| Giuliano Gomes/
| Foto: Giuliano Gomes/

O desacordo entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Curitiba, em fevereiro de 2015, que resultou em uma desintegração da Rede metropolitana de Transporte (RMT), fez com que a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) buscasse alternativas para manter a rede ativa e eficiente para servir à população que necessita diariamente do transporte público.

A solução encontrada foi firmar uma operação com a Associação Metrocard, respaldada pela Lei Federal nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que reúne 18 empresas de transporte da RMC. O resultado foi a implantação de um sistema de bilhetagem moderno, que agregou recursos ao cartão de transporte e investiu pesado em tecnologia para facilitar a vida do passageiro.

“Experimentamos mais modernização na bilhetagem e mais tecnologia, que trouxeram melhorias à população. Hoje temos, com a Metrocard, um modelo de bilhetagem que é referência”

Omar Akel
  diretor-presidente da Comec

“A bilhetagem permite uma visão macro do transporte coletivo urbano, avaliando e reparando rapidamente eventuais disparidades”, explica Devanir Magrini, diretor comercial da Transdata Smart, responsável pela implantação do sistema.

O presidente da Comec, Omar Akel, afirma que com o duplo gerenciamento da (RMT), criaram-se novos hábitos. “Experimentamos mais modernização na bilhetagem e mais tecnologia, que trouxeram melhorias à população. Hoje temos, com a Metrocard, um modelo de bilhetagem que é referência”, diz Akel. Devido à tecnologia de ponta, é possível que a bilhetagem da Metrocard se torne modelo por toda a rede, já que se trata de um sistema mais atualizado em relação ao que é usado pelos demais sistemas. “Vai ser necessário buscar uma sintonia na bilhetagem eletrônica”, diz.

Sobre as mudanças anunciadas na integração do transporte, Akel afirma que, na verdade, não se trata de uma reintegração, mas do retorno do conceito de mobilidade integrada. “Para readaptar o sistema, vamos ter que fazer um novo planejamento, a partir de uma análise profunda do sistema”, explica. Para tanto, ele diz que partirá de dados reunidos pela própria Comec, pela Urbs, pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e também os números contidos no estudo realizado pela empresa de consultoria Sitplan a pedido da Associação Metrocard, que traçou um verdadeiro raio-x do funcionamento do transporte na rede metropolitana. “Vai ser um trabalho intenso, que deve durar pelo menos seis meses. A partir do cruzamento e da análise de dados, vamos definir os caminhos para melhorar cada vez mais o transporte público na região metropolitana”, explica, apontando a readequação das linhas e o equilíbrio financeiro como decisivos no processo de evolução do sistema de transporte metropolitano.

Em busca da evolução

As operações na Rede Metropolitana de Transporte se modernizaram com a bilhetagem da Metrocard.Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

O ano começou com a divulgação do retorno de uma mobilidade integrada para o novo sistema metropolitano, com a volta de algumas linhas ou itinerários modificados a partir de março de 2015.

“Nosso sistema vai continuar funcionando da mesma maneira. O que pode mudar é a relação de desembarque e embarque, os itinerários e os horários de algumas linhas que passam por Curitiba”

Lessandro Zem
 Presidente da Associação Metrocard

Porém na prática, para a rede metropolitana de transporte, o sistema segue como está, à exceção da mudança de algumas linhas e horários, que podem ser conferidas no site www.cartaometrocard.com.br. A ruptura entre governo e prefeitura de Curitiba, em fevereiro de 2015, acabou impulsionando as empresas do transporte e a Comec a buscar soluções para conduzir o funcionamento da rede, que conta hoje com 20 municípios, incluindo a capital. A solução encontrada foi criar um cartão único para os municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e modernizar o sistema, resultando em muitos benefícios para a população.

De acordo com o presidente da Associação Metrocard, Lessandro Zem, investir em tecnologia vem sendo decisivo para o bom funcionamento do sistema de bilhetagem. “A partir do cartão transporte, agregamos serviços como o cartão Metrocard, que facilita a vida do usuário”, diz. Ao portador do cartão, também passou a ser concedida internet via wi-fi nos terminais atendidos pela rede, facilitando as transações via site ou via aplicativo. A modernização do sistema também permitiu que, hoje, 100% da frota das 18 empresas que operam na RMC sejam monitoradas via GPS. Outra novidade tecnológica foi a implantação do sistema de identificação biométrica para isentos, que reduziu o número de fraudes.

Com o anúncio do protocolo de intenções entre Governo do Estado e Prefeitura de Curitiba, Zem prevê a necessidade de alinhamento tecnológico entre o sistema de bilhetagem em vigor na RMC com os demais sistemas. “Hoje é como se o nosso sistema de bilhetagem estivesse em patamares de tecnologia muito elevados. É necessário coordenar os sistemas para que eles possam conversar”, explica.

