Mais cuidadosas e tratadas de igual para igual, as mulheres ganham espaço a frente da frota que transporta cargas perigosas por todo o Brasil.
Mais cuidadosas e tratadas de igual para igual, as mulheres ganham espaço a frente da frota que transporta cargas perigosas por todo o Brasil.| Foto: divulgação

Transportadora paranaense, especialista em cargas perigosas, é uma das grandes empresas do setor que tem incentivado e aberto oportunidades para as mulheres assumirem o volante dos caminhões pelas estradas do Brasil

O universo do transporte de cargas é, quase prioritariamente, masculino, mas aos poucos, as mulheres vêm ganhando espaço. De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito, o país tem cerca de 4,39 milhões de carteiras de habilitação para veículos pesados, dos quais, 97,19% é de motoristas homens e apenas 2,81% são mulheres. A representatividade feminina ainda é pequena, mas ela está avançando. E nesse aspecto é importante destacar, o estímulo que muitas empresas têm dado para ampliar a presença e o interesse das mulheres pelo setor de transportes.

É o que faz a paranaense Budel Transportes, de São José dos Pinhais, com 40 anos no mercado e filiais por todo o Brasil. A empresa vem apostado fortemente no potencial das mulheres para dirigir seus caminhões de última geração, que rodam o país inteiro transportando principalmente, combustíveis e produtos químicos. Hoje são mil motoristas homens e 29 motoristas mulheres, número ainda pequeno, mas que tem grande potencial de crescimento, de acordo com o CEO da Budel Transportes, Marcus Vinícius Budel.

Ele afirma que a abertura de vagas para as mulheres caminhoneiras é um processo bastante assertivo com ganho de qualidade. “As mulheres têm um perfil diferenciado, elas cuidam mais do caminhão, são zelosas, têm mais tato com o cliente e são mais educadas”, pontua Marcus. Ele conta que a produtividade das motoristas mulheres e dos homens são equivalentes, que elas e eles são tratados de maneira igual, sem privilégios, até porque, as mulheres não gostam de diferenciações. No dia a dia, a Budel tem todo um cuidado com as motoristas, principalmente em relação à infraestrutura dentro e fora da empresa, buscando sempre o conforto para elas, como, por exemplo, na oferta de banheiros exclusivos nos pontos de carga e descarga dos produtos.

A Budel também implantou um canal interno de Relacionamento e Ética, em conjunto com o Departamento Jurídico, para definir procedimentos, condutas, valores e que recebe denúncias de importunação, discriminação e assédio. Segundo Marcus Budel, os casos são raros e a convivência entre os profissionais é ótima. “Algum tempo atrás até houve uma certa resistência dos homens em relação às caminhoneiras, mas hoje isso já acabou”, afirmou o CEO da Budel.

A gerente de RH da transportadora, Denise Buhrer, reforça que as normativas de respeito mútuo na empresa são seguidas igualmente e que trabalhar com as motoristas mulheres, é mais fácil por que elas são disciplinadas, detalhistas e bastante focadas. Denise diz que o mercado está aberto às mulheres e lamenta que ainda sejam poucas as candidatas a uma vaga.

Já a motorista Mirian Bandeira, de 52 anos, nunca teve medo de enfrentar as estradas do Brasil. Ela está na profissão há 26 anos, na Budel há 3 anos. Ser motorista de caminhão era um sonho de menina, aprendeu a dirigir em tratores, na roça, onde morava com a família. Antes de assumir o volante, trabalhou como enfermeira e só depois conseguiu fazer um curso para ser caminhoneira. “Teve e ainda tem muito machismo, preconceito, dizem ser profissão de homem, mas eu digo que profissão não tem gênero, nós temos que estar no que nós gostamos”, afirma Mirian. Ela conta que foi com o trabalho de motorista de caminhão que criou as filhas gêmeas, fez muitas amizades, principalmente com outras caminhoneiras, com quem divide as alegrias e os perigos das estradas através de grupos nas redes sociais. Na Budel, Mirian transporta apenas combustíveis num caminhão moderno e cheio de tecnologia.

Para as mulheres que têm o sonho de entrar no setor de transportes de cargas e dirigir um caminhão, a Budel está de portas abertas, mas exige os mesmos requisitos e documentações para ambos os sexos, e são contratadas pessoas que preencherem as exigências. Marcus Budel explica que a empresa dá todo o suporte para a profissional se sentir segura para pegar a estrada, ela só irá para o volante de um caminhão, após fazer treinamentos teóricos e práticos ofertados pela própria transportadora.

Marcus Budel afirma que a empresa quer ampliar a presença feminina e vai continuar investindo nas mulheres para que elas assumam cada vez mais os volantes dos caminhões da Budel Transportes pelo Brasil.

A Budel Transportes é filiada ao LIDE Paraná. O LIDE Paraná semanalmente traz exemplos de empresas e empreendedores paranaenses, em expansão ou que venceram as adversidades e são modelos a se inspirar.