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É uma chatice ouvir clichês do tipo "que tempo maluco, hein!" ou "você viu fulano de tal, quem diria!", e por aí vai. Lugar-comum soa para mim como falta de assunto e tagarelice do óbvio. As pessoas sem criatividade parecem buscar manivelas para acionar o motor do velho Ford bigode. E se a máquina pega o papo acelera e vai longe. Quilômetros de conversa jogados fora. Geralmente quando o diálogo começa com chavão acaba sem conteúdo.

Mas hoje (ontem) é Dia da Criança e com elas aprendemos a criar, a inovar e a reinventar. Pois então: que tal essa mudança de temperatura, hein? Bem, o clima, pelo menos internamente, até que estava bom lá pelas bandas da serena baixada e eis que de repente se forma um redemoinho com ares de tormenta.

Até então havia sopros constantes de denúncias externas no polêmico projeto da Arena da Baixada. Agora, o temporal interno parece iminente. O ippon que o presidente Mario Celso Petraglia tentou aplicar afastando Cid Campêlo Filho de suas funções, pode não passar de um waza-ari. A luta não acabou e o deposto companheiro de diretoria levantou do tatame e não quer sair depois de ter tomado o golpe.

Pelo contrário, o conselheiro rubro-negro e ex-secretário do governo Lerner, reagiu dizendo que só deixará os cargos que ocupa por anuência própria ou decisão judicial, e questiona ainda o lado moral e ético quanto ao nepotismo na escolha de um filho e de um primo de Petraglia para setores lucrativos da reconstrução do estádio.

Campêlo pode vir a ser ou não o novo Pedro Collor ou Roberto Jeferson dos episódios políticos que culminaram com o impeachment e o mensalão. Não saberei dar agora um prognóstico sobre o desfecho. A verdade é que os atleticanos e a sociedade paranaense de um modo geral têm o direito de saber que diabo de poeira está saindo pelo funil desse novo torvelinho. Por quê? E quem de fato estaria no olho do novo furacão?

Por essas e por outras é que a sociedade civil exige transparência em tudo que é público. Mesmo não havendo dolo, há de se ter bom senso e esclarecimentos. O mundo está passando por um processo de sustentabilidade, onde o desperdício é muito sério. A primeira grande obra da Arena, um dos mais belos projetos da América Latina, custou U$ 30 milhões e foi inaugurada – pelo tamanho e modernidade da obra – recentemente, em 1997. Nova derrubada e lá se vai um gasto de R$ 184 milhões. Mero capricho e exigência da Fifa?

Para os senhores dos anéis e todos aqueles que não são transparentes à sociedade civil, deve ser uma chatice esse tipo de questionamento. Lugar-comum, talvez digam. Clichê jornalístico, podem até pensar. Mas a queda brusca de temperatura de ontem para hoje obriga que o bom senso profissional e a responsabilidade coletiva nos façam acionar o alerta máximo. Como prevenção.

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