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Imigrantes da América Central fogem do gás lacrimogêneo lançado pela patrulha de fronteira dos EUA, depois de tentarem atravessar de Tijuana para San Diego, nos EUA, em 1º de janeiro de 2019. | GUILLERMO ARIAS/AFP
Imigrantes da América Central fogem do gás lacrimogêneo lançado pela patrulha de fronteira dos EUA, depois de tentarem atravessar de Tijuana para San Diego, nos EUA, em 1º de janeiro de 2019.| Foto: GUILLERMO ARIAS/AFP

A nova líder por maioria do Congresso dos EUA, Nancy Pelosi, supostamente passou as férias no Fairmont Orchid, um resort de luxo no Havaí, pensando sobre a futura legislação para as mudanças climáticas e mantendo sua oposição ao projeto de muro na fronteira com o México. 

Mas no mundo real, um lugar muito diferente do Fairmont Orchid ou dos resorts de luxo que Pelosi frequenta, outras pessoas lidam diariamente com os resultados de fronteiras abertas e jurisdições de cidades santuário (Nota do Tradutor: Cidades Santuário se recusam a colaborar com as agências nacionais de imigração e protegem os imigrantes ilegais). Os resultados são muitas vezes niilistas e horríveis. Aqui no Vale Central da Califórnia, durante as férias, nos lembramos dos custos da imigração ilegal em geral, e mais especificamente das leis para as cidade santuário da Califórnia, que restringem a cooperação formal entre as autoridades locais e estaduais com as autoridades federais de imigração em matéria de deportação de estrangeiros ilegais que estejam sob detenção. 

No primeiro caso, Gustavo Garcia, um estrangeiro ilegal de 36 anos de idade que já fora deportado antes, assassinou um residente de Visalia de 51 anos em 17 de dezembro, atirando de forma gratuita sua vítima aleatória, Rocky Jones, em um posto de gasolina. Aparentemente Garcia havia sido preso dois dias antes e liberado. 

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Garcia entrou ilegalmente nos EUA em 1998 e foi deportado pela segunda vez em 2014. Ele foi acusado de pelo menos três violações de imigração desde que retornou ilegalmente aos EUA, e já recebeu condenações criminais desde 2002 por ataques com armas mortais, por contribuir com a delinquência de um menor e por posse de substâncias controladas. Além do assassinato de Jones, Garcia também atirou em um trabalhador rural que estava em uma escada de trabalho, seguiu uma mulher até o carro dela em um hotel de beira de estrada e atirou nela também. Ele também é suspeito do assassinato de Rolando Soto, 38 anos, da cidade vizinha de Lindsay. 

De fato, Garcia era suspeito de vários tiroteios e roubos anteriores. Durante sua fúria final, entre outras coisas, Garcia chegou inclusive a tentar atirar em sua ex-namorada. O fim foi trágico: depois de roubar um caminhão de trabalhadores rurais e ser perseguido pela polícia, desviando o veículo para o sentido oposto de tráfego e ferindo mais quatro inocentes, um deles criticamente, e ter disparado seguidas vezes contra a polícia, Garcia se envolveu em um acidente e morreu no local. 

O xerife local do condado de Tulare classificou os violentos tiroteios e acidentes de carro de Garcia como um “reino de terror”. Garcia tinha um cúmplice que ainda está foragido. 

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O aparato judiciário-legal local culpou as restrições legais impostas pela legislação da cidade santuário pela sua incapacidade de notificar os órgãos competentes de que o criminoso e imigrante ilegal Garcia estava prestes a ser liberado entre o público em geral. Ou, como o xerife disse, “Gustavo Garcia teria sido entregue aos funcionários dos órgãos que lidam com imigração. É assim que sempre fizemos isso, dia após dia. Mas depois da lei SB54, que institui o estado santuário, não temos mais o poder de fazer isso. Sob a nova lei estadual, devemos ter um 'mandado assinado pelo governo federal' para fazer isso. Nós não reconhecemos o detentor porque a lei estadual não nos permite". 

