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COP28, John Kerry
John Kerry, envieado especial do clima pelos Estados Unidos, na COP28, em Dubai, dezembro de 2023. É a engenhosidade humana, não a burocracia global, que vai promover a prosperidade e segurança ambientais, argumenta senadora americana Cynthia Lummis.| Foto: EFE/EPA/ALI HAIDER

No mês passado, em Davos, o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) realizou sua 54ª reunião anual, onde líderes mundiais sugeriram que os países deveriam fazer concessões significativas para lidar com as mudanças climáticas. Ideias incluíam fazer com que nações mais ricas pagassem por assim chamadas ações climáticas em nações mais pobres e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis globalmente. Não são os países que se sacrificam, no entanto, mas sim pessoas reais que perdem oportunidades para saneamento, segurança alimentar, transporte e eletricidade estável necessária para água limpa, aquecimento doméstico e muitas indústrias.

Muito do discurso sobre mudança climática da reunião ecoou opiniões expressas na mais recente conferência sobre mudança climática das Nações Unidas (COP28) em Dubai, em dezembro passado. Entre os principais pontos de discussão em Dubai e Davos estava que o mundo precisa fazer a transição para se afastar dos combustíveis fósseis. Como é o caso com muitas políticas climáticas extremas, houve pouco ou nenhum reconhecimento do dano e dos resultados imprevisíveis dessas iniciativas.

Por décadas, extremistas climáticos tentaram assustar o público para fazer grandes sacrifícios imediatos para tratar do que percebem como uma crise. Eles ignoram deliberadamente as consequências significativas e irreversíveis de fazer tais sacrifícios, e também ignoram a realidade de que um amanhã melhor resulta de maior engenhosidade humana e abundância hoje.

Vamos supor que governos ao redor do mundo de fato mandassem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, sugestão que contou com a pressão dos participantes da COP28 e do WEF 2024, e apoio do Enviado Especial para o Clima dos EUA, John Kerry. Isso significaria que abriríamos mão de recursos essenciais (carvão, gás natural e petróleo) que atualmente atendem a mais de 80% das necessidades energéticas do mundo, mesmo que faltem alternativas razoáveis e prontas.

Dentro e fora do país, as pessoas enfrentariam preços muito mais altos para comprar até mesmo bens e serviços básicos, como alimentos, moradia e atendimentos médicos. Isso também eliminaria eletricidade estável e acessível.

Infelizmente, o atual governo dos EUA defendeu promessas fora da realidade e suas últimas propostas regulatórias limitarão a capacidade dos americanos de comprar veículos movidos a gasolina, ajudarão a eliminar usinas de energia a carvão e gás natural, e limitarão severamente o uso de aparelhos como fogões a gás, que são alimentados por gás natural limpo e barato. Tudo isso em um momento em que os americanos já estão gastando mais do que nunca para acompanhar os crescentes custos de energia.

Para o governo Biden, aparentemente não importa que essas regras teriam um impacto desproporcional sobre os pobres, aumentariam os preços dos bens de consumo e comprometeriam a rede elétrica. Nem parece importar que essas políticas erodiriam as liberdades básicas dos americanos. Vale tudo para lidar com as mudanças climáticas, não importa o custo para o povo americano.

O que todo esse sofrimento nos traz? Praticamente nada. De acordo com a Heritage Foundation, que se baseou em um clone de um modelo amplamente utilizado de Administração de Informação de Energia, mesmo se todos os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) eliminassem todas as suas emissões de gases de efeito estufa, “o aumento médio da temperatura mundial seria mitigado por não mais do que 0,5 graus Celsius em 2100.” Tradução: essas propostas de impacto permanente que matam a economia ofereceriam um nível praticamente indetectável de melhoria — e isso apenas se alcançarmos o cenário extremamente irreal de zero emissão.

Em vez de focar em medidas irreais e extremas, deveríamos capacitar as nações a implantar práticas energéticas que abrangem tudo, criando os recursos e a engenhosidade necessários para enfrentar quaisquer desafios resultantes de mudanças no clima.

É hora de encerrar o ataque desta administração à energia doméstica. O Congresso deveria adotar legislação como o projeto POWER [sigla em inglês para Proteção das Nossas Riquezas e Recursos de Energia], que proibiria qualquer governo de bloquear o arrendamento e licenciamento de energia ou minerais em terras e águas federais sem aprovação prévia do Congresso. Depósitos de minerais raros, necessários para produzir baterias capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, estão sendo descobertos em quantidades suficientes para acabar com nossa dependência da China. No entanto, as restrições de licenciamento do governo Biden impedem os Estados Unidos de atender às suas próprias necessidades. O projeto POWER nos dá a melhor chance, exceto a troca de governo, de limitar mais danos à nossa produção de energia doméstica enquanto coloca os Estados Unidos de volta no papel de líder mundial em energia.

Da próxima vez que os líderes mundiais se reunirem e fizerem promessas sobre o futuro, os americanos deveriam começar e terminar com um foco na liberdade. É a liberdade, junto a uma fé fundamental na engenhosidade humana, que tem sido a receita para inúmeros avanços e soluções para o que parecia ser uma crise. Ou nos posicionamos para resolver problemas à medida que surgem, ou nós, e as gerações futuras, suportaremos o peso total deles.

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Cynthia Lummis é senadora republicana dos EUA pelo estado de Wyoming. Kent Lassman é o presidente e CEO do Competitive Enterprise Institute.

©2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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