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Artilheiro do Brasil com quatro gols, Neymar espera ter mais espaço na partida desta tarde contra a Colômbia | Albari Rosa
Artilheiro do Brasil com quatro gols, Neymar espera ter mais espaço na partida desta tarde contra a Colômbia| Foto: Albari Rosa

Formação

Sem medo da pressão, Paulinho recupera vaga no time titular

O momento mais complicado do Brasil na Copa recuperou um jogador para a seleção. Sacado após três partidas ruins na primeira fase, o volante Paulinho assumiu a função de motivador do grupo antes da disputa por pênaltis com os chilenos. Bateu no peito dos companheiros, um a um, dizendo que deveriam vencer por suas famílias. Acabou premiado como substituto do suspenso Luiz Gustavo no jogo de hoje, contra a Colômbia.

Na prática, Paulinho reassume sua condição de segundo volante. Fernandinho será o protetor da zaga, embora não tenha a característica do titular de formar um trio defensivo com David Luiz e Thiago Silva. Com Paulinho, Felipão ganha poder de marcação e capacidade de saída rápida e eficiente de bola. Também tem um jogador que parece ter assimilado a pressão do Mundial em casa.

"Ainda hoje [ontem] perguntei ao Paulinho da pressão e ele disse que não tem problema, que Copa em casa é assim que tem de ser", disse o treinador.

Em Teresópolis, o técnico testou apenas mais uma formação, com Henrique de volante e Fred fora do time. No momento da substituição dentro do coletivo, o centroavante ficou emburrado, recebendo o consolo de Jô. Depois, foi falar com o coordenador Carlos Alberto Parreira, com cuidado para pôr a mão na boca e fugir da leitura labial. Ainda assim, está garantido pelo menos no início do jogo de hoje.

"Dependendo do andamento e do resultado do jogo, a entrada do Henrique é uma situação a que ele já estava acostumado no Palmeiras e sabe como se comportar. Mas no Palmeiras ele não jogava com o David Luiz e o Thiago Silva, então é um pouquinho diferente", argumentou o treinador.

A seleção brasileira sai do divã público diretamente para a disputa por uma vaga na semifinal da Copa do Mundo de 2014. O choro dos jogadores durante o Hino e na disputa por pênaltis contra o Chile virou assunto nacional nos últimos seis dias. Mas é exatamente nos seus chorões que o time de Luiz Felipe Scolari mais aposta para vencer a Colômbia, hoje, às 17 horas, na Arena Castelão, em Fortaleza.

Júlio César, Thiago Silva, David Luiz e Neymar foram os jogadores que mais derramaram lágrimas no Mundial. Os quatro são, ao lado de Luiz Gustavo, suspenso, os de melhor desempenho do Brasil no torneio.

David Luiz lidera o ranking Fifa de melhor jogador. Neymar é o vice-artilheiro, com quatro gols. Júlio César foi herói e melhor em campo contra os chilenos. Thiago Silva arranca elogios de todos os adversários pelo desempenho, mas recebeu duras críticas por sua postura na disputa por pênaltis. Sentou-se em cima da bola, distante do grupo, e pediu para bater depois até do goleiro.

"Como capitão e líder do grupo, Thiago Silva tinha a obrigação de incentivar os companheiros", criticou Carlos Alberto Torres, capitão do tri, em 1970. "Nunca vi uma seleção chorar tanto. Se enfrentar a Argentina na final, vão para o estádio cagados. E se perder? Vão se matar?", reforçou Paolo Cannavaro, capitão da Itália campeã de 2006.

O estado emocional do grupo – em especial de Thiago Silva – foi apontado por Felipão como foco de preocupação. O técnico pediu mais razão e menos coração para o time a partir de agora, além de ter contado com a visita, segundo ele já programada, da psicóloga Regina Brandão à Granja Comary, na quarta-feira.

"Em termos psicológicos a gente está bem. O que eu tive foi para descarregar. A pressão era muito forte. Se perde, volta para casa. Eu me entrego de corpo e alma naquilo que eu faço", disse o capitão, que recebeu apoio maciço do grupo, da comissão técnica e da direção da CBF.

O zagueiro revelou que teve uma conversa com o presidente da confederação, José Maria Marín. Também falou demoradamente com Felipão. Por fim, olhou para a própria história de vida para reafirmar que o descarrego emocional não afeta o seu jogo.

"As pessoas estão falando um pouco de bobagem, que pode atrapalhar meu rendimento. No meu caso, só ajuda. Passei por momentos difíceis. Superei a tuberculose, sofri risco de vida. Sou um campeão dentro e fora do futebol", afirmou, em referência à doença sofrida na juventude.

Na leitura de Felipão, o pior já passou. Ser eliminado na primeira fase ou nas oitavas seria um fracasso indefensável. Cair nas quartas é um vexame menor, embora potencializado por ser em casa e contra um adversário de menor tradição. Ao invés de assustar, porém, a Colômbia anima os brasileiros.

"Jogos contra a Colômbia são alegres. Disputados com força, vigor, mas não tem guerra. Quando não se tem guerra, nossos jogadores se sentem mais à vontade. Argentinos, uruguaios e chilenos jogam em cima do nosso time com malandragem, perspicácia e aí a gente não tem isso que eles têm", argumentou o treinador.

Quem vencer o jogo – não a guerra – de hoje, com ou sem lágrimas, vai a Belo Horizonte para a semifinal, na terça-feira. O adversário sai do confronto entre França e Alemanha.

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