O avanço da agenda woke tem levado cada vez mais famílias a optar por uma retirada estratégica: desmatricular os filhos da escola e mudar-se para uma cidade conservadora, em um estado conservador. Mas um novo livro se propõe a ajudar os pais que não podem ou não pretendem seguir esse caminho. Ainda sem versão para o português, “Raising conservative kids in a woke city” (que pode ser traduzido literalmente como “Criando filhos conservadores em uma cidade woke”) mostra como os pais podem superar esse ambiente hostil na criação dos filhos.
A força do livro vem do fato de que ele foi escrito por mães com experiência concreta. As autoras Stacy Manning e Katy Faust têm três e quatro filhos respectivamente. Como cristãs conservadoras vivendo em uma das regiões mais politicamente radicais dos Estados Unidos (nos arredores de Seattle), elas sabem o que dizem. Mais do que isso, as duas são responsáveis pelo Them Before Us, uma organização que luta para que as crianças sejam colocadas em primeiro lugar nas políticas públicas.
Stacy and Katy não condenam os pais que optam pelo ensino domiciliar ou se mudam para um lugar de maioria conservadora. Mas elas tentam mostrar como, mesmo com os filhos na escola pública em uma cidade progressista, existe uma alternativa. “O objetivo é ajudar os pais que não podem ou não se sentem capazes de optar pelo homeschooling”, explica Stacy. Ela e Katy conversaram com a Gazeta do Povo sobre a obra.
As autoras deixam claro que, embora tenha funcionado até agora, o método não é infalível e nem se resume a uma fórmula. Por ora, elas comemoram o sucesso da abordagem descrita no livro, que é ilustrado por histórias com final feliz. Stacy conta, por exemplo, que sua filha de 11 anos precisou de meia hora para convencer seis colegas a abandonarem a defesa do aborto.
Sem desespero
Uma das lições cruciais da obra é que os pais devem ser os primeiros a falar com os filhos sobre assuntos espinhosos. Caso contrário, eles vão recorrer ao colega ou ao estranho na internet quando tiverem alguma dúvida a respeito. Os pais devem se antecipar e apresentar aos seus filhos a sua visão de mundo. "A criação de filhos é treinamento e, em uma cidade woke, o treinamento começa cedo”, ela escrevem.
Trancar os filhos no porão gera adultos imaturos e emocionalmente frágeis. É preciso ensiná-los a responder ao discurso progressista radical. A abordagem, entretanto, deve ser cuidadosa. Dar à criança acesso sem controle a um smartphone, nem pensar.
As autoras apresentam uma modelo de quatro passos para treinar os filhos a enfrentar o ambiente hostil. O primeiro passo é a imitação: os pais fazem, a criança observa. O objetivo é permitir que os filhos desenvolvam autonomia. É preciso estabelecer limite e disciplina desde cedo, e depois, pouco a pouco, permitir que seu filho se torne mais independente. Filtrar as informações que chegam à criança é importante, sobretudo nos anos iniciais. Mas, depois, os pais devem prepará-la gradualmente para enfrentar o mundo por si próprias.
Stacy e Katy também explicam que os pais precisam agir com a razão mais do que com o sentimento: "O que quer que você faça, mantenha a calma e não se desespere." Se cada vez que vier confidenciar algo ou pedir ajuda a criança tiver de esperar o pai fazer um longo desabafo sobre como o mundo está indo ladeira abaixo, ela vai ter receio de fazê-lo.
Também é preciso levar em conta as características de cada filho. Uma menina de coração mole precisa ser lembrada de que endossar as mentiras de uma colega de sala não é amor. Um garoto tímido pode escapar da doutrinação sem ter que rebater de imediato cada absurdo dito pelo professor. O mais importante é que eles entendam os riscos à sua volta e saiba como contorná-los.
A importância da comunidade
O livro afirma claramente que viver em uma cidade woke e mandar os filhos para a escola pública não deve ser razão para desespero, desde que os pais cumpram o seu papel e se tornem a influência mais forte na vida dos filhos. Mas as autoras também reconhecem a importância de achar a sua "panela”. As crianças precisam ver outras famílias com valores semelhantes, e conviver com outras crianças de pais conservadores. Isso vai ajudá-las a encontrar bons exemplos e a não se sentirem isoladas em meio à maioria woke.
A missão descrita por Stacy e Katy não é simples, e o sucesso não é garantido. Mas o livro afirma que, mesmo imersos em uma cultura hostil, os conservadores têm uma vantagem: a criança sabe algumas coisas de forma instintiva. Elas percebem as diferenças entre homem e mulher. E entendem que eliminar uma vida em gestação é moralmente errado. "A realidade reflete a precisão do conservadorismo", dizem as autoras.
Deixe sua opinião