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Energia escura

Einstein estava errado? Novo estudo pode mudar entendimento sobre o universo

O Instrumento Espectroscópico da Energia Escura (DESI, na sigla em inglês) mapeia objetos distantes para estudar energia escura.
O Instrumento Espectroscópico da Energia Escura (DESI, na sigla em inglês) mapeia objetos distantes para estudar energia escura. (Foto: KPNO/NOIRLab/NSF/AURA/B. Tafreshi)

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O universo teve origem em um evento conhecido como Big Bang, uma rápida expansão do espaço-tempo a partir de um estado extremamente denso e quente. Desde então, ele continua a se expandir, e as galáxias se afastam umas das outras. Estudos realizados a partir de 1998 indicam que essa expansão não é uniforme, mas está acelerando devido à influência da energia escura.

Agora, novos dados coletados por cientistas desafiam a hipótese amplamente aceita na cosmologia baseada na teoria da relatividade de Albert Einstein, noticiou a revista científica Nature.

De acordo com essa teoria, a energia escura seria a principal responsável pela aceleração da expansão do universo. O modelo mais aceito atualmente sugere que a energia escura se comporta como uma constante cosmológica, sem variações ao longo do tempo. No entanto, medições recentes do Instrumento Espectroscópico da Energia Escura (DESI, na sigla em inglês), localizado no Observatório de Kitt Peak, nos EUA, sugerem que a influência da energia escura pode ter diminuído cerca de 10% nos últimos 4,5 bilhões de anos.

Se confirmadas, essas descobertas podem representar um dos avanços mais significativos da cosmologia moderna. Isso indicaria que a energia escura é ainda mais misteriosa do que se pensava, desafiando nosso entendimento atual sobre a evolução do universo.

Os cientistas agora buscam confirmar se essa possível variação na energia escura é real e, em caso afirmativo, compreender suas causas. Isso poderia levar ao desenvolvimento de uma nova teoria cosmológica.

Momento dramático

Alguns dos pesquisadores mais renomados envolvidos no estudo, como o professor Ofer Lahav, da Universidade de Londres, descreveram essa possibilidade como um "momento dramático" para a ciência, com potencial para reformular o que sabemos sobre tempo e espaço.

"Podemos estar testemunhando uma mudança de paradigma em nossa compreensão do universo", declarou Lahav à BBC News.

Mas o que poderia causar essa variação na energia escura?

“Ninguém sabe!”, ele alegremente admitiu.

A astrônoma Catherine Heymans, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, afirmou que uma grande descoberta científica pode estar prestes a acontecer.

“A energia escura parece ser ainda mais estranha do que pensávamos”, disse Heymans, que dedica sua pesquisa ao estudo de galáxias distantes para entender o que impulsiona a expansão do universo.

Mapeamento cósmico em 3D

O telescópio DESI, localizado no Observatório de Kitt Peak, no Arizona, usa 5 mil braços robóticos para posicionar fibras ópticas e captar a luz de galáxias e quasares distantes. Esses dados são analisados por espectrógrafos sensíveis, que medem o deslocamento para o vermelho (redshift) da luz desses objetos. O redshift indica a velocidade com que um objeto está se afastando da Terra, permitindo inferir sua distância e a taxa de expansão do universo.

Quanto maior o redshift, maior a distância da galáxia e mais tempo sua luz levou para chegar até nós, permitindo observar o universo em diferentes estágios da sua evolução. Ao mapear a distribuição dessas galáxias em um espaço tridimensional, os pesquisadores analisam padrões conhecidos como Oscilações Acústicas de Bárions (BAOs). Esses padrões surgiram no universo primordial devido a oscilações no plasma quente antes da liberação da radiação cósmica de fundo.

Ao estudar a evolução do tamanho das BAOs ao longo do tempo, os cientistas conseguem reconstruir a história da expansão cósmica. O DESI planeja mapear cerca de 50 milhões de galáxias e outros objetos brilhantes nos próximos dois anos, refinando nossas medições da energia escura e, possivelmente, revolucionando nossa compreensão do cosmos.

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Esta reportagem compilou dados do estudo utilizando a ferramenta Google NotebookLM.

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