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Imbituba, SC – Andy Irons segura um cigarro aceso com a mão direita e uma lata de cerveja com a esquerda. No rosto, um sorriso que freqüentemente vira gargalhada, em meio a tentativas frustradas e desconexas de falar português. São 23h25 de segunda-feira, a cidade é Florianópolis e o tricampeão mundial de surfe se prepara para embarcar em um iate para participar de uma festa de seu patrocinador, a Billabong. Enquanto bebidas – especialmente energéticos – são distribuídos para os convidados, o barco dá voltas em torno da ilha até o amanhecer.

Irons não precisaria dizer nada para se entender que ontem, o dia seguinte ao "festerê", novamente não haveria ondas na Praia da Vila, em Imbituba. Não diz mesmo. E com uma toca vermelha enterrada até as orelhas, o surfista sorri exageradamente na companhia da esposa, Cindy, e do amigo australiano Joel Parkinson.

Com o título decidido por antecipação, e sem a presença do campeão Kelly Slater – que ainda não chegou no Brasil e nem se sabe se realmente virá – o surfista havaiano, atual número 2 do ranking mundial, virou a atração principal da 10.ª etapa do WCT, a antepenúltima da temporada. E se com ondas por enquanto pequenas da Praia da Vila Irons ainda não deu show e precisou da repescagem para chegar à terceira rodada, fora da água o surfista vem surpreendendo. Está simpático e receptivo.

Na mesma segunda-feira à noite apareceu de surpresa no lançamento do filme de Parkinson, Free as a dog (Livre como um cachorro). Tirou fotos com o público e respondeu a várias perguntas com bastante bom humor. Uma delas, exatamente sobre esse antagonismo com Slater, que é considerado o bonzinho do circuito, enquanto Irons carrega a fama de mal.

"Mas eu estou aqui, né", afirmou o surfista, enquanto Parkinson alfinetava: "Acho que ele (Slater) está desrespeitando o público brasileiro".

Pela regra, um surfista só pode desistir de uma etapa do WCT por motivos de contusão. O motivo apresentado por Slater para burlar a rotina de competições foi o casamento da mãe. Irons resolveu vir e deixar rolar. E se divertir.

Na festa, dançou loucamente ao som eletrônico da pista do primeiro andar do iate Casablanca e, estranhamente, quando começou a chuviscar do lado do fora – a certeza de nada para fazer no outro dia – sumiu. Já eram entre 2 e 3 horas da madrugada de ontem, e pela manhã as ondas não apareceram mesmo.

O jornalista viaja a convite da Associação dos Surfistas Profissionais.

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