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Petraglia disse ao Conselho Deliberativo do Atlético que não responderia mais às denúncias e acusações contra ele pela imprensa, mas somente perante os conselheiros. Atitude compreensível, não necessariamente a mais inteligente. O Conselho atual formou-se em torno de Petraglia e foi eleito junto com ele. Natural que seja mais amigável às posições defendidas pelo dirigente. É assim no Atlético e na maioria dos clubes brasileiros, que adotam um sistema propício para formar conselhos subordinados à presidência.

Um prato cheio para Petraglia, pouco acostumado a conviver com opiniões contrárias à dele. Basta ver a passagem do dirigente pelo Twitter. As críticas de torcedores comuns de arquibancada transformaram em peneira a teoria conspiratória que sempre salvou os dirigentes nos momentos de crítica. Petraglia retirou-se do mundo virtual e voltou para o confortável colo da claque que aplaude tudo que ele fez – e que se propõe a fazer serviços sujos como o rasteiro e anônimo "Informativo da Mobilização Atleticana".

No caso da Copa, porém, a estratégia é um tiro no pé, pois põe Petraglia em constante contradição. Não me refiro apenas ao compromisso assumido diante o próprio conselho, de que seu grupo empresarial só forneceria equipamentos e acessórios à Arena a preço de custo. Falo também das bases do discurso pró-Copa de Petraglia.

O dirigente sempre defendeu que a Copa é da cidade e que a vinda do Mundial para Curitiba, tendo a Arena como palco, seria o vetor de um investimento nunca antes visto na capital paranaense. Se o benefício é de todos, como Petraglia gosta de defender (e há razão na afirmação dele), a prestação de contas daquilo que é feito também tem de ser feita a todos. Não pode restringir a um Conselho Deliberativo, mesmo com seu papel soberano na vida do clube.

Outro discurso conveniente é o de que o Atlético não precisa da Copa e nem tem muito a ganhar com o Mundial. O próprio Petraglia, na defesa da sua proposta perante o Conselhão, em maio do ano passado, calculou em R$ 9 milhões o acréscimo patrimonial que o clube teria com as desapropriações no entorno da Arena. Exaltou a estrutura que a Copa deixaria de herança para o clube erguer sua Areninha, a chance, nas palavras de Petraglia, de o Atlético fazer parte no show business, outro ramo que estaria prestes a ser monopolizado pelas grandes construtoras (e faço mais um parêntese para dizer que Curitiba precisa, sim, de espaços amplos e modernos para show).

Não há filantropia em um evento do tamanho de uma Copa do Mundo. Se o poder público e o Atlético entraram no projeto, é porque têm muito a ganhar com ela. Precisam, então, estar necessariamente preparados para as cobranças que vêm na carona. Mas, claro, é muito mais cômodo ouvir aplausos debaixo do ar-condicionado.

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