A equipe da AMA, que voltou do SXSW com título inédito para o Brasil: o de melhor empresa bootstrap.
A equipe da AMA, que voltou do SXSW com título inédito para o Brasil: o de melhor empresa bootstrap.| Foto: Divulgação

Em 2022 a Seleção Brasileira não conseguiu o hexacampeonato, mas Curitiba trouxe para o Brasil em 2023 um troféu bastante valioso: o de “melhor Empresa Bootstrap” no South by Southwest (SXSW), maior evento global de inovação. É a primeira vez que uma empresa do Brasil é reconhecida na premiação.

Quem entrou em campo foi a plataforma curitibana Agentes do Meio Ambiente (AMA), startup que usa a tecnologia de redes sociais para engajar pessoas no cuidado com o meio ambiente nas periferias do Brasil. “O SXSW é a ‘Copa do Mundo’ do segmento”, revela o seu idealizador, Marcelo Crivano, parte da empresa paranaense Smart Citizen.

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A categoria bootstrap premia startups que usam os próprios recursos financeiros dos idealizadores da ideia, sem aportes de investidores. A primeira entrada de capital no início desse tipo de empresa se dá pelos pagamentos dos primeiros produtos e serviços comercializados.

Foi a primeira vez em 15 anos que uma empresa brasileira recebeu a premiação do SXSW. No total, participaram da edição 2023 do SXSW Pitch 613 iniciativas de todo o mundo. Apenas 40 foram selecionadas como finalistas, entre elas a AMA.

Com o prêmio, Curitiba reafirma sua posição de capital da inovação brasileira – cases como MadeiraMadeira, Ebanx e James Delivery são da cidade – e também ressalta a preocupação com sustentabilidade ambiental pela qual a cidade é conhecida.

A equipe da <em>startup</em> Papoom, que no ano passado venceu o <em>reality show</em> Rocket, da RPC. Foto: Divulgação
A equipe da startup Papoom, que no ano passado venceu o reality show Rocket, da RPC. Foto: Divulgação

A partir da gamificação, a AMA cria influenciadores locais em microrregiões urbanas. A plataforma conecta e remunera vizinhos, incentivando-os a colaborar e participar de programas de educação ambiental, limpeza e zeladoria urbana, logística reversa, fazendas urbanas, compostagem, entre outras ações ambientais.

“Nosso objetivo é gerar inúmeros benefícios sociais às comunidades envolvidas. Para isso, é importante entender a complexidade de cada cidade e trabalhar em conjunto com a população”, destaca Crivano.

Inovação social

A AMA é uma entre dezenas de iniciativas de inovação com retorno social em Curitiba. Em 2022, o reality show Rocket, da RPC, premiou a startup Papoom pela sua ideia de um “marketplace da periferia”: espaço virtual de compras de produtos e serviços de pessoas e empresas da própria comunidade para gerar uma cadeia de inclusão e fomentar negócios locais.

A equipe da Composta+, a "Netflix da compostagem". Foto: Divulgação
A equipe da Composta+, a "Netflix da compostagem". Foto: Divulgação

Outra ideia bem-sucedida é a da Composta+, que se define como a “Netflix da compostagem”. A empresa recebe os resíduos gerados por clientes e os devolve em forma de um quilo de adubo. O serviço pode ser assinado mensalmente, como o streaming, por cerca de R$ 59,90 para pessoas físicas. Atualmente, cerca de 800 residências e 200 empresas de Curitiba e região metropolitana contratam a Composta+.

Tecnologia transforma a vida de mulheres

 O Tech Girls, negócio social nascido em Curitiba em 2017, capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social na área de TI. Foto: Divulgação
O Tech Girls, negócio social nascido em Curitiba em 2017, capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social na área de TI. Foto: Divulgação

O Tech Girls, criado em 2017 em Curitiba, capacita mulheres em situação de vulnerabilidade social na área de tecnologia da informação (TI) e potencializa a entrada delas no mercado de trabalho. Desde sua criação, já são cerca de 600 mulheres impactadas pela iniciativa.

Fundado pela desenvolvedora de software Gisele Lasserre, o Tech Girls também busca reduzir danos causados pelo lixo eletrônico, fazendo a reciclagem de computadores e componentes.

No curso, as alunas aprendem desde a criação de bijuterias usando componentes não reaproveitáveis de computadores, as bijutechs, até o desenvolvimento de softwares. O Tech Girls conta com uma escola em Taubaté (SP) e outra em Florianópolis (SC). As primeiras turmas devem encerrar seus programas ainda no primeiro semestre de 2023.