• Carregando...
Os Estados Unidos têm de reforçar suas parcerias internacionais se quiser impedir o domínio da China sobre o Ocidente.
Os Estados Unidos têm de reforçar suas parcerias internacionais se quiser impedir o domínio da China sobre o Ocidente.| Foto: Pixabay

Sejamos realistas. Não existe consenso quanto ao futuro das relações entre a China e o Ocidente. No entanto, isso está mudando.

Antes, muitos olhavam para Pequim como apenas um “talão de cheques”, uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil e de comprar coisas baratas. Essa visão está se tornando minoritária rapidamente. Até mesmo pessoas que querem a volta à normalidade sabem que estamos entrando em águas turbulentas.

Se não resolvermos esse problema, a influência do governo comunista chinês ameaçará a liberdade, a prosperidade e a segurança da comunidade internacional. Somente juntos os Estados Unidos, Canadá e os parceiros europeus poderão garantir um futuro estável que permita que as nações livres prosperem.

Também não faz sentido pensar que o mundo voltará a se agrupar em polos como na Guerra Fria. Vivemos num mundo interconectado, um mundo de nações independentes que fazem negócios o tempo todo, onde a “liberdade dos comuns”, incluindo a de cruzar os mares e os céus, é um direito.

Isso significa que o futuro será confuso. Não podemos simplesmente excluir a China.

Para enfrentar isso, as nações livres da comunidade internacional não podem declarar neutralidade nos assuntos mundiais e no papel da China. Afinal, acreditamos na soberania popular, nos direitos humanos e na livre iniciativa. O Partido Comunista da China não. Se não nos unirmos e defendermos esses bens, perderemos o mundo que amamos.

Cada vez mais, os líderes da Europa e dos Estados Unidos reconhecem que fazer negócios com a China é arriscado. Então o que vamos fazer?

Em parte, a questão da China ganhou os holofotes por causa do reprovável comportamento do Partido Comunista diante do surto de Covid-19 em Wuhan. O governo chinês permitiu que os cidadãos saíssem do país mesmo sabendo do potencial de contágio do vírus.

Além disso, a China demorou para notificar a doença de acordo com as regulamentações internacionais de saúde e não forneceu amostras de coronavírus para outros países a fim de que eles pesquisassem vacinas. O comportamento do regime não é anormal. A China tem um longo histórico de mau comportamento.

A pandemia mundial demonstrou as consequências catastróficas de deixar Pequim agir livremente. Assim como precisamos de uma vacina contra a Covid-19, precisamos de uma medida profilática contra o beligerante Partido Comunista da China. Chegaremos lá.

A OTAN é fundamental

A aliança precisa levar a ameaça chinesa a sério. As ações e o poder da China podem prejudicar a capacidade da OTAN de exercer a autodefesa.

Das telecomunicações aos sistemas industriais, do espaço sideral a pontes, ferrovias e portos, a China já marcou presença em tudo o que diz respeito à comunidade internacional. A OTAN precisará de toda essa infraestrutura para impedir um conflito e se defender.

Por isso, se a China controlar o botão de “desligar” ou levar a cabo atividades mal-intencioadas, a capacidade de autodefesa da OTAN estará gravemente comprometida. A OTAN precisa estar disposta a impedir que a China consiga interferir na defesa das áreas de responsabilidade da aliança.

As nações que fazem parte da OTAN têm de continuar demonstrando a capacidade de se defender de ameaças externas.

Os Estados Unidos são uma potência mundial com interesses e responsabilidades igualmente mundiais. Além de participar na proteção da comunidade internacional, os Estados Unidos têm de enfrentar a China no Indo-Pacífico e promover a estabilidade do Oriente Médio. Para tanto, a OTAN tem que fazer sua parte — sobretudo lidando com as grandes ameaças externas à segurança europeia.

A maior prioridade da OTAN deve ser enfrentar as atividades russas de desestabilização. A segunda maior ameaça é que os problemas do Oriente Médio se espalhem a ponto de desestabilizar a Europa. Para enfrentar essas possibilidades reais, a OTAN precisa ter capacidade e analisar e se aproximar do Oriente Médio.

Em resumo, uma OTAN forte permite que os Estados Unidos se atenham mais à reação aos problemas impostos pela China.

O papel da União Europeia

Para resolver a ameaça chinesa na Europa, a União Europeia é outra parceira indispensável dos Estados Unidos.

Os líderes europeus já viram como a China usou suas relações com os países europeus individualmente para dividir e conquistar, jogar um país contra o outro e minar a solidariedade europeia em nome de seus próprios interesses.

Além disso, a União Europeia controla muitas das competências exigidas na contenção do comportamento predatório chinês, sobretudo no comércio e no mercado financeiro.

Outra área na qual a cooperação entre Estados Unidos e União Europeia é fundamental é na África. Algumas nações africanas enfrentam problemas que vão desde os direitos humanos à falta de liberdade econômica, passando pelo terrorismo e problemas de saúde pública e ambientais. Esses problemas são agravados por governos ruins e pela falta de segurança pública.

As incursões chinesas na África servem apenas para exacerbar esses problemas. Os chineses estimularam a corrupção, empregaram práticas bancárias predatórias e disseminaram informações falsas. A União Europeia pode ajudar a lidar com muitos desses desafios.

Organizações internacionais

Os esforços dos Estados Unidos e da União Europeia para dar mais transparência e responsabilidade às organizações internacionais também são importantes.

Durante anos, o Partido Comunista da China tenta agressivamente incluir funcionários e líderes nas organizações internacionais ligadas ao regime de Pequim. A Organização Mundial da Saúde é só a ponta do iceberg. Os Estados Unidos precisam de parceiros para enfrentar essa ameaça.

A recuperação econômica

Os Estados Unidos e a Europa não conseguirão enfrentar a China se a economia não for sólida e resiliente. A recuperação econômica da comunidade internacional está interligada.

Precisamos de um programa conjunto de recuperação econômica. Esse programa não consistiria numa ajuda estrangeira tradicional. Ele se apoiaria no investimento e na parceria com o setor privado.

Os Estados Unidos e a Europa precisam um do outro mais do que nunca. Já é hora de os líderes dos dois lados do Atlântico investirem no reforço desta que é a parceria mais importante do mundo.

*James Jay Carafano é especialista em segurança nacional e política externa, além de vice-presidente para estudos de defesa e política externa da Heritage Foundation.

© 2020 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]