Giovana Duailibe recorreu a um coach quando decidiu investir em uma empresa digital | Fabio Fistarol
Giovana Duailibe recorreu a um coach quando decidiu investir em uma empresa digital| Foto: Fabio Fistarol

O mercado de trabalho está passando por profundas transformações. Cerca de 65% das profissões que as crianças de hoje trabalharão no futuro ainda nem existem, de acordo com dados do relatório do Futuro do Trabalho do Fórum Econômico Mundial. Sendo assim, habilidades e características dos profissionais que serão exigidas nos próximos dez anos provocam mudanças na condução de quem já está no mercado de trabalho e de quem busca uma nova profissão.

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Pessoas com esse perfil vêm apostando no apoio dos coaches, profissionais que ajudam outros profissionais a trilharem os novos caminhos neste mercado de trabalho considerado por especialistas como volátil, ambíguo, incerto e complexo (VUCA, sigla em inglês, em referência aos termos vulnerable, uncertain, complex e ambiguous). Por isso, o coach, é uma profissão que ganha outro patamar de atuação e passa por um momento de plena expansão. 

De acordo com pesquisa da International Coach Federation (ICF), são 53 mil profissionais em todo o mundo. No Brasil, houve um boom desta nova profissão, que ainda não tem regulamentação. São muitas as pessoas que buscam nessa área uma oportunidade de trabalhar com o propósito de ajudar outras pessoas a realizarem seus sonhos profissionais. 

Evolução da profissão 

Adriana Ferrareto começou a atuar como coach em 2006, época em que o termo ainda era desconhecido Arquivo Pessoal

Adriana Ferrareto começou sua carreira como coach em 2006, quando fez uma formação com o Rhandy Di Stéfano ICI (Integrated Coaching Institute). Na época, o coaching ainda não era disseminado no Brasil e ela precisou trabalhar para educar o mercado. “Eu tive primeiro de explicar o que era, para depois angariar projetos. Passei dois anos fazendo palestras nas universidades para mostrar o que era coaching”, explica. 

Atualmente, a realidade do coaching mudou, não é mais necessário apresentar a profissão e já são incontáveis profissionais que capacitam o coachee (o cliente) a pensar de forma autônoma para encontrar mais realização em suas carreiras. O coaching se popularizou, surgiram milhares de profissionais no mercado e novos desafios vieram junto. 

O curitibano Rafael Pompeo, vencedor do prêmio Coach Internacional do Ano de 2017 – premiação realizada pela Coaching Academy, do Reino Unido, maior escola de coaching do mundo e formadora de coaches para servir a Guarda Real –, fala que as instituições devem ser mais criteriosas com quem elas certificam. 

“Para que o coaching não caia no modismo e perca o seu real potencial transformador, espero que algumas instituições sejam mais criteriosas com quem entra e certifiquem o coach mediante um teste de aptidão, como acontece em qualquer instituição de ensino. Vejo muitas escolas prometendo altos ganhos em um curtíssimo espaço de tempo. Isto é muito sedutor, mas a realidade é diferente”, afirma Pompeo. 

A busca do coaching cresce diante alguns equívocos. Adriana Ferrareto conta que as pessoas estão migrando de igrejas e religiões e enxergam esses mentores como gurus. “Há a mistificação que você mudar tudo na vida com o coaching, isso é um engodo. O coaching ajuda para quem já tem sucesso em alguma área da vida”, diz. 

Quem precisa de um coach?

Giovana Duailibe, CEO da Belief Wedding Planners após decidir expandir seus negócios, sentiu a necessidade de receber uma orientação externa para conduzir esse processo. “Em 2015, migrei minha carreira para o mundo on-line. Abri uma empresa 100% digital. Mesmo formada em Relações Públicas e com oito anos de trabalho em eventos, ser uma empreendedora digital era cenário novo para mim. Por isso, procurei uma coach, que pudesse me dar suporte para aprender e colocar em prática diferentes estratégias para alavancar meu business”, conta. 

A empresária afirma que, além do resultado, ela ampliou sua rede de relacionamentos profissionais, uma atitude acertada para dar novo rumo ao seu empreendimento. “Não acredito que o coaching seja moda ou tendência. Isso existe há centenas de anos nos grupos de mastermind. A diferença é que agora com o acesso fácil a informação, tem sido mais promovido”, salienta. 

Nicho de mercado 

O coach busca atuar na insatisfação, mudanças na carreira, novos desafios ou para ajudar as pessoas a saírem da zona de conforto por meio de ferramentas e metodologias ativas. Para Adriana, que é coach de carreira com ênfase em Pontos Fortes, são três os tipos de pessoas que procuram seus serviços. “O primeiro perfil é o profissional que quer crescer na empresa que está. O segundo é a pessoa que foi promovida e não se sente preparada para o cargo, e, por fim, tem os que querem mudar de carreira ou de empresa”, afirma a profissional, que é certificada pelo Gallup® Certified Strengths. 

Rafael Pompeo, que desenvolveu um método de coaching em inglês para brasileiros, recebe pedidos de variados tipos de pessoas. “Me procuram jovens empreendedores, pequenas e médias empresas que buscam implementar uma cultura proativa na sua equipe, homens e mulheres de negócios buscando se capacitar para internacionalizar os seus negócios, famílias em busca de uma harmonização na vida familiar, aposentados procurando de uma reorganização de vida. Em suma, pessoas de qualquer origem que planejam uma vida com realizações”, conta. 

Apostas 

Há quem acredite que o coaching seja uma febre ou um modismo de mercado, porém os profissionais apostam em um futuro longínquo para a profissão. “À velocidade com que o mundo tem evoluído, muito por conta da tecnologia que avança mais rapidamente do que a nossa capacidade humana de adaptação, nós necessitamos de resultados rápidos. O coaching, em grande parte, resolve esta questão”, analisa Pompeo. 

Assim como todas as novas profissões que vão surgindo, o coaching precisa de uma regulamentação para evitar que maus profissionais façam trabalhos indevidos prejudicando a vida de outras pessoas. “O mercado no futuro deve regulamentar o coach. As empresas acabam fazendo esse serviço, já que pesquisam muito antes de selecionar os profissionais. O coaching tem vida longa, mas poucos vão sobreviver após esse boom que o mercado vem sofrendo”, finaliza Adriana.