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Willy Gonser na Rádio Itatiaia, de Minas, onde fez história. | /Reprodução Youtube
Willy Gonser na Rádio Itatiaia, de Minas, onde fez história.| Foto: /Reprodução Youtube

O narrador William Gonser, mais conhecido como Willy Gonser, era enciclopedista, memorioso, de saber velhas escalações completas, e de dar às narrações do rádio as tonalidades vibrantes que ultrapassam a imagem e acabam se incorporando no imaginário popular.

Curitibano, filho de pai alemão e de mãe paranaense, nascido em 13 de outubro de 1936, Gonser narrou, em 60 anos de carreira, onze Copas do Mundo, a primeira em 1962, bicampeonato da Seleção Brasileira no Chile, transmissão pela Rádio Gaúcha. Exceto o Mundial de 1966, esteve em todas as coberturas de Copas até 2006.

Iniciou a carreira na Rádio Marumby, da capital paranaense, em 1953, com reportagem de rua e cobertura do noticiário local. A partir de 1955, após um companheiro de trabalho ter um mal súbito, teve a primeira oportunidade de trabalhar com jornalismo esportivo. Não saiu mais.

Em 1959, mudou-se para Porto Alegre, onde começou a trabalhar na Rádio Gaúcha. Quando cobriu a primeira Copa, balançou a hegemonia de cobertura das rádios paulistas e cariocas, predominantes em Mundiais fora do Brasil. Quando voltou do Chile, já era reconhecido como um dos maiores comunicadores brasileiros, figura reconhecida na rua. Foi o primeiro namorado de Elis Regina.

Em 1963, Gonser retornou à Curitiba para viabilizar o ambicioso projeto jornalístico da Rádio Independência. Chefe de redação, implantou um modelo rigoroso de cobertura diária de clubes, com plantões que iam dos bastidores detalhados de Coritiba, Atlético, Ferroviário e Água Verde a repórter dormindo em concentração para acompanhar café da manhã de delegação.

Gonser também está intrinsecamente ligado à história do Atlético Mineiro. Conhecido como “A Voz do Galo”, começou a narrar os jogos do clube mineiro em 1979, pela Rádio Itatiaia. O “mais completo do Brasil”, como era chamado pela torcida do alvinegro, popularizou os gritos de ‘É gol! É do Galo!’. Imortalizou alcunhas como “Bomba de Vespasiano” para Eder Aleixo e “Gigante de Formiga” para Eder Lopes. Em 2002, recebeu o Galo de Prata, maior honraria do clube.

O narrador aposentou-se em 2009 e foi morar em Alcobaça, na Bahia. Voltou ao rádio em 2015 como comentarista e chefe de esportes da Rádio Inconfidência, onde permaneceu por seis meses.

Tinha a inteligência da simplicidade, que ia da erudição literária ao modo de se vestir – colegas diziam, em tom irônico, que Willy tinha predileção pelas calças de abrigo. Sabia traduzir as leituras diversificadas em política e economia de modo sucinto, sem pedantismos. Amante da pontualidade, exigia que as suas equipes de jornalismo fossem além da mera descrição factual.

Gonser tinha português perfeito, dicção precisa. Não entendia as novas gerações de narradores de rádio que narram atropeladamente, com pouca compreensão do que dizem, ou que não narram gols do adversário, o que julgava desrespeitoso e um tanto sem inteligência.

Gostava muito de bilhar, de cerveja e de jogar futebol nas horas vagas, quando vestia a 9 e se aventurava como centroavante de referência, rompedor. Morreu nesta manhã de terça-feira (22), em decorrência de uma pneumonia.

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