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Estocolmo, capital da Suécia: alto padrão de vida não é fruto de políticas socialistas | Pixabay
Estocolmo, capital da Suécia: alto padrão de vida não é fruto de políticas socialistas| Foto: Pixabay

Há anos, ouço parte da esquerda dizer que a Suécia é a prova de que o socialismo funciona e de que o socialismo não precisa acabar tão mal quanto a União Soviética, Cuba ou a Venezuela. Mas não é isso que o historiador sueco Johan Norberg diz em um novo documentário.

“A Suécia não é socialista – porque o governo não possui os meios de produção. Para ver isso, você precisa ir à Venezuela, a Cuba ou à Coreia do Norte”, diz Norberg. “Nós tivemos, isso sim, em um período entre as décadas de 1970 e 1980, algo que se parecia com o socialismo: um governo graúdo que taxava e gastava bastante. E esse é o período da história sueca em que a nossa economia despencou”. 

O PIB per capita caiu. O crescimento da Suécia se tornou menor que o de outros países. A inflação aumentou. Até os socialistas suecos reclamavam dos altos impostos. 

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Astrid Lindgren, autora da popular série infantil Píppi Meialonga, descobriu que estava perdendo dinheiro por ser tão popular. Ela tinha que pagar um imposto de 102% por cada novo livro vendido. “Ela escreveu um ensaio furioso sobre uma bruxa que era mesquinha e perversa – mas não tão perversa quanto as autoridades tributárias suecas”, diz Norberg. 

Porém, mesmo esses altos impostos não arrecadaram dinheiro suficiente para financiar o grande Estado de bem-estar social sueco. “As pessoas não conseguiam a aposentadoria que pensavam ser necessária para o seu futuro”, lembra Norberg. “A essa altura, a população sueca simplesmente disse um basta”. 

A Suécia então reduziu o papel do governo. Gastos públicos foram cortados, a rede ferroviária foi privatizada, certos monopólios do governo foram abolidos, impostos sobre herança foram eliminados e empresas pertencentes ao Estado, como a fabricante da vodka Absolut, foram vendidas. As promessas de aposentadoria também foram reduzidas, “para que já não fossem insustentáveis”, acrescenta Norberg. 

O resultado foi que uma “nação camponesa empobrecida se desenvolveu e se tornou um dos países mais ricos do mundo”, avalia o historiador. Ele reconhece que a Suécia, em algumas áreas, tem um governo avantajado: “Temos, sim, um Estado de bem-estar social maior que os Estados Unidos, impostos mais altos que os norte-americanos, mas em outras áreas, quando o assunto são os livres mercados, a competitividade e o livre comércio, a Suécia é na verdade mais livre mercado que os Estados Unidos”, diz. 

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O livre mercado da Suécia não é sobrecarregado por regulamentações excessivas, subsídios localizados e bailouts amigáveis, como nos Estados Unidos. Isso permite que a Suécia consiga financiar grandes programas de assistência social. “Hoje nossos impostos custeiam a Previdência Social, licenças-parentais de 18 meses, creches para famílias que precisam deixar os filhos em algum lugar enquanto trabalham”, diz Norberg. 

Mas o governo sueco não gerencia todos esses programas. “Ter o governo na administração de tudo isso não funcionou muito bem”, avalia o historiador. Então, houve privatizações. “Percebemos na Suécia que, com esses monopólios governamentais, não conseguimos a inovação que podemos ter quando temos competitividade”, diz Norberg. 

A Suécia mudou seu sistema escolar para um sistema de vouchers. Isso permite que os pais escolham onde os filhos vão estudar e obriga as escolas a competir pelo dinheiro do voucher. “Um resultado que temos percebido é que não apenas as escolas privadas são melhores do que antes, mas que até mesmo escolas públicas próximas a elas com frequência melhoram, porque precisam”, conta o historiador. 

A Suécia também privatizou parcialmente o seu sistema previdenciário. Nos Estados Unidos, o Cato Institute propôs algo parecido. O então presidente George W. Bush apoiou a ideia, mas não a explicou muito bem. Ele voltou atrás quando políticos reclamaram que a ideia de privatizar a Previdência Social tinha assustado os eleitores. 

Os suecos, em um primeiro momento, também se assustaram. “Mas quando perceberam que a alternativa era o colapso completo do sistema previdenciário, pensaram que era uma ideia muito melhor do que não fazer nada”, conta Norberg. 

A Suécia, portanto, sustenta seu Estado de bem-estar social com a privatização da Previdência, a livre escolha de escolas e poucas regulamentações – em comparações de liberdade econômica entre países, a Suécia com frequência aparece na frente dos Estados Unidos. 

Na próxima vez em que você ouvir socialistas democráticos discursando sobre quão socialista a Suécia é, recorde a eles que o seu grande Estado de bem-estar social é financiado pelas suas práticas de livre mercado e não por suas medidas socialistas. 

©2019 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês

Tradução: Felipe Sérgio Koller

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