Fórum Ambiensys de Sustentabilidade
Mais de 250 pessoas se reuniram para debater práticas de sustentabilidade no Paraná.| Foto: Leandro Provenci Silva

Sigla cada vez mais comum no ambiente de negócios brasileiro, as práticas de ESG (Governança Ambiental e Social) têm desafiado empresas e entidades empresariais a conjugar seus preceitos com uma gestão voltada a resultados. Com o objetivo de ampliar o debate e entender como o meio empresarial pode responder melhor a essa realidade, a Gazeta do Povo realizou nesta terça-feira (19), em Curitiba, o Fórum Ambiensys de Sustentabilidade, no auditório da UniCuritiba.

Mais de 250 empresários e profissionais de diversos segmentos se reuniram para debater a visão contemporânea da sustentabilidade do Paraná, a partir da seguinte provocação: É possível conciliar o ESG com uma visão conservadora da economia e dos costumes? Especialistas trouxeram diferentes opiniões sobre o assunto e a forma como essa corrente de pensamento pode impactar os negócios e o modo de produção no país. Realizado pela Gazeta do Povo e correalizado pela Ambiensys, o Fórum teve o patrocínio de BRDE, RAC Engenharia, Sistema Fiep e Centro de Inovação Sesi, e apoio de Sebrae, Prefeitura de Curitiba, Grupo ABL, Klabin, Sistema Ocepar e UniCuritiba.

Especialistas trouxeram várias visões sobre as práticas ESG no meio corporativo.
Especialistas trouxeram várias visões sobre as práticas ESG no meio corporativo.| Leandro Provenci Silva

O presidente do GRPCOM (Grupo Paranaense de Comunicação), Guilherme Döring Cunha Pereira, que fez a abertura do evento, propôs uma reflexão sobre como está o debate no cenário internacional, onde existem várias linhas de discussão que vêm sendo analisadas e praticadas dentro da dinâmica de sociedades democráticas.

Cunha Pereira destacou que, embora haja quem não enxergue conjugação entre o ESG o conservadorismo, vê como possível uma conciliação entre uma visão liberal da economia e de defesa da liberdade de expressão com as práticas de governança ambiental e social. Mas lembrou dos riscos que a imposição de uma agenda pode causar em um ambiente empresarial ainda não suficientemente maduro para este processo. Para o presidente do GRPCOM, seja por padronização, pressão ou desatenção, a adesão a valores que não façam parte das corporações pode gerar uma perda de conexão com os propósitos empresariais, e isso deve ser um ponto de atenção.

Impacto no bolso

Multinacionais como a Electrolux mostraram estar avançando nessa pauta, principalmente na questão ambiental. O diretor de Sustentabilidade da empresa, João Zeni, que proferiu a palestra magna do Fórum, afirmou que o objetivo da Electrolux é neutralizar as emissões de carbono da sua operação até 2030. Para isso, estão buscando iniciativas como a redução do gasto de combustíveis, o aumento da eficiência energética de seus produtos e a adesão generalizada dos colaboradores às metas ambientais.

Em sua palestra, que teve como tema Qual o próximo passo para as empresas brasileiras avançarem no ESG?, Zeni contou ainda que essa “adesão” impacta inclusive no bolso dos executivos. Isso porque a remuneração variável dessas lideranças está vinculada ao cumprimento das metas de sustentabilidade. “Mas não há uma metodologia certa para empresa X ou Y”, salientou, observando que cada empresa precisa avaliar seu grau de maturidade nesse processo.

João Zeni, diretor de Sustentabilidade da Electrolux.
João Zeni, diretor de Sustentabilidade da Electrolux. | Leandro Provenci Silva

Debates reúnem especialistas em ESG e sustentabilidade

Wilson Bley Lipski, diretor-presidente do BRDE, e Rômulo Lisboa, diretor de desenvolvimento e Qualidade na STCP, participaram do painel Integrando políticas ambientais e sociais: a saúde do planeta ao centro; o homem no centro do planeta, mediado pelo jornalista e editor da Gazeta do Povo Marcos Tosi.

Bley destacou que a adoção das práticas ESG pelas empresas vai muito além de um investimento. “O maior propósito do banco é a transformação desse novo comportamento, por meio do desenvolvimento econômico e social”, pontuou.

Rômulo Lisboa frisou sobre a necessidade de a sociedade concentrar sua economia no bem comum para que o ser humano consiga sobreviver harmonicamente. E salientou que as práticas ESG são aplicáveis a qualquer tamanho e tipo de negócio.

A coordenadora de Responsabilidade Social do Sesi Paraná, Aline Calefi Lima, explicou, de forma didática, durante o painel Governança e performance: Como o ESG pode aprimorar a gestão e contribuir para o alcance de resultados o peso que a letra "G" tem no conceito de ESG: “A governança é o que vai dar suporte e tornar possível a estratégia ESG, sendo tudo pautado na ética e na integridade”, afirmou.

Para o mercado financeiro, empresas que investem em práticas ESG são, automaticamente, mais lucrativas. William Padilha, diretor técnico de Projetos da Ambiensys, explicou que essas corporações tendem a incentivar a gestão social e ambiental mais organizada, o que impacta em menos riscos para os investidores. “É uma instituição que representa menos risco e mais valor agregado, mas isso não quer dizer menor lucro”, complementou.

Ricardo Cansian, diretor presidente do Grupo RAC, especialista em construções sustentáveis e responsável pelo primeiro projeto carbono zero no Brasil, destacou que cada atividade empresarial apresenta um nível de emissão de gases na atmosfera, e, por isso, cada projeto exige detalhamentos específicos, conforme as suas demandas e necessidades.