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"Temos de pegar todos. Se algum corrupto sair ileso, vai deixar a semente." Assim o árbitro Evandro Rogério Roman encerrou o depoimento que revelou nomes e escancarou evidências sobre a manipulação de resultados no futebol paranaense.

O testemunho ocorreu ontem, durante concorrida sessão no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR). O juiz do quadro da CBF chegou ao auditório com o apoio de outros 12 colegas de profissão. Acusou sem mostrar provas – mas deixou evidências que convenceram o auditor do inquérito, o promotor Otacílio Sacerdote Filho.

Roman apontou um grupo de árbitros da capital como membros de uma máfia para extorquir dirigentes e arranjar resultados. "Amorety Carlos da Cruz e Carlos Jack Rodrigues Magno são os líderes", abriu, com as mãos trêmulas e cercado de câmeras.

"Além disso, gente como Antônio Salazar Moreno, José Francisco de Oliveira (o Cidão), Sandro César da Rocha e Marcos Tadeu Mafra estão neste jogo sujo", completou. O último mediou o Atletiba decisivo no Estadual de 2004.

Uma carta anônima endereçada ao TJD-PR foi a senha para abrir a caixa-preta. No documento, lido em público pelo relator, já eram citados esses apitadores como pessoas ligadas ao "Bruxo" (o ainda desconhecido operador do esquema). Em seguida, Roman confirmou tais acusações e abriu um repertório de casos de corrupção.

Roman contou que um dirigente do Foz falou em entrevista ao Canal 21 da região que determinado árbitro havia pedido hospedagem em um hotel quatro estrelas, com acompanhante, e dinheiro para gastar no Paraguai como troca por favorecimento no gramado. "Pelo levantamento que fiz, só poderia ser o Magno, Mafra ou Maurício (Batista dos Santos)", disse, descartando que fosse o último.

Em outro episódio, insinuou manipulação na Série Prata de 2004. "Toledo e Foz jogavam e o Cidão estava no comando. No mesmo horário, Engenheiro Beltrão e Cascavel se enfrentavam com o apito do Mafra. Temos testemunhas de que no intervalo e fim desses jogos, os dois juízes se telefonaram via celular para saber se deu tudo certo."

Moreno – que trabalhou em Operário e São José, o estopim para o mensalão no apito – também não passou impune. "Em 2000, ele estava na escala de Batel x Rio Branco, no entanto foi afastado pelo José Carlos Marcondes (então presidente da Comissão de Arbitragem). Havia uma denúncia e o Gérson Antônio Baluta foi convocado de última hora. Este pode confirmar isso...", atacou.

O técnico desempregado Itamar Belasalma acabou envolvido. "O Toni Almeida, dirigente do Cascavel, ouviu desse treinador que com R$ 20 mil, tipo pacote, dava para garantir a classificação. Esse não aceitou a proposta, mas contou a história em entrevistas."

Após quase uma hora de depoimento, Roman deixou comovido o responsável pelas investigações. "Hoje é um dia inesquecível para a arbitragem do futebol do Paraná", encerrou Otacílio Sacerdote Filho.

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