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Cena da nova propaganda da Gillette, que defende um melhor comportamento masculino | Reprodução
Cena da nova propaganda da Gillette, que defende um melhor comportamento masculino| Foto:

Será que a nova propaganda da Gillette é um ataque feminista radical à masculinidade – a concretização comercial de uma sensibilidade despertada?

Eu estava preparada para acreditar que sim.

Mas tendo assistido ao comercial uma segunda vez, encontrei muitos motivos para apreciá-lo. O vídeo tem sido criticado duramente por alguns comentaristas conservadores. Com todo respeito, eu acho que eles caíram em uma armadilha. Eles parecem ter aceitado a perspectiva feminista. Feministas veem a cultura como uma batalha maniqueísta. Mulheres contra homens. As mulheres são boas e os homens são maus. Para a sociedade progredir, os homens precisam mudar. Nós precisamos exterminar a “masculinidade toxica”.

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Compreensivelmente, isso irrita os conservadores. Eu mesmo já alcei a voz para defender a masculinidade muitas vezes. Mas seria o comercial da Gillette realmente “o produto de um feminismo radical dominante – símbolo do marxismo cultural”, como disse Candace Owens, da Turning Point USA? Seria parte de “uma guerra contra a masculinidade nos Estados Unidos”, como Todd Starnes comentou na Fox News?

Os conservadores, ao tirar os casacos para entrar nesse duelo, parecem aquele cara que, vendo uma briga de bar, pergunta: “Essa briga é particular ou qualquer um pode entrar?”

Vamos descobrir o que causou a briga antes de escolher um lado. Existem algumas entrelinhas no comercial da Gillette que sugerem uma influência feminista – o termo “masculinidade tóxica” deveria ser, por si só, tóxico – mas de modo geral o comercial é bastante inofensivo, e até mesmo é valioso. Eu não tenho ideia se é a melhor maneira de se vender lâminas de barbear, mas como uma crítica social, não é ofensivo.

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“The Best Men Can Be” (“O melhor que os homens podem ser”, em tradução livre) começa mostrando homens fazendo vista grossa para uma briga de garotos, dando de ombros: “Meninos serão sempre meninos”. Mostra ainda homens rindo de uma cena de comédia em que um homem finge investir em uma mulher por trás. Mostra crianças perseguindo um garoto por ser “esquisito” ou então um “maricas”.

Essas imagens são seguidas por cenas mais animadoras de homens separando brigas, interrompendo homens que estão assediando mulheres e sendo pais amáveis de suas filhas. Nós ouvimos a ex-estrela da NFL Terry Crews falando: “Os homens precisam advertir outros homens”. Essas imagens não me parecem uma reprovação da masculinidade em si, mas sim uma crítica ao bullying, à grosseria e ao comportamento sexual abusivo.

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Ao correr instantaneamente para defender os homens nesse contexto, alguns conservadores deram de cara com uma ironia. Imaginando-se como defensores dos homens, eles estão, na verdade, defendendo comportamentos – como o assédio sexual e o bullying – que há uma geração ou duas eram condenados apenas pelos conservadores.

A permissividade sexual, a linguagem chula e a fuga das responsabilidades individuais eram características da esquerda. Era para “chocar a burguesia” que os esquerdistas entoavam “Fim da linha, filhos da puta” nas universidades. A multidão que dizia “bota tudo pra fora”, “se você se sente bem, faça” e “castidade é desperdício” era formada por progressistas.

Quem olhava torto para os homens que seguravam a cadeira ou a porta para as mulheres eram as feministas, insistindo que “a mulher precisa de um homem tanto quanto um peixe precisa de uma bicicleta”.

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A esquerda venceu aquela batalha cultural. Padrões de conduta para ambos os sexos foram defenestrados. Em vez de os homens serem criados para se comportar na frente das mulheres – “cuidado com a língua, tem mulheres por perto” – eles foram, ao invés disso, levados a acreditar que mulheres não mereciam nenhuma consideração especial.

Como já escrevi muitas vezes, o movimento Me Too pode se compreender a si mesmo como um protesto contra a “masculinidade tradicional”, mas isso ocorre apenas porque a memória é curta. É, na verdade, um protesto contra a cultura libertina introduzida pela revolução sexual.

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Alguns homens realmente estão se comportando muito mal – assediando mulheres, fazendo bullying uns com os outros e falhando com suas responsabilidades familiares. Algumas mulheres também estão, embora o movimento Me Too não reconheça esse lado da moeda. Mas esses comportamentos não são “tradicionais”. Eles sempre existiram, é claro, mas se tornaram dominantes com a contracultura, que agora é a cultura.

De qualquer forma, todo mundo, direita ou esquerda, que valoriza um comportamento decente deveria ser capaz de concordar que encorajar homens a serem não-violentos, educados e respeitosos não é ir contra a masculinidade. É simplesmente ser civilizado.

Os conservadores deveriam aplaudir esse aspecto da mensagem da Gillette. Progressistas, em contrapartida, deveriam lidar com a esmagadora evidência de que a melhor maneira de se criar homens honráveis é com a presença do pai.

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Nós até podemos querer que fosse de outra forma, mas o pai – como disciplinador, modelo de comportamento e marido amoroso – é crucial para criar filhos felizes, saudáveis e responsáveis, bem como filhas destemidas, felizes e bem-sucedidas. Essa é a reforma cultural de que tanto precisamos.

Tradução de Giovani Domiciano Formenton.

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