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St-Pierre finaliza a luta contra BJ Penn | Fotos: Divulgação/UFC
St-Pierre finaliza a luta contra BJ Penn| Foto: Fotos: Divulgação/UFC

St-Pierre mantém título dos meio-médios e Machida vence duelo brasileiro

Aos vencedores a glória, aos derrotados o hospital. Nas duas lutas mais esperadas do UFC 94, o canadense Georges St-Pierre e o brasileiro Lyoto Machida arrasaram seus adversários BJ Penn e Thiago Silva, respectivamente, a ponto de eles precisaram ser atendidos no Hospital Valley, próximo ao Hotel MGM, em Las Vegas, onde aconteceu o evento. Duas surras que incendiaram a Garden Arena, lotada por 14 mil fãs. Ambos os lutadores passam bem.

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  • Lyoto Machida ataca Thiago Silva no duelo brasileiro
  • Sequência do voo de Thiago Tavares (calção branco) com Manny Gamburyan

Torcer para quem? Para um atleta profissional ao extremo como o canadense Georges St-Pierre? Ou para o havaiano boa praça BJ Penn, que treina a quatro metros de profundidade nas águas transparentes do arquipélago, sem nenhum equipamento de mergulho e correndo com uma pedra enorme nas mãos? Valia mais apostar na adrenalina de Thiago Silva, personagem de história sofrida de abandono e drogas que deu a volta por cima graças à luta? Ou na disciplina do moço sério Lyoto Machida e seu caratê moldado com o trabalho em família?

O resultado importou pouco no meu primeiro contato com o universo do Ultimate Figthing Championship (UFC). De algumas madrugadas sonolentas em frente da televisão para ver lutas dos curitibanos Wanderlei Silva e Maurício Shogun a uma cadeira a menos de cinco metros do octógono mais famoso da luta mundial. A dimensão do evento foi um golpe.

A pesagem na véspera da luta, mera formalidade para a imprensa em esportes como o boxe, deu indícios do que seria o confronto. Cerca de 5 mil pessoas foram à Grand Garden Arena para ver seus ídolos por poucos segundos. Vídeos sobre a vida e a preparação dos atletas, músicas fortes, muita provocação e cara feia turbinaram o público. O UFC é um show.

Mas também é um imenso negócio. Os melhores lutadores do mundo estão aqui, as lutas são transmitidas para cem países, a marca UFC vale mais de US$ 1 bilhão e nem a crise mundial atrapalha. "Continuamos crescendo. Nosso negócio é muito agressivo. Queremos estar no mundo todo", avisa o presidente Dana White, que contabilizou US$ 5 milhões de renda pelo evento de sábado.

No dia da luta, a legião de carecas (90% não têm cabelo, igual à maioria dos lutadores) fortões, com uniformes de academias e roupas alusivas ao evento dividiu espaço com senhoras, homens de terno e gravata, moças com muita maquiagem e pouca roupa e celebridades, como o artista Michael Duncan (do filme À Espera de Um Milagre) e o vocalista do Red Hot Chili Peppers, Anthony Kiedis, que torceu em vão por BJ Penn. Tudo na maior harmonia. Menos de dez policiais podiam ser vistos em um evento para 14 mil pessoas – que no Brasil seriam consideradas potencialmente violentas, um estigma que o UFC quer vencer.

No ringue, o clima era outro. Havia entrado no octógono profissional no dia anterior, na academia do Wanderlei Silva em Las Vegas, e imaginei a sensação de alguém estar preso ali com outro querendo te bater. Pensei o quão horrível devia ser ficar prensado naquela grade dura. E ali na Arena estavam os lutadores na minha frente sendo esmagados, com alguém martelando suas cabeças aos socos.

Ao mesmo tempo em que os golpes chocam, hipnotizam. O público fica vidrado na pancadaria. E quanto pior, melhor. Tudo com muitas luzes, música envolvente, mas também com a segurança de médicos e até cirurgião plástico para reparar os estragos quando necessário.

Decidi torcer para o atleta mais "corajoso" do UFC 94. Simpatizei com o japonês Akihiro Gino e sua divertida peruca black power na pesagem. Até aí, tudo bem. Na luta, ele e dois integrantes de sua equipe apareceram vestidos de mulher, com um modelito longo de paetê, peruca, óculos e direito a dancinha coreografada. O fanfarrão acabou levando uma surra do americano Jon Fitch. Mostrou que ainda entendo muito pouco de vale-tudo. E que o evento vai muito além do que se imagina.

A jornalista viaja a convite do UFC.

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