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Motorista coloca gasolina em seu carro em Staten Island, em Nova York, EUA, 10 de novembro de 2021: preços em alta.
Motorista coloca gasolina em seu carro em Staten Island, em Nova York, EUA, 10 de novembro de 2021: preços em alta.| Foto: EFE/EPA/JUSTIN LANE

O presidente Biden encontrou um novo bode expiatório para seguir aumentando os preços da gasolina.

Na última terça-feira, quando lhe perguntaram o que sua administração pode fazer quanto à alta recorde do preço da gasolina, o presidente respondeu: “Não posso fazer muito agora. A culpa é da Rússia.” Esta resposta leviana é tanto um erro demonstrável quanto um insulto aos trabalhadores americanos cujos salários têm sido cada vez mais exauridos toda semana desde quando a administração de Biden assumiu o governo.

A verdade é que o governo Biden gastou 14 meses numa guerra contra a produção americana de energia, e agora estamos vendo as consequências. Com as eleições de meio mandato se aproximando, os conselheiros de Biden, teimosos demais para admitir que a guerra de Biden contra a energia americana foi um erro, decidiram usar a crise na Ucrânia para acobertar essa trapalhada histórica. E mais: o presidente Biden – já que sua guerra contra a energia americana aumentou nossa dependência do petróleo russo e o preço desse petróleo – financiou a invasão de Putin à Ucrânia. [As eleições de meio mandato dos EUA, as midterm elections, são parecidas com as eleições de governador no Brasil: ocorrem na metade do mandato do presidente e servem para avaliar tendências eleitorais. (N. t.)]

Os fatos revelam com clareza o que aconteceu, e estão em contraste com a falsa narrativa que a Casa Branca está vendendo por aí. A verdade é que os preços da gasolina americana subiram bastante nos últimos 14 meses por causa das políticas míopes do presidente Biden.

No dia da eleição em 2020, o preço médio da gasolina nos Estados Unidos foi 2,11 dólares por galão. À época em que o presidente Biden tomou o cargo mais de dois meses depois, o preço médio era 2,38 dólares o galão – um aumento que literalmente antecipado pela repressão da energia americana prometida por Biden. [O galão equivale a 3,7 litros. (N. t.)]

No seu primeiro dia no cargo, o presidente revogou a concessão do oleoduto Keystone XL, interrompeu os arrendamentos no Arctic National Wildlife Refuge [uma reserva ambiental no Alasca], e impôs novas regulações à produção de petróleo e gasolina americanos, inclusive dirigindo as agências para avaliar um “custo social do carbono” para os produtores americanos. No mesmo dia, retornou ao Tratado do Clima de Paris, um mandado de internacional de supressão do combustível fóssil.

Durante sua segunda semana no cargo, o presidente Biden assinou outra ordem executiva suspendendo novos arrendamentos de petróleo e gás natural em terras públicas e águas estrangeiras, onde ocorre um quarto da produção de petróleo e gasolina dos Estados Unidos.

Por volta de 20 de maio de 2021, o preço médio da gasolina chegou a 3,02 dólares o galão. Nesse dia, Biden assinou uma ordem mandando os reguladores financeiros tomarem medidas para desencorajar o financiamento da produção do petróleo americano para “mitigar o risco financeiro relacionado ao clima”.

Esta ordem era parte de uma campanha mais ampla para escorraçar a indústria de petróleo e gasolina a fim de promover o modismo das diretrizes financeiras da Governança Ambiental e Social (ESG), que colocam a sinalização de virtude acima das necessidades de trabalhadores americanos. De modo correlato, Biden nomeou para postos chaves radicais da energia verde, tais como Saule Omarova e Sarah Bloom Raskin, que foram explícitas quanto a quererem usar corpos financeiros-regulatórios para deixar a indústria de petróleo e gasolina fora do negócio.

Tais ações limitaram direta e significativamente a produção americana de energia, reduzindo o suprimento e, assim, aumentando os preços. Mas, talvez de uma maneira ainda mais danosa, elas desestimularam os produtores de energia a manter e investir na produção americana, pois mandaram a mensagem de que o governo Biden haveria de combatê-los sem descanso.

Por volta de agosto, com o preço médio da gasolina chegando a 3,20 dólares, a aprovação caindo e as eleições de meio mandato no horizonte, Biden tentou, sem sucesso, esconder sua trapalhada pedindo à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados – Rússia incluída – que reforçassem a produção.

É claro que agora a administração de Biden deu uma guinada para longe do petróleo russo. Em vez disso, Biden está se voltando para os terroristas e tiranos do Irã e da Venezuela.

Está conversando com estrangeiros assassinos enquanto se recusa a conversar com os petroleiros americanos.

Isto tem ramificações de amplo alcance. Quando eu era embaixador dos Estados Unidos no Japão, trabalhei duro para que o Japão parasse de importar petróleo do Irã, o maior financiador de terrorismo do mundo. Foi um desafio para o Japão – uma nação que importa a maior parte de sua energia –, mas ao cabo o Japão aceitou. À época, o Japão viu seus interesses de segurança nacional, bem como sua segurança econômica e energética, em estreito alinhamento com os Estados Unidos.

De fato, o Japão investiu bilhões de dólares na infraestrutura necessária para se tornar um grande destinatário das exportações do gás natural liquefeito dos Estados Unidos. O Japão observou o que deveria estar claro para todos: os Estados Unidos deveriam usar sua energia abundante para apoiar nossos aliados e tolher Estados terroristas, em vez de apoiar Estados terroristas e tolher os produtores americanos de energia.

Se o presidente parasse de se curvar à esquerda radical do seu partido, não precisaria confiar em ditadores assassinos. Em vez disso, deveríamos simplesmente voltar a reivindicar a independência e segurança energéticas que tínhamos alcançado com o presidente Trump.

A afirmação do presidente Biden de que sua administração “não pode fazer muito” quanto aos altos preços de gasolina é uma abdicação do dever. A Rússia deixou muito claras as implicações para a segurança nacional da dependência energética. A resposta para os preços altos e a vulnerabilidade econômica está no nosso quintal.

O presidente precisa olhar para o espelho em vez de procurar outros para culpar.

BILL HAGERTY é senador pelo Tennessee.

©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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