O hardest runner Francisco Mattos levou seu número à Antártida para divulgar a causa da doação de medula óssea | Arquivo Pessoal
O hardest runner Francisco Mattos levou seu número à Antártida para divulgar a causa da doação de medula óssea| Foto: Arquivo Pessoal

O ditado “uma andorinha só não faz verão” nunca fez tanto sentido quanto quando estamos falando de causas que precisam ter grande visibilidade. Algumas campanhas em prol de um bem só recebem a devida atenção quando são endossadas por figuras públicas ou têm grandes investimentos ou quando são compartilhadas por muitas vozes pelo mundo.

Um sinal da importância de se reunir um grande número de pessoas em prol de uma causa foi dado no ano passado. A Campanha Internacional para Proibir Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês) recebeu o Prêmio Nobel da Paz. A campanha reuniu mais de 400 organizações não-governamentais de cerca de 100 países e chamou a atenção para as consequências catastróficas do uso de armas nucleares. A premiação aconteceu em um momento em que a tensão em razão do aumento do arsenal nuclear de países como a Coreia do Norte era crescente. 

Como resultado prático, a campanha já conseguiu que a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) adotasse seu marco para negociar a proibição de armas nucleares com os países integrantes. 

Para a especialista em tecnologia móvel e blogueira da Gazeta do Povo, Bia Kunze, muitas causas beneficentes ou humanitárias têm nas redes sociais seu principal meio para disseminação de ideias. “A internet possibilita a união de todos esses perfis diferentes: pessoas que querem ajudar, gente que já passou pelo problema, ou que está passando ainda. O alcance hoje é imenso e muitas vezes acontece muito rápido”, avalia. 

Campanha para refugiados 

Em 2016, uma campanha idealizada por curitibanos ganhou alcance mundial durante um evento com uma das maiores visibilidades internacionais. The Refugee Nation foi uma iniciativa para dar um senso de unidade a atletas refugiados que competiram nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A campanha desenvolveu uma bandeira e um hino para ser usado pelos atletas. 

A bandeira é baseada nas cores do colete salva-vidas, objeto muito representativo na vida de grande parte dos refugiados que arriscam suas vidas no mar para fugir de uma situação limite. O hino não tem letra – uma vez que os refugiados vêm de diversos países e falam as mais variadas línguas. Atualmente, uma iniciativa na Holanda contrata refugiados para a confecção das bandeiras, gerando renda para os mesmos. Para um dos idealizadores da campanha, Artur Lipori, “virou um projeto muito maior do que imaginavam”. 

Uma rede mundial para o bem 

Se a internet pode ser colocada como a grande responsável por inúmeros avanços na sociedade atual – e nem todos com resultados positivos – ela também se mostra uma poderosa aliada para a propagação de vozes em prol de uma mesma causa. De acordo com Bia Kunze, redes sociais como o Whatsapp ajudam na disseminação dessas ideias porque trazem um aspecto de proximidade. “Como quem manda é sempre alguém próximo – um vizinho, alguém da igreja, um amigo – a mensagem tem uma aura maior de legitimidade e as pessoas tendem a dar mais atenção àquele conteúdo”. 

Uma campanha que chama a atenção de corredores é um exemplo de como a divulgação individual pode levar uma ideia longe. Seis meses após seu lançamento, o projeto The Hardest Run vive um momento de consolidação e expansão constante muito em razão da divulgação que seus membros fazem ativamente em redes sociais. 

Na opinião de Marcelo Alves, idealizador do movimento, a repercussão ainda surpreende. “A gente percebe como é impressionante a dedicação que eles (participantes) têm em cima da causa. Eu tenho a impressão que as pessoas são boas, mas elas precisam muitas vezes de um empurrão. Elas querem ajudar, mas estão acomodadas. A internet ajuda nisso”. 

No caso do The Hardest Run – diferentemente de outros projetos de voluntariado em que muitas vezes a pessoa prefere realizar aquela ação de forma muito particular, sem alarde – a divulgação é parte da estratégia para o sucesso da iniciativa. Uma vez que o principal objetivo do movimento é aumentar consideravelmente o número de pessoas cadastradas como doadores de medula óssea, os participantes são incentivados a compartilhar o Red Number (número único que cada integrante leva em corridas) em suas próprias redes sociais. 

“Tem pessoas que nos pedem números de lugares em que não fizemos ação nenhuma. São os participantes que levam o número quando vão fazer uma corrida lá em Belém, por exemplo. Cada corredor tem o seu networking”, conta Marcelo Alves. 

Para participar 

Para fazer parte da equipe The Hardest Run basta se cadastrar no site e levar o Red Number onde puder. A pessoa recebe um número exclusivo e que será dela para sempre, para usar em provas de corrida que ela participar. Outras sugestões são: 

  • Contar para amigos e familiares sobre o projeto, convidá-los para fazer parte e incentivar a contribuir com a causa, cadastrando-se como doador de medula ou como doador de plaquetas e granulócitos para pacientes. 
  • Postar e compartilhar informações do projeto em suas redes sociais. Quando fizer postagens sobre corrida utilizar sempre a #thehardestrunners para reforçar que faz parte de uma equipe. 
  • Se cadastrar como doador de medula óssea, plaquetas e granulócitos. 
  • Ficar ligado nos canais do grupo, contribuir e/ou mobilizar pessoas quando chamados para entrar em ação. 
  • Participar dos eventos e corridas temáticas.