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O então candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, durante entrevista à EBC.
O então candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, durante entrevista à EBC.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O PSOL, cujo espaço na imprensa é inversamente proporcional ao número de votos, se tornou um dos principais defensores da criminalização das chamadas “fake news.” O partido apoia o projeto 2630/2020, que reduz a liberdade de expressão na internet com o pretexto de combater a propagação de informações falsas. A sigla também elogiou, sempre que teve oportunidade, as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes contra políticos e blogueiros que espalhassem informações consideradas inverídicas. Na verdade, se dependesse do PSOL, a censura iria muito mais longe. Parlamentares da sigla pediram, por exemplo, que Moraes banisse todas as redes sociais do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mas a verdade é que, se as regras anti-fake news forem aplicadas imparcialmente, figuras importantes do PSOL podem ter problemas.

A Gazeta do Povo preparou uma lista com dez exemplos de como o PSOL propaga informações falsas com frequência. Pelo conjunto da obra, o partido não parece muito preocupado com a veracidade dos fatos.

1) Vacina cubana em tempo recorde

Em março de 2020, quando o Brasil ainda não tinha acumulado 200 mortes por Covid, o agora deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) espantou o mundo ao anunciar que Cuba já estava produzindo a vacina contra o coronavírus. Ele ainda ironizou os críticos da ditadura cubana: "De tanto gritarem 'vai para Cuba' acabarão indo todos", escreveu. Obviamente, a informação era falsa. Só no fim de 2020 é que as primeiras vacinas contra o vírus passaram a ser aplicadas. Nenhuma delas era cubana.

2) Aborto mata quatro mulheres por dia

Quando disputou a Presidência em 2018 (resultado: 0,58% dos votos), Guilherme Boulos afirmou ao programa Roda Viva que “morrem quatro mulheres por dia no Brasil em decorrência de abortos malfeitos.” Os dados são falsos. O Datasus, mantido pelo ministério da Saúde, registrou em 722 mortes "durante a gravidez, parto ou aborto" em 2021. Ou seja: mesmo quando se considera todas as mortes de gestantes no país, não apenas as que realizaram aborto, o número fica em torno de dois óbitos por dia. Em 2018, ano da declaração de Boulos, o número foi ainda menor: 517.

3) Picanha a preço de carne moída

Em março deste ano, Boulos recebeu uma imagem que mostraria um milagre operado por Luiz Inácio Lula da Silva: a queda abrupta no preço da picanha. A fotografia, tirada dentro de um mercado, mostrava um cartaz anunciando a carne por R$ 36,90 o quilo. Boulos comemorou: “A picanha do governo Lula custa o preço da carne moída do governo Bolsonaro.” Problema: a imagem era de picanha fatiada, que inclui coxão duro e por isso é mais barata. Naquele mesmo mês, o preço médio da picanha no Brasil era praticamente o dobro do anunciado por Boulos.

4) Coreia do Norte quer a paz mundial

Certamente satisfeito com a segurança e a educação na cidade do Rio de Janeiro, o vereador Leonel Brizola resolveu apresentar em 2019 uma Moção de Louvor e Reconhecimento ao regime mais totalitário do planeta: a Coreia do Norte. A proposta — que foi aprovada — celebra o caráter pacífico de Kim Jong-un, que trucida dissidentes e volta e meia usa mísseis balísticos para intimidar a Coreia do Sul e o Japão. Brizola homenageou o ditador “por todo esforço de seu povo e de seu Máximo Dirigente, Excelentíssimo Senhor Kim Jong-un, na luta pela reunificação da Coreia e a necessária busca da paz mundial.”

5) NOVO e PSDB contra recursos para a educação

Em 2020, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o NOVO e o PSDB orientaram suas bancadas a votarem contra a atualização do Fundeb, o Fundo da Educação Básica. Mas a informação é falsa: o NOVO apoiou o texto principal, e se opôs apenas a um dos destaques da proposta. Já o PSDB liberou sua bancada para votar como quisesse. A proposta em votação elevou a previsão de gastos da União com a educação.

6) Expectativa de vida de 27 anos para transexuais

Em discurso na Câmara dos Deputados em 2019, a deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) afirmou que “a expectativa de vida de uma pessoa transexual ou travesti no nosso País é de 27 anos”. Ela associou o problema à violência contra essa população. Acontece que o número não tem qualquer fundamento. Nem mesmo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), conhecida por inflar estatísticas, foi tão longe. Segundo a entidade, a expectativa de vida desses grupos é de 35 anos. Mas também não há estudos que comprovem a estimativa. É puro chute. Pelas simples normas da matemática, uma expectativa de vida tão baixa seria impossível. Um estudo da UNESP apontou que 0,7% dos brasileiros se identificam como transgênero. Isso equivale a aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. Para que a longevidade desse grupo fosse de 27 anos, seria preciso que dezenas de milhares de transexuais fossem assassinados todos os anos. Mas, segundo os dados (já inflados) da Antra, houve 131 homicídios do tipo em 2022.

7) Embaixadores se recusam a aplaudir Bolsonaro

Guilherme Boulos usou o Twitter para debochar do então presidente Jair Bolsonaro, que teria sido recebido com um frio silêncio depois de uma fala a embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto em julho do ano passado. O psolista divulgou o vídeo que provaria a falta de aplausos e provocou: “Vexame internacional! Embaixadores deixam Bolsonaro no vácuo após discurso mentiroso sobre as urnas eletrônicas".  Mas Boulos foi desmentido pouco tempo depois: o vídeo original mostra que o presidente foi, sim, aplaudido, como define o protocolo de comportamento da diplomacia. Desta vez, o próprio Boulos acabou apagando a postagem.

8) Genocídio no Brasil

Guilherme Boulos também faltou com a verdade ao comparar o impeachment de Dilma Rousseff com a gestão da pandemia por Jair Bolsonaro. “A cada dia que passa, o Brasil vai entrando pra história como o único país do mundo em que pedalada fiscal foi considerado crime e genocídio escancarado não”, ele escreveu, em junho de 2021. A definição de genocídio surgiu após o extermínio sistemático da população armênia pelo Império Otomano, e depois se consolidou após o Holocausto. A definição adotada pela Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio abarca qualquer ação "cometida com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso." Mesmo que a gestão de Bolsonaro tenha cometido erros graves durante a pandemia, isso não configura a intenção de destruir a população brasileira.

9) Israel promove um holocausto na Palestina

Em 2021, na tribuna da Câmara, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que Israel vem cometendo um “Holocausto” contra o povo palestino. Embora as disputas por território causem mortes ocasionais (dos dois lados), Israel não mantêm campos de concentração, tampouco assassina civis de forma deliberada. Mesmo com uma escalada de violência, as forças israelenses mataram 146 palestinos em 2022, de acordo com organizações da própria Palestina — número que inclui sobretudo membros de organizações terroristas como o Hamas. A polícia do Estado do Rio matou 1.327 no mesmo período. Além de falsa, a afirmação de Ivan Valente é profundamente ofensiva aos israelenses. Seis milhões de judeus foram mortos pelos nazistas durante o Holocausto.

10) Mercado financeiro no Controle do Banco Central

Guilherme Boulos também propagou uma informação falsa para atacar a proposta de autonomia ao Banco Central. Boulos não se constrangeu em dizer que o mercado financeiro é quem faria a indicação:“ Vc sabe o que significa a tal ‘autonomia’ do BC? Significa que diretores indicados pelo mercado financeiro vão decidir o destino da economia”, escreveu ele, em fevereiro de 2021. A postagem continua no ar. A indicação fica a cargo do presidente da República.

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