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Jogo entre Toledo e Marcílio Dias. Na opinião do STJD, jogo teve o resultado (0 a 0)combinado pelos jogadores | Mauro Bianchi / Jornal do Oeste
Jogo entre Toledo e Marcílio Dias. Na opinião do STJD, jogo teve o resultado (0 a 0)combinado pelos jogadores| Foto: Mauro Bianchi / Jornal do Oeste

Veja a transcrição da polêmica entrevista de Rafinha, que gerou toda a confusão

Em entrevista a uma rádio de Toledo, o volante Rafinha deu a seguinte declaração na íntegra, dando a entender que uma conversa entre os jogadores dos dois times acertou o empate sem gols. "Olha isso é... acho que é o grupo né? É por nós jogadores. Conversamos ai com os jogadores do Marcílio entre a gente, a gente sabia que a gente ia se classificar... e a gente não fez... eu acho que... como eu disse, né? Não tem o que falar. Fez mas, tem que pensar no nosso futuro. Na seqüência da competição. Pensar na seqüência. Em cada um de...a gente ai, que se a gente perde o jogo a gente ta fora. Daí tem pai de família aqui dentro que tem família pra cuidar. Acho que é isso ai...a gente tem que pensar no nosso futuro", disse Rafinha.

"Vamos jogar"

Um pouco mais calmo, o presidente do Toledo disse que não há o que se fazer e que os times vão novamente para o campo. "Somos muito sérios e idôneos. Estamos muito tranqüilos e se tiver que jogar vamos jogar. Entraremos em campo com o máximo de profissionalismo e mostraremos quem é o Toledo". Os jogos serão realizados no próximo domingo.

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva anulou nesta quinta-feira (14) os jogos entre Toledo x Marcílio Dias e Inter de Santa Maria x Engenheiro Beltrão, válidos pela Série C do Campeonato Brasileiro. No julgamento, que durou cerca de três horas, o tribunal decidiu ainda, por 4 votos a 2, que o jogador Rafinha, do Toledo, está suspenso do esporte pelos próximos quatro anos por ter sugerido que o resultado do jogo entre as equipes foi combinado.

A decisão muda o resultado do julgamento anterior - na Comissão Disciplinar – que havia absolvido os times e dado punição de cinco jogos ao jogador. A declaração polêmica (veja transcrição ao lado) foi dada logo após o jogo realizado em 27 de julho de 2008, no estádio 14 de dezembro. Para as decisões, não há chance de recurso no âmbito esportivo.

As novas partidas serão disputadas neste domingo (17), às 16h. Toledo e Marcílio jogam no rstádio 14 de dezembro, no Oeste do Paraná, enquanto Inter e Beltrão se enfrentam no estádio Presidente Vargas, em Santa Maria-RS.

O procurador-geral do STJD, Paulo Schimitt, – quem acatou a denúncia contra as equipes e o jogador – comentou a decisão. "Entendemos que a comissão disciplinar se equivocou na primeira decisão, argumentamos no sentido contrário às provas e chegamos à conclusão que o caso merece. Houve um conluio (combinação) de alguma forma entre os jogadores ou dirigentes, e isso ficou provado", disse, por telefone, à Gazeta do Povo Online.

Para o STJD, Rafinha infringiu o artigo 275 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que fala em "proceder de forma atentatória à dignidade do desporto, com o fim de alterar resultado de competição". O jogador pode pedir uma revisão da decisão e, se não obtiver êxito, só poderá voltar ao futebol no prazo de quatro anos.

O presidente do Marcílio Dias, Marlon Bendini, será investigado pelo STJD por ter dado a ordem para que os jogadores trocassem de camisa no intervalo do jogo, o que atrasou o segundo tempo em 15 minutos. Com essa decisão, os times puderam encerrar o jogo sabendo do resultado da outra partida do grupo, o que feriu o regulamento da competição.

Os jogos do grupo 24, da segunda fase da "Terceirona", seguem suspensos. Caxias-RS e Brasil de Pelotas aguardam as brigas nos tribunais para realizarem seus jogos.

Moralização

Para Schimitt, a decisão serve para provar que o futebol está moralizado. Ele explicou também por que o tribunal decidiu anular o jogo entre Beltrão e Inter. "Isso tinha que acontecer. Não há nesse momento espaço para declarações dizendo que isso é normal no futebol. Pela contaminação que o grupo sofreu com a armação e pelo atraso na volta dos times para o jogo – que permitiu com que eles soubessem do resultado da outra partida - decidimos repetir todos os jogos".

Toledo desconfiado

Para o presidente do Toledo, Irno Picinini, há uma perseguição inexplicável contra a equipe. "Contra nós vale tudo. Como em 2006 tiraram nossa vaga e deram para o Engenheiro Beltrão, hoje aconteceu a mesma coisa", disse, se referindo a uma polêmica indicação do Beltrão pela Federação Paranaense de Futebol para uma vaga que estava em aberto no Paranaense daquele ano.

Em 2006, diante da desistência do União Bandeirantes, a FPF convidou o Beltrão, que havia sido rebaixado, e preteriu o Toledo, que era o quarto time mais bem colocado da segunda divisão naquele campeonato.

Mesmo que a decisão do STJD seja soberana no âmbito esportivo, Picinini afirma que o clube não irá abandonar o jogador. "O patrimônio do clube (seus jogadores) foi lesado e não vamos ficar quietos. Ainda vou conversar com nosso advogado, mas sei que a constituição brasileira não deixa que se impeça alguém de exercer sua profissão. Vamos apelar ao Ministério do Trabalho".

O procurador-geral do STJD disse que a punição aplicada ao jogador foi justa, já que está prevista no CBJD. "A pena prevista para essa infração infelizmente é a da eliminação. Mas ele pode retornar após quatro anos, desde que comprovada sua reabilitação. Ele pode também pedir uma revisão desta decisão, desde que vinculada a uma sustentação jurídica apropriada".

Schimitt disse ainda que o jogador tem sua parcela de culpa. "O advogado de defesa tentou dizer que ele era semi-analfabeto, que foi pressionado pela imprensa. Mas o que ele disse, não foi obrigado a dizer. Agora não adianta tentar se justificar".

A reportagem tenta localizar o jogador Rafinha para comentar a decisão, mas ainda não obteve sucesso.

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