Queda anunciada

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A derrota para o Cascavel não acabou após o apito final do árbitro Ni­­lo Neves. A pressão dos torcedores atleticanos esquentou ainda mais o clima no Furacão e acabou resultando ontem na queda do técnico Sérgio Soares.

O treinador foi um dos principais alvos das reclamações atleticanas em relação ao desempenho ruim no Olímpico Regional. Os âni­­mos estavam tão exaltados na saída dos jogadores do estádio que o Rubro-Negro teve de pedir escolta policial até um hotel da cidade.

No local, onde o grupo iria jantar antes de voltar para Curitiba, mais integrantes da torcida organizada protestava. Além do técnico, o goleiro João Carlos e o meia Bran­­quinho foram os mais hostilizados pelos indignados. Quem tomou as dores dos companheiros foi o ar­­gentino Nie­­to – chegou a discutir brevemente com os rubro-negros presentes.

A pressão deteriorou de vez a relação entre os jogadores e o treinador. Antes do vexatório 2 a 0 no Oeste do estado, o ex-comandante chegou a insinuar – nos momentos de privacidade do elenco – que atletas estavam dispostos a derrubá-lo (versão não confirmada por atletas ouvidos pela reportagem).

Cena emblemática dessa crise foi a substituição de Wagner Diniz, a um minuto do fim do primeiro tempo da partida contra o Iraty.

O gesto desgastou o técnico.

A relação se tornou – diante do conjunto da obra, com o desfecho em Cascavel, segundo o olhar da diretoria – insustentável.

Percebendo o clima, Soares se des­­ligou antes de receber o "muito obrigado". Já quando tu­­do estava consumado e a queda pi­­pocava na internet, o treinador se manifestou via assessoria de imprensa.

"Agradeço a oportunidade da di­­retoria e desejo boa sorte ao Atlé­­tico", afirmou ele, em uma nota que não cita que pe­­diu demissão. Po­­rém, o diretor de futebol atleticano, Valmor Zim­­mer­­mann, ad­­mitiu que partiu do ex-comandante a atitude de sair do Furacão.

Sérgio Soares chegou na Bai­­xa­­da no desfecho do Brasileiro de 2010 para substituir Paulo César Carpegiani e manteve a base do an­­tecessor, conseguindo o 5.º lugar no campeonato nacional.

Na atual temporada, quando teve a responsabilidade de montar a equipe que tinha perdido três dos seus principais jogadores – o go­­leiro Neto, o zagueiro Rhodolfo e o volante Chico – não teve o desempenho esperado.

A limpa atleticana não deve pa­­rar por aí. O Atlético não confirma, mas o volante Claiton, que ia ser dis­­pensado e ficou por causa de uma possível negociação com o Atlético-GO, deve puxar a fila.