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Formação de professores passa por mudança

Ensino de docentes vai dar ênfase na formação interdisciplinar e em novas metodologias do processo ensino-aprendizagem

Professor Otto Henrique Martins da Silva, em aulão na PUC: uso de tecnologia para incentivar engajamento dos alunos | Antônio More/Gazeta do Povo
Professor Otto Henrique Martins da Silva, em aulão na PUC: uso de tecnologia para incentivar engajamento dos alunos (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

A lição é antiga, mas o Brasil não aprende: o futuro do país está nas salas de aula. Mais especificamente na figura do professor. De todas as variáveis que influenciam a qualidade da educação, a mais determinante é a eficiência do profissional à frente da turma.

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Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que os alunos dos professores que estão entre os 10% melhores do país aprendem três vezes mais do que os alunos de professores que ficam entre os 10% na parte de baixo do ranking de desempenho de docentes. A diferença salarial ao longo da vida profissional entre os alunos que tiveram bons professores daqueles que tiveram professores ruins chega a mais de US$ 250 mil.

“O maior desestímulo ao profissional da educação hoje é a percepção de que não está preparado para lidar com os problemas reais da educação do presente e do futuro. É um problema que supera a questão salarial, pois professores bem qualificados e, por consequência, motivados com o que fazem, tendem a evoluir muito em seus salários”

Kleber Candiotto, decano da Escola de Educação e Humanidades da PUCPR

A pergunta que o Brasil tenta responder é: o que pode ser feito para melhorar a qualidade da formação de docentes por aqui? Há pelo menos quatros pilares que educadores concordam ser vitais: salário inicial atraente; plano de carreira pautado em desempenho e na formação continuada; foco na prática docente; e escolas bem administradas.

As universidades estão começando a mudar para cumprir a sua parte nesse processo. Os cursos de Licenciatura da PUCPR, por exemplo, passaram por uma grande transformação que começa a ser implementada nas turmas de 2017. A primeira é quantitativa. Por força de legislação federal, os cursos terão a carga horária elevada de 3 para 4 anos. A mais importante, porém, é a reformulação do currículo, mais interdisciplinar, focado na prática pedagógica, com aulas sobre aspectos da psicologia interpessoal, ciência da cognição e técnicas para desenvolver o lado inovador dos futuros profissionais.

“O maior desestímulo ao profissional da educação hoje é a percepção de que não está preparado para lidar com os problemas reais da educação do presente e do futuro. É um problema que supera a questão salarial, pois professores bem qualificados e, por consequência, motivados com o que fazem, tendem a evoluir muito em seus salários”, diz Kleber Candiotto, decano da Escola de Educação e Humanidades da PUCPR e responsável pelas mudanças implementadas na instituição. “O modelo de licenciatura estava desatualizado, voltado, no máximo, para a década de 90. Essa mudança quer preparar os professores para os desafios do século 21.”

Além do foco óbvio no conteúdo que esses professores vão ensinar após o término da faculdade, o que a universidade quer fazer é garantir que os novos profissionais dominem as metodologias que ajudam o estudante a aprender.

Aprendizagem por problemas, por projetos, por pares, sala de aula invertida, aprendizagem por pares e o uso de tecnologias educativas são algumas das novas técnicas que serão ensinadas. O objetivo é colocar o aluno no centro da sala de aula, e deixar ao professor o papel de mediador e de estrategista. “O jovem de hoje não quer ser mais um ser adestrado, sentado em fileira, copiando alguma coisa do quadro quando ele sabe que aquilo pode ser baixado da internet. Não faz mais sentido”, afirma Jelson Oliveira, professor licenciado da PUCPR que atualmente faz pós-doutorado em Londres e é autor do livro Mosaico de cinco cores: princípios orientadores para os processos de ensino e aprendizagem na educação superior (PUCPRess, 2016).

Outra mudança importante no currículo das Licenciaturas é garantir que os futuros professores tenham a capacidade de relacionar o conhecimento de forma interdisciplinar, uma medida que terá impacto em como eles poderão resolver os problemas enfrentados no dia a dia da sala de aula. A partir do ano que vem, os alunos passam a fazer aulas de cunho pedagógico com estudantes de outras áreas.

“O estudante irá conviver com alunos de outros cursos, criando uma interação entre as diferentes áreas do conhecimento. Essa perspectiva da transversalidade na composição de nossos cursos é uma proposta inovadora e que já está sendo feita com sucesso em outros países com bons resultados”, diz a doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) Joana Paulin Romanowski, que também fez parte do grupo que criou o novo currículo de Licenciatura da PUCPR.

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