Com a evolução da Metrocard nos últimos anos, umas das maiores conquistas foi a unificação para um cartão em uma rede que chegou a ter doze cartões. “Nosso sistema vai continuar funcionando da mesma maneira. O que pode mudar é a relação de desembarque e embarque, os itinerários e os horários de algumas linhas que passam por Curitiba”, assegura Zem. Para o presidente da Associação Metrocard, a integração nunca acabou. “Houve mudanças operacionais, que agora devem resultar em novas alterações”, diz. A primeira, já anunciada pelo prefeito Rafael Greca, foi a volta do da linha Colombo-CIC, que havia sido adaptada à linha Colombo-Cabral, que voltou a operar no último dia 23.

Durante o anúncio da nova integração, um dos temas apresentados pelo poder público foi a intenção de criar uma agência reguladora para o transporte, tal como existe para as telecomunicações e aviação civil. “É algo que sempre defendemos, mas é necessário que o espaço seja democrático, com assento para todos os municípios e empresas operadoras e que a discussão seja no âmbito técnico”, concluiu Zem.

Conta digital na palma da mão

Ao habilitar a função crédito do cartão Metrocard, é possível fazer várias transações financeiras via aplicativo ou site.Rodrigo Felix Leal/Tribuna do Parana

Em um mundo que gira em torno das transações financeiras, ter uma conta corrente é importante, mas nem todos estão dispostos a ter vínculo com instituições bancárias. Os usuários do cartão Metrocard/AcessoCard que têm este perfil contam com uma vantagem: uma vez habilitado na função crédito, o cartão passa a ter a maioria das funcionalidades de uma conta corrente.

Como aderir à conta digital Metrocard

- Acesse o site www.cartaometrocard.com.br

- Clique no ícone “Acesso Card”, que está localizado na parte superior da página.

- Role a página até a seção “Desbloquear”, entre em “Clique aqui” e informe o seu CPF, número do cartão Metrocard, o código de verificação escrito no verso do cartão e a data de validade do cartão.

- Em seguida, crie uma senha de acesso ao sistema com seis dígitos. Você receberá uma senha provisória, de quatro dígitos, que será pedida cada vez que o cartão for utilizado para transações da conta corrente digital AcessoCard ou para transações. A senha pode ser alterada pelo usuário a qualquer momento.

- A recarga pode ser feita de duas formas: boleto bancário ou recarga nos postos autorizados.

Fonte: Metrocard

De acordo com o gerente comercial de novos negócios da AcessoCard, Jack Blumen, o cliente passa a ter uma conta digital. “A partir da habilitação e da recarga do cartão é possível, por exemplo, pagar boletos bancários, boletos de concessionárias públicas e impostos”, explica.

Além dos pagamentos, o titular do cartão pode emitir boletos para receber valores, por exemplo, de prestação de serviços. Para tanto, só precisa acessar a área da AcessoCard no aplicativo ou o ícone no site da Metrocard. “Quando o boleto é pago, o valor entra automaticamente na conta do usuário”, explica Blumen. O mesmo sistema de emissão de boleto pode ser usado, também, para fazer a recarga do pré-pago, caso o usuário esteja longe de um dos postos de recarga, identificados por um selo característico.

No quesito transferência, o usuário pode fazer uma transação automática, pelo aplicativo ou pelo site, de valores do pré-pago para a carteira de transporte. Vale lembrar, entretanto, que o contrário não pode ser feito. “Esta possibilidade permite um gerenciamento mais prático do cartão”, diz Blumen.

Outra facilidade que deixa o cartão pré-pago com cara de conta digital é a possibilidade de fazer transferências de um cartão Metrocard para outro, exceto na modalidade relativa ao transporte coletivo, sem a cobrança de taxa alguma para efetivar a transação. De acordo com Blumen, com o sucesso da implantação de todas estas facilidades, a AcessoCard, em parceria com a Metrocard, já trabalha para trazer ainda mais vantagens para o usuário do cartão pré-pago.