Menos de duas semanas depois, havia outro exemplo de desordem envolvendo imigração ilegal no Vale Central. Ao Norte, em Newman, outro imigrante ilegal já deportado duas vezes, Gustavo Perez Arriaga (ele aparentemente usava vários pseudônimos), foi acusado de atirar e matar o policial de Newman Ronil Singh, que o parou sob a suspeita de dirigir embriagado (Arriaga já tem duas ocorrências similares). 

Arriaga fugiu depois de assassinar o policial Singh e, graças a pelo menos sete facilitadores (irmãos, namorada, amigos, etc.), alguns deles também imigrantes ilegais, conseguiu escapar da lei por alguns dias. Esses facilitadores deram informações falsas às autoridades policiais sobre o paradeiro de Arriaga ou o ajudaram em seu plano de fuga para o México. No fim, ele foi pego 320 quilômetrosao Sul, perto de Bakersfield. 

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O irmão do suspeito, Adrian Virgen, de 25 anos, e um colega de trabalho, Erik Razo Quiroz, de 32 anos, foram presos como cúmplices. As autoridades informam que ambos também estão no país ilegalmente. Arriaga estava à solta havia cinco dias, em parte porque ele tinha tantas identidades falsas e pseudônimos que ninguém sabia realmente quem ele era. 

O xerife do condado de Stanislaus, Adam Christianson, observou que o SB54 impediu que os departamentos “compartilhassem qualquer informação com o ICE (órgão responsável pelos imigrantes) sobre esse criminoso membro de gangues”. Christianson acrescentou ainda: “este é um criminoso e imigrante ilegal com atividades criminais anteriores que deveriam ter sido relatadas ao ICE”. O xerife afirma por fim que “a aplicação da lei foi proibida por causa das leis para as cidades-santuário e isso levou ao desfecho fatal com o policial Singh. Estou sugerindo que o resultado poderia ter sido diferente se a aplicação da lei não fosse restrita, proibida ou não estivesse com as mãos amarradas devido a uma interferência política". 

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Esses incidentes, e mesmo os incidentes menos violentos que esses, não são tão raros na Califórnia rural. As narrativas são tragicamente semelhantes e dependem da crença de tolerância de nossa sociedade e na fé de que entrar e residir ilegalmente nos Estados Unidos não é realmente um crime. Identificação fraudulenta e adoção de nomes falsos não são realmente comportamentos criminosos. Dirigir alcoolizado não é motivo para deportação – ainda que todos esses sejam crimes que podem arruinar carreiras e ter consequências caras para os cidadãos nativos.

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Os estatísticos argumentam que os imigrantes cometem menos crimes do que os nativos, mas nunca conseguem calibrar imigrantes ilegais na equação (em parte porque ninguém tem ideia de quem, onde ou quantos são, já que as estimativas desse número variam entre 11 e 20 milhões) ou notar que a segunda geração nascida nos EUA de filhos de imigrantes têm taxas de criminalidade violenta muito mais altas do que seus pais imigrantes e que, de maneira circular, contribuem para o conjunto geral de norte-americanos violentos usado estatisticamente para mostrar como imigrantes são menos violentos. 

Devemos redefinir toda a moralidade da imigração ilegal. 

A imoralidade está minando a lei federal e normalizando isenções que permitem que criminosos como Garcia e Arriaga destruam gente inocente e indefesa. Muito frequentemente, os arquitetos de fronteiras abertas e jurisdições de santuário não estão nas linhas de frente, onde pessoas em estado vulnerável sofrem consequências muito mais reais do que as pessoas distantes, que podem confiar em suas próprias redes de segurança quando suas grandes abstrações se concretizam. 

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E, finalmente, esquecemos que muitas vezes as vítimas de imigrantes ilegais são, pelo menos na Califórnia (onde um em cada quatro residentes não nasceu nos EUA) imigrantes legais como o oficial Singh e membros da comunidade hispânica como o falecido Sr. Soto. As pesquisas mostram que o apoio às fronteiras abertas não é popular e que a maioria dos americanos quer o fim da imigração ilegal e da captura e da liberação, bem como apoia a aplicação mais rigorosa das leis federais de imigração. 

Victor Davis Hanson é colaborador da National Review, membro sênior da Hoover Institution e autor, mais recentemente, do livro “Second World Wars: How the First Global Conflict Was Fought and Won”

Tradução de Gisele Eberspächer

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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