A Guerra de Independência de Israel, em 1948, gerou um imenso êxodo. Cerca de 750 mil judeus foram expulsos de países árabes onde viviam havia centenas de anos. Por outro lado, pouco menos de 750 mil árabes saíram de Israel, grande parte por vontade própria: respondiam ao apelo dos exércitos árabes invasores que lhes pediam abrir caminho para permitir “jogar os judeus ao mar”.
Os refugiados judeus chegaram a um país recém criado e empobrecido que se esforçou por absorvê-los. Nenhum deles é chamado de refugiado há dezenas de anos — todos receberam cidadania e foram integrados no país, com direitos civis integrais, seus filhos galgando altas posições como médicos, engenheiros, especialistas em alta tecnologia, oficiais militares, juízes, enfermeiros, advogados e toda e qualquer profissão. Infelizmente o mesmo não ocorreu com os refugiados árabes que chegaram aos países Islâmicos.
Os árabes saídos do atual Israel — e que desde 1964 passaram a se designar palestinos — foram colocados em campos de refugiados, sem direitos de cidadania e, na maioria dos países, sem qualquer outro direito. Excetuando-se a então Transjordânia (hoje Jordânia), todos os demais países colocaram drásticas restrições aos refugiados. A Liga Árabe (e a ONU) define como refugiado palestino também seus cônjuges, filhos, netos e bisnetos, independentemente do país de nascimento ou religião. A maioria vive em 68 campos de refugiados espalhados pelo Líbano, Síria, Jordânia, bem como na Faixa de Gaza (que até 1967 pertencia ao Egito) e a Cisjordânia (que foi incorporada pela Transjordânia e conquistada por Israel em 1967). A vida nos campos de refugiados gera frustração, angústia e muita raiva. Alguns exemplos:
1- Líbano: nenhum palestino tem direito à cidadania — não votam nem podem ser votados, por não serem cidadãos não têm direito aos serviços médicos, educação aposentadoria ou passaporte. Estão proibidos de terem propriedades. Qualquer descendente dos refugiados de 1948 é considerado refugiado. Filhos, netos e bisnetos nascidos no Líbano mantêm o status de refugiados, o que explica a existência de cerca de 420 mil palestinos no país. Praticamente qualquer serviço não braçal é proibido aos refugiados. Por serem apátridas não podem sequer abandonar o país, já que não têm documentos.
2- Síria: A Síria recebeu de 70 mil a 80 mil palestinos durante a Guerra de Independência. Mantém a mesma norma do Líbano e demais países árabes: filhos, netos, bisnetos e até mesmo quem case com um deles é classificado como refugiado. Hoje são 454 mil, depois que cerca de 160 mil fugiram da guerra civil que lá se desenrola. Na Síria eles têm direito a trabalho e a possuir apenas uma propriedade — comercial ou residencial. Os filhos nascidos na Síria de um dos pais palestino não tem direito à nacionalidade — é considerado palestino. Não têm direito a voto, a passaporte e são terminantemente proibidos de possuírem terra arável.
Os campos de refugiados na Faixa de Gaza e na Cisjordânia não foram desmantelados, apesar de estarem sob administração palestina.
A situação acima descrita, aliada à corrupção governamental, falta de emprego e de perspectiva e principalmente ao incitamento anti-Israel nas escolas, nas rádios e TVs bem como nas mesquitas e nos discursos das lideranças faz surgir um violento sentimento anti-israelense e antijudaico. A partir do final dos anos 80 a pregação da violência como sendo o único caminho de libertação irá desembocar na criação de inúmeros grupos adeptos do terrorismo como veículo de liberação das frustrações — um conveniente inimigo externo livra as autoridades de críticas internas.
Este é o fertilizante do terror, como veremos no próximo capítulo.
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