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Abel Braga faz várias mudanças no Internacional | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Abel Braga faz várias mudanças no Internacional| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Santa Quitéria ou Osternack, Nova Orleans ou Santíssima Trindade. Destes confrontos, marcados para hoje, às 15 horas, saem os dois novos integrantes da Divisão Especial da Suburbana, em 2008. Não há vantagem de resultado para ninguém – as duas partidas de ida acabaram 0 a 0. Empate nos 90 minutos leva a decisão para a prorrogação e, persistindo a igualdade, à disputa por pênaltis.

Em campo estarão figuras que, à maneira da "boleiragem", simbolizam a amizade e o amor ao esporte típicos da Suburbana. Um deles é o zagueiro Zico, de 34 anos, capitão do Santa Quitéria. Dono de uma loja de escapamentos em Campo Largo, há 22 anos ele concilia o trabalho com o compromisso nos precários gramados dos bairros. "A amizade e a confraternização após os jogos faz tudo valer a pena", ressalta o "becão" do Quitéria.

O clima de alegria predomina graças também a jogadores como o vendedor Eriqson Reis, ou simplesmente Eri, como é chamado pelos amigos e companheiros do União Nova Orleans. Quando todos estão concentrados pensado no jogo, ele costuma quebrar o gelo nos vestiários.

"Para descontrair o ambiente e dar umas risadas, a gente coloca um apelido aqui, tira um sarrinho de lá. Mas sempre respeitando os amigos", lembra o volante, de 24 anos, que já passou pelo juvenil do Atlético e desistiu de ser profissional para aproveitar uma oportunidade de emprego.

Enquanto alguns "desencanam" do profissionalismo, outros ainda acalentam o sonho de viver do futebol. É o caso de Jean Barbieri, de 22 anos, que está há três na Suburbana. "Pretendo continuar e evoluir cada vez mais em busca de uma chance. Quem sabe ela aparece", revela o zagueiro que, segundo o técnico Joaquim Bezerra, é um dos principais responsáveis pela boa campanha do Osternack.

O time da Zona Sul não treina e só se encontra na hora dos jogos, a exemplo do que acontece também com o Santíssima Trindade. Santa Quitéria e Nova Orleans fazem um treino semanal, às quintas-feiras.

Mas isso não é obstáculo para quem está acostumado a superar o sono e o cansaço para jogar, como o volante Davidson Andrade, o Té, capitão do Trindade. Ele trabalha noite adentro, das 21 horas até às sete da manhã na linha de produção de uma fábrica de eletrodomésticos. "Quando tem jogo, chego em casa às 7h30, durmo até o meio dia e vou jogar", explica o zagueiro, que faz questão de ressaltar que, embora o seu time não tenha condições de treinar e nem esteja entre os mais tradicionais, a união do grupo pode fazer a diferença.

"O nosso time é de vila mesmo. Todo o pessoal é do Cajuru, e se chegamos até aqui é porque podemos surpreender", exaltou o operário da bola.

Na semifinal de hoje, Osternack e Trindade chegam como azarões. Jogando em casa, com mais estrutura e tempo de estrada no futebol amador, Santa Quitéria e Nova Orleans são considerados favoritos ao acesso. "O Santa Quitéria é um grande clube da suburbana e não merece estar na Primeira Divisão. Seu lugar é na Especial", ressalta Zico. Do outro lado, a força para reverter o favoritismo adversário vem da intimidade com a bola lapidada nas canchas da periferia. "A falta de treinos pesa mais no aspecto físico, porque na técnica damos um jeito", diz Jean.

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