• Carregando...
Convenientemente, os democratas varrem o governador de Nova York, Andrew Cuomo, para debaixo do tapete a fim de esconder o fracasso dele na gestão da Covid.
Convenientemente, os democratas varrem o governador de Nova York, Andrew Cuomo, para debaixo do tapete a fim de esconder o fracasso dele na gestão da Covid.| Foto: EFE/EPA/SPENCER PLATT / POOL

Nesta semana, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, renunciou ao cargo. Foi uma reviravolta inesperada para um homem que era chamado de herói da república por toda a imprensa, mesmo tendo administrado o pior surto de Covid-19 do país, acobertando a morte de milhares de pessoas em asilos.

Trevor Noah se declarou “cuomossexual”; Chelsea Handler falava de sua “paixão” por ele; houve até quem incluísse Cuomo como possível nome na chapa Democrata se Biden não tivesse concorrido.

A Crown Publishing achou de bom tom pagar US$5 milhões em adiantamentos para as memórias autocongrulatórias de Cuomo sobre a Covid-19, humildemente intituladas “American Crisis: Leadership Lessons from the COVID-19 Pandemic” [Crise americana: lições de liderança na pandemia de Covid-19].

Cuomo, porém, não está sendo jogado na sarjeta por causa de seu péssimo desempenho na gestão da pandemia, apesar de seu estado atualmente ostentar a segunda pior taxa de mortos por milhão nos Estados Unidos (a Flórida, bicho-papão para a imprensa, está em 26º lugar nessa lista, apesar de ser o segundo estado mais idoso dos Estados Unidos, atrás apenas do Maine).

Longe disso. Diante da renúncia de Cuomo, Biden lamentou que Cuomo tivesse feito “um baita trabalho” em “tudo, da infraestrutura eleitoral a várias outras coisas. Por isso é tão triste”.

Mas o fato é que Cuomo foi obrigado a renunciar por causa de seu hábito de tocar o corpo das subordinadas.

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, ela própria de olho na residência oficial do governador, divulgou um relatório de 168 páginas detalhando o comportamento de Cuomo diante de 11 mulheres que o acusam de assédio sexual. A alegação mais contundente vem de Brittany Commisso, uma ex-secretária que disse que Cuomo havia passado a mão nas nádegas dela, a beijado na boca e apalpado seus seios.

James se recusou a processar Cuomo, mas o relatório bastou para abrir as comportas. No fim da semana passada, estava claro que Cuomo não tinha mais o apoio político necessário para continuar no cargo – em parte, por causa de seu antigo hábito de tratar os deputados estaduais como lixo.

Hoje nos dizem que a renúncia de Cuomo é consequência do alto padrão moral democrata. Joy Reid, da MSNBC, disse que a saída de Cuomo é “resultado da pressão democrata” – no que ele tem certa razão, devido à maioria democrata no senado estadual.

Russell Berman, da Atlantic, defendeu o esmo argumento, dizendo que “os democratas exigem mais de seus líderes do que os republicanos”.

Claro que isso não é verdade. De jeito nenhum. Os democratas costumam ignorar políticos poderosos acusados de má-conduta sexual, desde o senador Edward “Ted” Kennedy até o ex-presidente Bill Clinton e o próprio Biden. Tudo depende do ambiente político do momento.

E a realidade é que Cuomo era um problema para o Partido Democrata não apenas por sua tendência a passar a mão nas mulheres, e sim por causa de seu péssimo desempenho na gestão da pandemia.

As políticas de lockdown de Cuomo resultaram em várias mortes, na fuga de moradores e na quarta pior taxa de desemprego do país – mesmo com os democratas o considerando um governador-modelo.

Livrar-se de Cuomo, portanto, é uma boa medida. Ela permite que os Democratas finjam que se importam com o movimento #MeToo e ao mesmo tempo se escondam de um problema maior.

Por isso deve ter sido tão difícil para Cuomo – que vem se livrando desse tipo de acusação há pelo menos uma década – ter de renunciar em seu suposto momento de triunfo.

Também foi por isso que os Democratas o defenestraram. Afinal, reconhecer que Cuomo fracassou na gestão da pandemia seria reconhecer que as atuais políticas democratas espelham o fracasso de Cuomo. Melhor varrê-lo para debaixo do tapete do que permitir que os opositores o usem como um caso concreto de incompetência e comportamento ditatorial.

Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e editor do Daily Wire.

©2021 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]