposta do dirigente. "Ele ficou calado. Eu esperava ter colocado a ideia na cabeça dele", contou o dirigente gaúcho.

Também um dos que defendiam eleições em caso de renúncia, o presidente da Federação Paranaense, Helio Cury, afirmou que não se opõe à posse de Marin no momento, que se­­gundo ele "é legítima, está de acordo com o estatuto".

"Senti­­mos logo na assembleia [realizada em 29 de fevereiro] que ele iria se afastar. O Ricardo estava muito abatido, iria fazer exames médicos complexos", disse o dirigente do Paraná.

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