A auxiliar administrativa Alessandra Adler dos Santos faz transferências acessando o site da Metrocard pelo celular.Rodrigo Felix Leal/Tribuna do Parana

Facilidade nas transferências de crédito

Outros benefícios do cartão

- É uma ferramenta de gestão dos recursos financeiros, de fácil utilização e de ampla aceitação no mercado

- Com ele você pode guardar seu dinheiro com total segurança e protegido com senha

- Permite o pagamento de contas (boletos bancários e de concessionários públicos)

- Também pode ser utilizado para recargar seu celular pré-pago

- Se você é um profissional autônomo, pode emitir boletos de carga e enviar para seus clientes pagarem pelo serviço que você fez

- Controlar e otimizar a mesada e os gastos dos filhos

- Tem a possibilidade de sacar dinheiro em caixas eletrônicos

- Você pode consultar saldos e extratos e saber quando e onde gastou seu dinheiro na web ou no aplicativo

- Utilizar o mesmo cartão para suas compras em lojas físicas ou on-line, pagamentos de contas e recargas de celular e seu bilhete de ônibus

- Não precisa de comprovante de renda e nem consulta ao SPC ou SERASA.

- Possibilidade de transferência da recarga para o vale comum na função transporte

Fonte:cartaometrocard.com.br

As ferramentas tecnológicas ofertadas no cartão Metrocard trazem mais facilidade à vida dos usuários, que ganham tempo e praticidade no seu dia a dia. Um dos recursos que estão fazendo sucesso entre os usuários é o que permite transferir valores do cartão pré-pago para o cartão transporte. O benefício passou a ser disponibilizado no ano passado e conquista cada vez mais gente.

É o caso da auxiliar administrativa Alessandra Adler dos Santos, que há seis meses começou a utilizar o sistema de transferência. “A empresa na qual trabalho deposita um determinado recurso financeiro no cartão pré-pago, mas só transfiro o que uso, efetivamente”, diz. Como ela não utiliza o transporte coletivo para trabalhar todos os dias, não usufrui integralmente do direito do uso do vale transporte. “Assim, do recurso financeiro que recebo, sempre acaba sobrando um pouco de dinheiro no saldo, que posso utilizar em outras atividades, como compras em lojas físicas, compras online, aquisição de crédito de celular pré-pago ou para qualquer transação que só seja autorizada mediante cartão de crédito”, diz. Quando o usuário do cartão Metrocard habilita a bandeira Mastercard, ele automaticamente passa a contar com todos os benefícios.

Para Alessandra, a ferramenta trouxe ainda mais agilidade para a rotina diária, já que todo o processo de transferência está na palma da sua mão, literalmente. “Eu faço todo o processo rapidamente pelo site, que acesso do meu celular. É muito prático”, diz. O recurso de transferência também pode ser feito por meio do aplicativo, disponível tanto para o sistema Android quanto para o sistema IOS. Ou ainda, caso o usuário prefira, acessando o site da Metrocard (www.cartaometrocard.com.br) em um computador e clicando no ícone Cartão Acesso. Basta, é claro, que o portador do cartão habilite a função crédito da bandeira MasterCard, que é gerenciado pela Acesso.

Cartão de crédito fácil

O assistente fiscal João Henrique assinou o Spotify com
o cartão Metrocard.
Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Com o avanço da tecnologia e a popularização dos telefones celulares, é difícil encontrar, hoje em dia, alguém que não tenha um aparelho habilitado. A maioria destes usuários, certamente, não utiliza mais o telefone apenas para fazer ligações, mas especialmente para acessar a internet em seus smartphones.

30 mil

É o número de usuários do Metrocard que já habilitaram a função crédito e estão usufruindo de todas as vantagens do cartão pré-pago que incluem compras em lojas físicas, lojas online e assinatura de serviços por streaming e compras do vale comum pelo aplicativo. Para ativar a bandeira MasterCard, basta acessar o aplicativo Metrocard ou entrar no ícone AcessoCard na página www.cartaometrocard.com.br .

A evolução na utilização dos celulares fez com que as empresas de telefonia ampliassem a gama de planos ofertados aos usuários, como por exemplo, passando a disponibilizar os planos pré-pagos com um valor fixo e uma quantia fixa de dados para utilização. O pré-requisito, em muitos casos, é que o consumidor tenha um cartão de crédito para habilitar o plano.

O assistente fiscal João Henrique Trindade decidiu optar por um plano desta modalidade e só conseguiu porque habilitou a função crédito do seu cartão Metrocard. “Com o cartão habilitado, pude não apenas contratar o plano pré-pago de celular como também assinar serviços como o Spotify e o Netflix”, explica.

Mais do que poder utilizar estes serviços, Trindade resolveu um problema que atinge muitas pessoas que utilizam cartões de crédito usuais, que possuem conta e limites muitas vezes maiores do que o consumidor tem condições de pagar. “Eu gastei muito no cartão de crédito convencional e acabei fazendo dívidas sérias”, disse. Para solucionar o problema, ele cancelou todos os cartões de crédito que tinha e estava tranquilo, até precisar da função crédito para contratar o plano pré-pago de celular e assinar serviços que só estão disponíveis para quem tem um número de cartão. “Foi então que lembrei que tinha a possibilidade de ativar a função crédito no meu Metrocard. Fiz a ativação há mais ou menos cinco meses e comecei a usar, com a vantagem de ter um limite mais fácil de controlar”, diz.

