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A decisão de abandonar a seleção permanente de ginástica masculina, anunciada na quarta-feira por Diego Hypólito, poderá deixar o ginasta fora da disputa das etapas da Copa do Mundo da modalidade e outras competições internacionais. A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) ainda não se pronunciou definitivamente a respeito do assunto, mas não descarta a hipótese de não convocar o campeão mundial de solo para as disputas da seleção.

"Foi ele que se retirou. E temos de tomar cuidado. Não podemos dar a ele o mesmo prestígio que aos outros ginastas da seleção. Senão eles acabam se desestimulando", afirma a presidente da CBG, Vicélia Florenzano, que, no entanto, vai esperar a poeira baixar para definir a questão.

"Foi uma decisão incoerente dele, mas não quero me posicionar agora, dizer se o Diego vai competir ou não em Lyon (primeira etapa da Copa do Mundo, que se realiza nos dias 18 e 19 de março). Vamos consultar o Comitê Olímpico Brasileiro primeiro", completa.

A possibilidade de ficar fora do calendário internacional não chega a assustar o ginasta. Pelo jeito que fala, já imaginava que isso pudesse ocorrer.

"Preparado para ir a Lyon eu estou. Tenho uma série boa. Se eu vou ser chamado, não sei. Mas não estou pensando no que vai acontecer. Tomei essa decisão porque acho que vai ser melhor para mim", disse. "Mas posso estar enganado", ressalvou.

De acordo com Diego, os motivos que o levaram a pedir o desligamento da seleção permanente – que treina em Curitiba – para voltar ao Rio de Janeiro, ao Flamengo, seria apenas a vontade de treinar com Renato Araújo, o técnico que o formou.

Mas para a CBG os motivos apresentados foram outros: insatisfação com as condições de treinamento, em especial com relação ao técnico ucraniano Vyacheslav Azimov.

"Não posso aceitar esses argumentos. Onde ele estava quando ganhou o título mundial?", pergunta Vicélia.

Para evitar polêmica, a dirigente pediu para o ginasta colocar todos os motivos de sua saída em um papel e assinar. Mas, segundo a dirigente, todos reclamações de Diego já estavam sendo resolvidos.

"Nós já havíamos conversado sobre isso com todos os ginastas e estava acertado que faríamos a mudança do treinador. Por isso imagino até se não foi uma decisão oportunista. Cheguei a dizer para ele: ‘Acho que você está precisado de mídia’", conta a dirigente.

Mas a maior mágoa se abateu sobre o supervisor e também técnico da ginástica masculina, Frederico Hailer. O treinador, de certa forma, se sentiu traído pelo ginasta. "Foram 40 dias que fiquei com dedicação exclusiva para o Diego. E então ele foi campeão mundial. Agora, não está sendo grato comigo", afirma Hailer, que coloca a vaidade como um dos motivos da decisão do ginasta.

Na última conversa entre os dois, um diálogo deixa bem claro como ficou o clima após o abandono. "Você não vai ficar com raiva de mim?", perguntou Diego a Hailer. A resposta: "Raiva a gente sente de inimigo. De amigo a gente sente mágoa. E você me deixou magoado. Não só a mim, mas a seleção toda."

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