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Bolsonaro “na vala” e “no inferno”: a escalada da violência retórica da esquerda 

Lula e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, durante evento em 2024.
Lula e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, durante evento em 2024: exemplos da retórica extremada da esquerda. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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O governador da Bahia, o petista Jerônimo Rodrigues (PT), ganhou o noticiário por uma fala ameaçadora sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. 

Em um discurso a apoiadores na cidade de João Dourado (BA), na sexta-feira (2), ele disse que Bolsonaro e os bolsonaristas precisam ir “para a vala”. 

"Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele. E quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia num pacote. Bota uma enchedeira, sabe o que é uma enchedeira? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para a vala", disse o governador. 

A frase foi seguida pelos tradicionais pedidos de desculpas e por alegações de que a declaração foi “descontextualizada”. 

Mas o contexto da esquerda é exatamente esse: o de fazer apelos verbais, diretos e indiretos, à violência política.  

“Que Bolsonaro vá para o inferno” 

Dois dias antes da declaração de Jerônimo, o jornalista Ricardo Noblat, que trabalha para o senador cassado Luiz Estevão no portal Metrópoles, desejou que Bolsonaro “não demore muito” a ir “para o inferno”. 

“Sem anistia para ele. Sem prisão domiciliar, muito menos à beira-mar, como a de Fernando Collor. Que vá para o inferno. E que não demore muito a ir”, escreveu Noblat. 

A publicação foi apagada horas depois, sem pedido de desculpas. 

Em princípio, Noblat poderia receber o benefício da dúvida. Talvez “ir para o inferno” — mesmo levando em conta que Bolsonaro estava no hospital — significasse apenas desaparecer da vida pública. 

Mas, em janeiro de 2021, ele parece ter endossado uma afirmação ainda mais direta sobre o então presidente: Noblat compartilhou uma frase em que o escritor Ruy Castro sugere o suicídio de Bolsonaro. 

Não é incomum que as discordâncias políticas se transformem em ataques verbais grosseiros. O próprio Bolsonaro ofereceu exemplos disso, quando disse que queria ver Dilma Rousseff fora do cargo “infartada ou com câncer”.  

Mas, tanto no caso do governador baiano quanto no do jornalista, as declarações não são esporádicas ou acidentais. Se alguns dos principais líderes de esquerda defenderam abertamente a violência física contra adversários políticos, as declarações sobre Bolsonaro — e o presidente Donald Trump — não devem surpreender. 

Nem mesmo o fato de ambos terem sido alvo de atentados reduziu a ferocidade da retórica de alguns de seus adversários. Um estudo da Universidade de Chicago, divulgado no ano passado, mostrou que eleitores anti-Trump são mais propensos a apoiar a violência política que os apoiadores do presidente.  

Veja uma lista de outros cinco exemplos em que a retórica da esquerda desumanizou o ex-presidente.  

1) Barbara Gancia 

Em 10 de dezembro de 2020, a colunista da Folha de S. Paulo pediu a morte de Jair Bolsonaro como presente de Natal. 

“Meu pedido ao Papai Noel é um só: por favor, Bom Velhinho, mate o presidente da República e, se não for muito trabalho, mais 30 mil de seus fanáticos seguidores”, ela escreveu, antes de tentar amenizar: “Simbolicamente já está bem bom pra mim”. 

2) Hélio Schwartsman  

Em julho de 2020, o jornalista assinou na Folha de S. Paulo um artigo intitulado "Por que torço para que Bolsonaro morra". No texto, ele tenta apresentar um argumento utilitarista segundo o qual a morte de Bolsonaro — que, na época, estava com Covid-19 — salvaria vidas porque significaria o fim de uma política inadequada contra a pandemia.  

“Como no consequencialismo todas as vidas valem rigorosamente o mesmo, a morte do presidente torna-se filosoficamente defensável, se estivermos seguros de que acarretará um número maior de vidas preservadas”, afirmou o articulista. Ele conclui que "Bolsonaro prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida". 

3) Ruy Castro 

Em artigo para a Folha de S. Paulo, Ruy Castro sugeriu que Jair Bolsonaro tirasse a própria vida. "Se Trump optar pelo suicídio, Bolsonaro deveria imitá-lo. Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso hoje, já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais", ele escreveu, em janeiro de 2021. 

Assim como no caso de Schwartsman, a repercussão levou a Folha de S. Paulo a se pronunciar. O jornal citou a liberdade de expressão e defendeu a decisão de publicar o artigo de Ruy Castro. 

4) André Janones 

O deputado federal pelo Avante de Minas Gerais questionou, desde o início, a veracidade da facada em Jair Bolsonaro — que ele chama de “fakeada”. A prática continuou mesmo depois de Janones ter sido alçado à posição de estrategista digital da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2024, logo após Trump ser atingido durante um comício na Pensilvânia, Janones comparou o ataque contra Trump à facada contra Bolsonaro — para dizer que ambos os atentados eram falsos. 

Em março de 2025, Janones ainda mantinha a versão absurda de que o atentado contra o ex-presidente foi uma armação. Mais: ele disse que um novo atentado falso está a caminho. “Bolsonaro vai simular um novo atentado, assim como fez com a ‘fakeada’ de 2018, quando ele viu que seria derrotado pelo Haddad e inventou aquela história”, escreveu.  

5) Lula 

As teses conspiratórias sobre a facada em Bolsonaro também foram reverberadas por Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma entrevista concedida quando estava preso, em 2019, Lula afirmou que a facada foi "estranha" e "suspeita". 

“Aquela facada para mim tem uma coisa muito estranha. Uma facada em que não aparece sangue em nenhum momento. Uma facada em que o cara que dá a facada é protegido pelo segurança do Bolsonaro. (...) A faca que não aparece em nenhum momento. Tem muita história estranha, suspeita”, ele disse. 

Lula nunca se retratou das declarações. 

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