De fato, uma das vantagens do cartão de crédito pré-pago da Metrocard, que opera na bandeira MasterCard, é a redução dos riscos de endividamento. Isto porque o portador do cartão só pode gastar o valor que ele mesmo carrega. Esgotado o saldo do pré-pago, a utilização é vetada, só voltando a ficar disponível com uma nova recarga. “É muito mais fácil de controlar”, garante Trindade. Outra vantagem apontada pelo assistente fiscal é o fato de reunir, em um único cartão, várias funções. “É muito mais prático”, diz. Por todas as facilidades que a ativação do pré-pago trouxe na rotina dele, Trindade recomenda. “Vale muito a pena”.

Modernidade a serviço do transporte público

A grande intervenção do projeto CIVI é na Avenida Sete de Setembro, que ganhará um túnel e estações-tubo de última geração. Divulgação Volvo

A parceria entre a Associação Metrocard, a Volvo/Nórdica e a Construtora Cesbe resultou em uma proposta que pode revolucionar a mobilidade urbana de Curitiba: o Projeto City Vehicles Interconnected ou, simplesmente, CIVI. A escolha por um nome em inglês está diretamente relacionada ao desejo dos idealizadores da ideia de ganhar o mundo e recolocar Curitiba como destaque internacional de sistema de transporte público.

O projeto surgiu como resposta a um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) lançado em maio do ano passado pela Urbs e pela Prefeitura Municipal de Curitiba. A proposição foi conduzida pela Volvo/Nórdica, a Associação Metrocard entrou com o know-how de bilhetagem e a construtora como projetista do sistema, que segundo o gerente de mobilidade da Volvo/Nórdica, Airton Amaral, abrange cinco grandes eixos de transporte: Norte-Sul, Araucária-Boqueirão, Linha Verde, Tamandaré-Cabral e Aeroporto-Centro Cívico. “Em vez de oferecer uma linha, oferecemos uma rede de transporte”, explica.

A adaptação do sistema resultaria em uma mudança urbanística expressiva, especialmente na Avenida Sete de Setembro, por onde transita boa parte dos coletivos utilizados pelos curitibanos e moradores da região metropolitana. “A ideia é criar um túnel que vai do Shopping Estação até a Praça do Japão, com profundidade de seis metros, bem menor do que a exigida para a instalação do metrô”, diz. O projeto também inclui a instalação de 300 estações tubos novas, que vão manter a identidade da cidade. Outra vantagem está no custo do sistema, que é consideravelmente menor. “Seria necessário apenas dois anos para colocar o sistema em funcionamento, com investimento de R$ 3 bilhões do consórcio e uma contrapartida do poder público de R$ 51 milhões, para serem pagos em 25 anos”, explica.

“A ideia é criar um túnel que vai do Shopping Estação até a Praça do Japão, com profundidade de seis metros, bem menor do que a exigida para a instalação do metrô”

Airton Amaral gerente de mobilidade da Volvo/Nórdica

Para rodar nos 106 quilômetros previstos no projeto, a ideia é colocar em circulação ônibus de última geração, os chamados veículos articulados híbridos da linha Euro 6, que emitem 95% a menos de gases que os modelos utilizados hoje e são mais confortáveis e silenciosos. “Prevemos a utilização de uma frota de 800 ônibus para atender a população com mais qualidade, conforto e com um sistema completo de conexão com a internet, que inclui as estações tubo e os terminais”.

Com um sistema de conectividade eficiente, é possível garantir uma gestão de horários em um nível tão primoroso que permite à empresa que administra determinado trecho a colocar um novo carro para evitar atrasos. “Por meio de um aplicativo, que pode ser o da Metrocard, o usuário também pode saber exatamente em que horários os ônibus vão passar, podendo administrar melhor o tempo”, diz Amaral. Com wi-fi em todo o sistema, também será possível instalar um eficiente sistema de monitoramento por câmeras, que vai garantir mais segurança aos passageiros. Toda a tecnologia vai ser operada de um centro de controle operacional, que vai ter uma sede em local a ser definido.

A evolução do sistema BRT (Bus Rapid Transit) precisa, entretanto, de uma aprovação do poder público, que teria de abrir um processo licitatório para contratar as empresas que conduziriam o projeto. “Com uma parceria público-privada é possível tirar o projeto do papel”, conclui Amaral.